capítulo 27

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Henrique narrando...

Sabe, quando apesar de toda dor que se possa sentir, temos ao lado uma mulher como a Priscila para cuidar de nós? Pois é, tudo parece mais fácil de lidar. Ouvi-la me fez pensar justo nos momentos bons que já passei ao lado da minha mãe, e até nas horas dos ralhetes. A Priscila me deixou um tempo no quarto, tempo suficiente para pensar no tempo em que os meus pais trabalhavam no rancho ao lado da minha casa anterior, em Houston. Os senhores de lá eram muito bons, e eu aproveitava os momentos que não tinha trabalhos da escola e ia lá escondido ver a filha dos patrões. A minha mãe descobriu certa vez, e acreditem ou não, quando chegamos em casa foram chinelos voando para lá e para cá, puxões de orelha e duas semanas sem lanche para levar à escola. Pensando nisso deixo escapar um sorriso. Depois me lembro do momento em que fui buscá-los ao aeroporto. Quando a fiz girar no alto e ela gargalhava ao mesmo tempo que me pedia para a pôr no chão. Apesar de qualquer coisa, aquele sorriso estava sempre ali. Até o fim.

Sinto mãos tocarem o meu ombro e me viro. Vejo a minha irmã. Me levanto e a abraço com toda a força que tenho e me permito chorar mais uma vez. Nisso, ouço outra voz vindo da porta. Nos viramos, e era o meu pai e a minha avó Micaela.

Henrique: ah, pai! - vou até ele e nos abraçamos. - eu não estou a ver como sair dessa situação. Estou inconformado, pai. - falo desolado.

Josh: essa dor não vai passar do dia para noite, a dor a qual vamos ter que aprender a conviver. Eu penso sempre no sorriso lindo e no coração de ouro da minha Annie, ela é eterna para mim. - disse após nos afastarmos.

Micaela: nós vamos ultrapassar tudo isso, mas em família. A vida continua, apesar de saber que essa dor é insuportável, não dá para se entregar a completa dor. Pense que ela está a descansar, lembre do sorriso que nunca saía dos lábios dela e tentem seguir em frente. Eu tenho certeza que era isso que ela quereria, ver-vos felizes. - ela segura as nossas mãos.

Phoebe: sim, a vovó tem razão. A minha mãe era uma mulher alegre, uma mulher batalhadora, linda e com um sorriso invejável. Eu vou tentar ao máximo, encarar tudo isso de uma forma mais leve. - dá um pequeno sorriso.

Josh: obrigado, mãe. - olhou para a minha avó e a abraçou .

Henrique: eu... Eh, eu vou tomar um banho e... Bom, acho que hoje eu vou descer para comer alguma coisa.

Phoebe: eu vou lá ter com a Priscila. Ela é uma ótima mulher, cuidou de todos nós aqui sozinha enquanto estávamos inconsoláveis. Sabia que nem as amigas ou as que diziam ser amigas da nossa mãe conseguiram ficar e dar aquele apoio? - disse indignada.

Beijei a testa dela e voltei a abraça-la.

Henrique: nós iremos nos apoiar como família. Isso já é suficiente! - nos afastamos e ela concordou com um aceno de cabeça e um sorriso.

Josh: vamos sair para que o seu irmão tome um banho.

Saíram todos do meu quarto, e eu ganhei coragem para ir tomar um banho. Tomei um banho, e me permiti pensar além. A Priscila está grávida, e ainda nem foi a consulta com a obstetra por causa de tudo o que aconteceu. Meu Deus, eu preciso voltar para nova Iorque e deixar tudo sobre controle. Desde a empresa, até a nossa moradia em Miami.

Termino o meu banho, saio enrolado na toalha e vou até o guarda roupa e tiro de lá a minha mala. Preparo ela, retiro a roupa que usarei hoje e me visto. Tirei uma bermuda jeans, uma t-shirt branca, tênis branco e óculos escuros. Passei um perfume, ajeitei o cabelo e percebi que eu estava parecendo um zumbi mesmo. Abro a porta e desço as escadas, indo em direção à cozinha.
Chego e encontro a Priscila em companhia da minha irmã e da minha avó.

Uma Mulher ImplacávelOnde histórias criam vida. Descubra agora