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POV Sheilla

Ela ficou encarando o aparelho na sua mão, sem realmente prestar atenção. Adrian e Thaisa. E Thaisa era bi. Porque ela não me contou? Não que elas fossem melhores amigas, mas ainda assim. E mais uma vez era como se Sheilla não estivesse particularmente próxima dos detalhes que rondavam a sua vida.

Ela encarou cegamente o celular por mais um minuto antes de colocá-lo na mesa de centro. Se levantou, uma vez que já havia feito o que queria, e fez seu caminho de volta para o quarto.

Não está alinhado, Sheilla pensou olhando para o desenho enquanto subia em sua cama. - De repente é mais apropriado. - Ela disse pra ninguém e nada em particular. Suspirou e estendeu a mão para o livro que estava em sua cabeceira.

O cartão caiu sobre o edredom de algum lugar no meio das páginas, e Sheilla olhou para forma branca e retangular que descansava contra o azul marinho do edredom. O nome de Gabriela Guimarães olhou para ela em preto, letras em negrito. Sob o nome: um endereço de e-mail.

Ela hesitou brevemente, colocando o livro de volta na mesa de cabeceira. Pegou o cartão de visita e o segurou na sua frente. Não sabia o porque de ter guardado o cartão, mas ela sabia que tinha algo a ver com o fato de que o nome da artista estava em um dos lados.

Minutos se passaram enquanto Sheilla contemplava a noção ridícula de mandar um e-mail para um completo desconhecido. Porque não deveria? Certamente um artista gostaria de ser elogiado pelo seu trabalho. Ela olhou para o computador em sua mesa e de volta para o cartão. O que ela diria?

Momentos depois, impulsionada por meios não identificados, ela se sentou e sua mesa e clicou em qualquer tecla, fazendo com que a tela do computador se acendesse. A imagem de um pôr do sol apareceu e ela moveu o cursor até o seu navegador. Ela não poderia mandar um e-mail sendo ela mesmo, poderia? Não, ela decidiu e fez uma nova conta de e-mail. Ela fez com o nome de Shei Tavares, optando por seu apelido e seu outro sobrenome.

Com a conta de e-mail criada, ela começou a compor um e-mail para a artista, escreveu ‘sua arte’ no assunto e se sentou. Depois de um minuto ela começou a escrever:

Senhorita Guimarães,

Eu não tenho certeza se você está acostumada a receber e-mails de estranhos ou não, mas eu não consegui me conter e tive que lhe escrever para contar o quanto eu amei o desenho que eu comprei de você na semana passada. Eu não sou uma crítica de arte, e não vou fingir que sei sobre o que estou falando.

De qualquer jeito, eu vi o seu desenho de carvão e eu fiquei sem palavras. E se levarmos em consideração o fato de que poucas coisas na vida me deixam sem palavras, eu precisava fazer com que você soubesse.

Eu não moro em Nova Iorque, mas costumo ir para ai e me perguntei: Você tem o seu trabalho exposto em alguma galeria, ou coisa assim? Ou eu deveria me arriscar no Central Park de novo?

Obrigado pelo seu tempo.

Atenciosamente, Shei Tavares.

Sheilla leu suas palavras repetidas vezes e se sentiu completamente tola.

Ela parou o cursor sobre o botão ‘Enviar’, enquanto sua mente tentava criar dezenas de razões para dizer que era uma má ideia, ela tinha certeza que se arrependeria em vinte minutos, tinha certeza que isso a assombraria nas primeiras horas da manhã. Ela se jogou na cama e se perguntou outra vez o porque dela querer enviar aquilo.

Derrotada, ela levantou e clicou no botão.

POV Gabriela

Gabriela tinha sete anos quando seu pai foi embora. Ela estava sentada nos degraus da frente de sua pequena casa, no Queens, observando dois irmãos do outro lado da rua brincando de bola. Lembrava que Juan, o mais jovem dos dois, empurrou seu irmão em uma poça de água que sobrou de uma longa semana de chuvas. Eles estavam brigando e se socando, até que a mãe deles veio correndo de dentro de casa acenando com um cinto de couro na mão. Os meninos, em seguida, correram em direções opostas, rindo enquanto corriam.

The Blind Side Of Love - Sheibi (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora