POV Gabriela
O retorno a Nova Iorque veio mais rápido do que Gabriela esperava. Quarta-feira foi como um trecho do que a vida poderia ser: acordar juntas, tomar banho juntas, o café da manhã à beira da piscina, caminhar pela praia, fazer amor em cada oportunidade. Gabriela queria aquela vida. No mínimo, ela queria mais dias de tempo com Sheilla ininterruptos. Mas quinta-feira chegou, e havia reuniões que Sheilla tinha que ir, telefonemas que ela tinha de responder e o dia escorregou rapidamente até que elas estavam em um avião, indo para o leste.
Muita coisa aconteceu em quatro dias e Gabriela ainda estava processando os eventos da semana.
Sheilla tinha se assumido para sua família, o que só fez Gabriela pensar em fazer o mesmo com a sua. O pensamento a enchia de pavor. Era impossível ser corajosa quando você já sabia o resultado. Parecia uma bomba-relógio. Tic-tac, tic-tac. Boom. Lá se foi a sua família; perdida em um borrão de lágrimas, raiva e citações da Bíblia. Ela poderia viver uma mentira e mantê-los felizes, ou ela poderia dizer a verdade e perder seu amor. Havia uma resposta certa? Ou será que tudo isso se resume a escolher a opção de que ela pudesse viver.
Ela iria dizer a eles. Algum dia. Eventualmente. Talvez. Não, de imediato. Ela iria escrever-lhes uma carta. Ela iria chamá-los ao telefone. Ela iria pessoalmente. Não importava. Ela já podia ver o rosto de sua mãe, acometido de vergonha, dor e decepção.
Afastou-se da janela do avião e olhou para Sheilla. Sheilla ergueu os olhos do livro e algo em seus olhos atravessaram a alma de Gabriela. Ela sentiu-se indigna, sentada ao lado de Sheilla. Se sentiu envergonhada de sua própria covardia. Sheilla cresceu suportando o peso da morte de sua mãe, a culpa de seu pai e a saúde desaparecendo de sua avó, o tempo todo de frente para a pressão de uma carreira no centro das atenções. Agora ela tinha medo de perder sua carreira e tudo o que ela trabalhou. E ainda assim ela tinha saído para a sua família, respondendo a crueldade com equilíbrio e até mesmo gargalhadas.
- Como você faz isso? - Ela perguntou.
Sheilla fechou o livro.
- Faço o quê? -
- Como você é tão corajosa? -
- Corajosa? Eu? - Sheilla começou a rir, mas viu que Gabriela estava séria. - Eu não sou corajosa, eu sou apenas impulsiva. Como você jogando vinho no rosto de Janet. -
- Espere, você jogou vinho na cara de alguém? - Lorenne, apareceu de repente ao alcance da voz. Ela se sentou na cadeira em frente a Gabriela.
- Quem jogou vinho na cara de alguém? - Perguntou Thaisa, tomando o assento ao lado de Lorenne.
- Gabriela. -
- No rosto de quem? -
- Quem é Janet? - perguntou Lorenne.
- Gabriela jogou vinho no rosto de Janet? - Adrian apareceu.
- Alguém vai me dizer quem é Janet? -
- A madrasta de Sheilla. - respondeu Thaisa.
- Puta que pariu. Sério? -
- Por que eu não estava lá para ver isso? - perguntou Adrian. - Você é agora, oficialmente, a minha heroína. - Ele se curvou diante de Gabriela.
- Espere, conte-nos tudo. - disse Thaisa. - Comece pelo começo. -
- O que está acontecendo aqui? - perguntou Leo.
- Gabriela jogou vinho na cara da madrasta de Sheilla. - disse Lorenne.
- Gabriela fez isso? -
- Deixe-a contar a história. -
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The Blind Side Of Love - Sheibi (Adaptação)
FanfictionO lado cego do amor é a história de Sheilla, uma atriz famosa que, diante do público, não tem medo de nada, mas quando as luzes se apagam tudo muda e seu lado mais melancólico e desajeitado floresce. Gabriela uma jovem artista que aspira ser uma gra...