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POV Gabriela

O café parecia ainda menor do que Gabriela lembrava, embora tudo parecia menor depois do apartamento de Sheilla. Ela não conseguia se lembrar da última vez em que esteve aqui, não podia acreditar que Sheilla quis vir. O espaço estava quase escuro, iluminado por pequenas velas em cada mesa, a maioria das quais estavam vazias. Um foco de luz lançava um brilho alaranjado sobre o palco, onde uma mulher estava de pé, lendo a partir de um pequeno caderno espiral.

- O… - disse a mulher e tocou um pequeno sino - hímen… rompeu… -

Gabriela podia ouvir risadinhas de Sheilla atrás dela enquanto se moviam em direção a uma mesa disponível.

- Eu disse que era ruim. - ela sussurrou, quando chegaram ao seu destino.

- … Areia … nos dedos dos pés com membranas de úteros proverbiais… - Ding.

- Acho que este é oficialmente o meu lugar favorito. - disse Sheilla.

Uma mulher apareceu do nada e colocou duas xícaras de café à sua frente, em seguida, foi embora sem dizer uma palavra.

- Eles simplesmente trazem. - explicou Gabriela. - É muito bom no entanto. Experimente. -

Sheilla pegou o açúcar e derramou pacote após pacote.

- Diabetes não te preocupa nem um pouco? - Perguntou Gabriela, observando a cena com uma mistura de horror e fascínio.

- Pergunte-me novamente em vinte anos. - Sheilla tomou um gole de café e pareceu surpresa. - Isso é muito bom. Sem leite até. -

Gabriela sorriu, satisfeita e um pouco aliviada que ela e Sheilla estavam na mesma página; pelo menos no quesito café e poesia ruim.

- BALANCE a pelvis… - Ding. - Balance … a pel pel pel… vi… s… -

- Wow. Apenas wow. -

- Isso resume tudo. - Mas ela não ouvia a poesia. Ela estava muito ocupada assistindo a Sheilla enquanto tentava não parecer óbvia sobre isso. Gabriela se perguntou se ela teria a chance de dizer o que ela estava querendo dizer o dia todo. Ela deveria ter dito ainda no apartamento. Elas tinham champanhe, uma vista deslumbrante… teria sido o momento perfeito.

- … SALMÃO… -

Este, por outro lado, não era o momento perfeito e ela estava quase certa de que haveria mais nada a fazer, a não ser se separarem depois disso.

- Você tem que estar de pé ao romper da aurora novamente amanhã? -

- Eu posso dormir um pouco. Por quê? -

- Só para saber. - Pode esperar, Gabriela pensou. Não tem que ser esta noite. Em um mês ou dois Sheilla estaria indo para a Europa e nada disso teria importância. - Você gostaria de ver o meu apartamento depois disto? - Perguntou ela, sem pensar.

Sheilla se virou para olhar para ela e a surpresa estava claramente escrita em seu rosto.

- Eu adoraria. -

- Ótimo. - disse Gabriela e sentiu seu estômago vibrar em antecipação. Ainda havia tempo.
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Gabriela tentou não se sentir auto-consciente sobre o estado de seu prédio, tentou não olhar muito de perto cada imperfeição gritante. Já temia que Sheilla lamentasse sua decisão de vir.

- Eu sinto muito o elevador está quebrado. - disse ela quando chegaram em outro lance de escadas.

- Eu não me importo. -

Era a coisa mais educada para dizer, Gabriela sabia, e ela não podia dizer se Sheilla quis dizer isso ou não. Ela deveria ter dito a Sheilla para ir para casa. Tudo isso era egoísta e estúpido, e certamente acabaria em constrangimento e humilhação, sua cota para o dia já havia sido alcançada.

The Blind Side Of Love - Sheibi (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora