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POV Sheilla

Depois que Thaisa foi embora e os sons da companhia e das conversas se transformarem em silêncio, Sheilla se sentou em uma espreguiçadeira do lado de fora e encarou o céu. Sobre ela, a lua brilhava forte, e de vez em quando, sua luz se perdia por trás de umas poucas nuvens.

Ela havia perdido outro pôr do sol.

A realização disto a aborreceu mais do que ela estava acostumada, e ela fechou os olhos na esperança de visualizar sua avó. Apesar de só fazer quatro anos, a imagem de sua avó que Sheilla guardava na memória estava começando a ficar embaçada. O olhos de sua avó, tão parecidos com os dela, estavam ficando cada vez mais difíceis de imaginar. A voz, a risada, os sons em geral, já tinham ido embora.

Sheilla abriu os olhos e se esforçou para pensar em outra coisa. Ela pensou sobre o encontro que teria com a diretora do filme, cujo roteiro ela amava e temia tanto. Outros roteiros admiráveis viriam, não viriam?
Porque aceitar logo este?

Porque não aceitar este?

A única mulher que Sheilla beijaria seria em frente as câmeras, de qualquer maneira. Quem mais ela encontraria em sua casa? Por quem ela se arriscaria para namorar no mundo de Hollywood? Em quem ela poderia confiar?

Seus pensamentos voaram até Gabriela, e o coração de Sheilla acelerou quando ela percebeu que não tinha checado o seu e-mail há dias. Sua agenda de filmagens estava atolada, e de repente, o pensamento que deveria ter um e-mail não lido em sua caixa de mensagem a deixou ansiosa.

No andar de cima, o notebook se ligou com um toque na tecla, e Sheilla se sentou em sua mesa enquanto esperava o e-mail carregar. Ao ver o nome de Gabriela, Sheilla sorriu, clicou duas vezes no nome o mais rápido que a tecnologia avançada permitiu.

Ela releu as palavras de Gabriela várias vezes, e se sentiu fascinada e culpada. No final do e-mail, ela parou nas palavras, ‘Você nunca vai saber até tentar,’ antes de continuar lendo.

Quando ela terminou de ler ela se recostou na cadeira e ficou paralisada. Mesmo que ela estivesse aberta para tentar, com quem ela tentaria? Sarah estava fora de questão, e só sobrava Thaisa, e Sheilla tinha quase certeza que ela também estava fora de questão.

Se endireitando na cadeira, ela clicou no ‘responder’ e começou a teclar.

Querida Gabriela

Mais uma vez eu me desculpo pela demora em responder. Dessa vez a culpa é do meu trabalho e da loucura que é o meu horário. As coisas vão se acalmar em breve, então você pode esperar mais e-mails meus. Assumindo, é claro, que você não vai se cansar de mim enquanto isso, o que seria compreensível, e até esperado.

Hmm. Normalmente eu não sou tão auto-depreciativa. Me desculpe.

E eu normalmente também não me desculpo tanto. Na verdade, talvez eu não seja eu mesma. Talvez eu fui trocada por um robô. Um robô auto-depreciativo e que se desculpa toda hora.

Esquece. Eu vou começar tudo de novo: Querida Gabriela,

Eu não peço desculpas por demorar tanto a responder, não que eu pense que você estava pelos cantos só esperando a minha resposta.

Normalmente eu não sou tão arrogante.

[Bem, vamos fingir que eu escrevi uma introdução normal para esse e-mail e vamos pular para os tópicos relevantes nessa conversa…]

Eu não sei se eu me considero romântica, apesar de uma amiga ter me chamado disso hoje. E eu nunca acreditei em amor a primeira vista ou nada do tipo. Nesses dias, honestamente, eu estou tentada a acreditar que vou ficar solteira pelo resto da vida. Ao contrário de você, eu não espero muita coisa de um encontro às cegas.

The Blind Side Of Love - Sheibi (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora