Em um mundo onde mestiços e puros são separados por fronteiras e reinos ultrapassar a barreira é morte na certa, um passo em falso para o outro lado pode te condenar a morte mais cruel imaginada.
Puros quando se juntam com puros de
outras raças são banidos do reino dos puros e mandados para o lado mestiço sem preparo algum, muito menos local para viverem, são marginalizados e vivem de migalhas até se reestabelecerem.
Woodstock é um dos mais influentes, senão o maior, reino de puros existente, lá existe um colégio interno, Sacrae Collegium Purus Sanguis, também conhecido por colégio Sagrado dos sangue puros, um colégio que muitos desejam entrar apenas pela fama e poder que o nome possui.
Logo ao lado existe um reino chamado de Trépidas, um reino governado por um tirano, que utiliza de todos os artificios para dominar e subjulgar o povo, os mestiços que ali vivem sofrem com a crueldade de seu rei e muitos por medo fogem e tentam se esconder no reino de Woodstock, sendo mortos assim que ultrapassam a fronteira.
Era um dia comum no reino de Woodstock, os alunos do colégio Sagrado estavam se preparando para entrarem em sala de aula, era o retorno das férias de inverno, muitos grupos se reuniam para contar as novidades das férias, nada de anormal, alguns alunos novos eram excluidos, pois não eram exatamente a elite, eram puros sim, porém de classe menor, já que para se entrar no colégio sem pagar muito havia uma prova somente para os mais pobres, que era realizada nas férias de inverno, dessa forma os puros que entravam neste periodo pertenciam a classe pobre do reino.
Um pequeno grupo de sete alunos ria sem parar dos alunos novos, aqueles sete eram um dos grupos mais queridos da escola, devido a fortuna que eles possuiam.
Outro grupo ao longe apenas observava os alunos novos a procura de presas para suas pegadinhas, o grupo de baderneiros mantinha seus olhares atentos para qualquer aluno novo que parecesse divertido zuar.
Ao longe de todos tinha uma garota loira sentada em um banco, enquanto seus olhos azuis percorriam o pátio cheio de alunos.
O sinal tocou e o grupo de baderneiros se dividiu em dois, cinco dos alunos entraram em uma sala e os outros seguiram para a outra sala.
A garota loira já estava sentada em seu lugar com uma toca preta cobrindo-lhe parte dos cabelos loiros.
O pequeno grupo de baderneiros encararam a garota por alguns minutos, aquela beleza era sobrenatural e algo nela os deixava com vontade de abaixar-se e curvarem-se perante à ela.
-Quem será essa garota? - sussurrou um dos garotos, um moreno de olhos azuis e com as orelhas pontiagudas.
-Não faço ideia, mas... Essa aura é... - disse outro garoto tentando encontrar as palavras certas.
-Poderosa, intimidadora - completou uma garota com olhos vermelhos como sangue e uma capa preta com detalhes dourados na borda.
-Ela tem um cheiro extremamente doce apesar disso - murmurrou uma garota ruiva torcendo o nariz e se aproximando da loira - quem é você?
A garota loira ergueu seu olhar para quem lhe dirigira a palavra e abriu um pequeno sorriso.
-Não sou ninguém - respondeu a loira.
-Ora, sua, me responda quem é você? - berrou a ruiva já irritada.
-Senhorita Scarlet, arranjando encrenca logo no primeiro dia? Por favor volte para seu lugar se não quiser uma suspensão e uma reunião com seus pais logo no primeiro dia - ameaçou uma mulher de longos cabelos negros e roupas claras como a neve.
-Tsc - a ruiva se afastou lentamente e sentou-se em seu lugar junto com os outros baderneiros.
-Pelo jeito não descobriu nada - comentou o duende de olhos azuis - não deveria ter deixado o trabalho de um duende nas mãos de uma lobisomem.
-Está tentando me irritar, seu duendizinho de merda? - exaltou-se a ruiva que logo foi repreendida pela professora.
Todos ficaram em silêncio enquanto a professora dava as boas vindas para os alunos novos.
Nenhum deles teve que se apresentar, o que deixou o grupo de baderneiros um pouco irritado, pois queriam que a garota loira se apresenta-se, queriam conhecer de onde descendia tal poder e soberania.
O sinal para o fim da primeira aula tocou e a vampira de olhos vermelhos se aproximou da loira, seus cabelos escuros como a noite caiam-lhe bem com sua pele escura.
-Sou Ashley e você? - apresentou-se a morena colocando-se em frente à mesa da loira que a olhava.
-Sou Lia - disse a garota, agora denominada Lia, após alguns segundos de silêncio.
-Seja bem-vinda a escola.
-Ah... Obrigada - respondeu Lia encanrando a morena e se levantando - com licença eu... - e sem dizer mais nada a loira correu para fora da sala.
O pequeno grupo de baderneiros ficou observando a garota correr para fora enquanto Ashley voltava para junto deles.
-O que descobriu? - o duende foi o primeiro a se pronunciar.
-Lia, o nome dela é Lia.
-Apenas isso? E o sobrenome? De onde ela veio? Qual a raça dela? - o duende lançou várias perguntas contra a vampira e esta balançou a cabeça de forma negativa - realmente não se deve deixar trabalho de duende em mão de vampiro.
-Você fala tanto e nunca faz nada - murmurrou a ruiva apoiando os pés sobre a mesa e inclinando levemente a cadeira.
-Olha, a senhorita Monroe colocando as garras para fora - zombou o duende se debruçando sobre a mesa - aposto que descubro o que ela é antes mesmo de vocês.
-Eu sou uma lobisomem, posso muito bem farejar o que ela é.
-Mas foi você mesma que disse que o cheiro dela era doce e pelo que eu saiba não há nenhuma raça com cheiro doce.
-Ela deve usar algo para disfarçar o cheiro, mas meu olfato é mais apurado que o seu e minha audição também.
-Então aceita a aposta ou não?
-O que ganho com isso?
-Quem ganhar decide a próxima pegadinha e a vítima.
-Isso é loucura, deixar a Scarlet escolher é a mesma coisa que querer que a próxima vítima morra - comentou Felipe, o único que ainda não havia se pronunciado.
-Então participe também e vença - disse o duende sorrindo de forma diabolica.
-Eu vou participar - comentou a vampira.
-Eu também - concordou Felipe, um belo garoto de olhos verdes.
-E quanto à você, pequeno Alexander?
-Pequeno é o seu pau, Michael, sou quase mais alto que você - resmungou o garoto de olhos castanhos cruzando os braços sobre o peito e bufando.
-Tá legal, 1,50m, você aceita a aposta ou não?
-1,76m, seu estupido - rosnou Alexander irritado, ele odiava que falassem de sua altura, no grupo era o garoto mais baixo e até algumas garotas eram mais altas que ele, o que tornava o ato de tentar conquistá-las muito mais difícil - e sim, vou aceitar, não tenho nada mais interessante para fazer mesmo.
-Boa garoto, então o plano é o seguinte, podem utilizar qualquer artificio para descobrir, desde que não atrapalhem o concorrente.
-Tá legal - murmurrou Alexander.
-Que regra estúpida, duende - retrucou a lobisomem, Scarlet.
-Eu concordo com a regra, apesar de ser implicita em nossa aposta - disse Ashley arrumando sua capa e passando os dedos por seus cachos definidos.
Todos os alunos pararam de falar quando o diretor da escola adentrou a sala de aula, alguns papeis estavam em suas mãos e ele ficou em frente a sala.
-Bom dia, alunos, vim desejar a todos as boas vindas e espero que este ano não possua nenhum aluno delinquente que tente estragar a harmonia escolar - nesse momento seus olhos pousaram no grupo de baderneiros - por enquanto é isso, e aqui temos os regulamentos escolares, os alunos novos devem pegar um - e dizendo isso deixou os papeis sobre a mesa e saiu.
Alguns segundos depois Lia voltou para a sala de aula e sentou-se em seu lugar, o grupo de baderneiros trocou de lugar com outros alunos para sentarem-se mais perto da loira.
-Lia não é? - começou Scarlet que havia se sentado atrás da loira - de quem é filha? Nunca lhe vi por aqui.
-Não sou deste reino, por isso nunca me viu - respondeu a loira simplesmente.
-De onde vem?
-De Mileto, o reino dos puros do Sul, sou Lia Lancaster Stuart e é só isso que tem que saber sobre mim.
Após dizer isso Lia colocou seus fones e uma música alta com batidas fortes e ritmadas começou a soar.
O grupo de baderneiros se encarou por alguns segundos, Scarlet decidiu tentar novamente, mas o professor havia acabado de entrar na sala pedindo silêncio e que iria começar a aula.
A ruiva encarou a novata com raiva, seus olhos faíscavam e emanava uma aura avermelhada, que todos da sala podiam ver, mesmo que fraca.
-Scarlet, seria bom você não ficar tão irritada assim - sussurrou o duende ao pé do ouvido da ruiva.
-Vá se foder, duendizinho de merda.
O duende riu e e negou com a cabeça, seus olhos brilharam intensamente e se encontraram com o olhar da garota loira que os observava pelo canto dos olhos azulados.
Um sorriso travesso brotou em seus lábios, e seus olhos azuis pareciam relampejar ao olhar para a garota.
Lia revirou seus olhos e retirou seus fones, sua atenção se voltou totalmente para o homem a sua frente que explicava-lhes o surgimento dos reinos proximos a Woodstock.
As aulas se seguiam lentamente, eram pesadas e cansativas, possuiam muita informação, eram extensas, grande parte dos alunos havia dormido, porém o grupo de baderneiros estava acordado, logo estavam aprontando pela sala, prendendo alunos contra a mesa, cortando-lhes os cabelos, riscando-lhes as faces, colocaram bombinhas embaixo de algumas cadeiras e quando o ultimo professor havia saido da sala acenderam as bombinhas, muitos acordaram assustados e tentaram correr, mas estavam presos, grudados a mesa, o grupo de baderneiros apenas riu e saiu da sala.
Lia ergueu-se de seu lugar e calmamente soltou todos os que ainda não conseguiram sair, muitos a encararam de forma estranha por estar a ajuda-los, já que se os baderneiros soubessem ela estaria em maus lençois, porém a loira não tinha medo, muito menos sabia o que poderia esperar do grupo.
Quando terminou de soltar todos os colegas de classe seguiu para fora do colégio, onde o grupo havia se reunido e ameaçava um pequeno garoto que havia escapado da sala.
-Quem os soltou tão rápido? - rosnou Scarlet segurando o garoto pela gola da blusa e o erguendo.
-Eu não sei - choramingou o garoto como um filhote acuado e com medo - nunca a vi por aqui.
O duende soltou uma gargalhada ao ver a loira sair pelo porta da frente e Scarlet soltou o garoto compreendendo tudo.
Os outros apenas observavam enquanto os dois se aproximavam de Lia, o duende carregando um sorriso divertido e Scarlet com suas feições voltadas em uma carranca.
A loira passou por ambos sem ao menos encará-los, seu rosto ereto e nariz arrebitado demonstravam indiferença e seu olhar era vago, seus olhos azuis estavam opacos.
Michael, o duende, segurou no pulso fino da loira e a fez girar em seu encontro, a jovem apenas olhou para cima encontrando os olhos azuis limpidos do garoto de cabelos negros.
-Lia, Lia, por que tenta fugir de nossas perguntas? - questionou o duende abrindo um leve sorriso.
-Por que deveria eu de respondê-las? Solte-me, por favor - pediu a loira com seus olhos claros que pareciam faiscar e relampejar, eram frios como a neve, mas quentes como o fogo.
-Se responder-me lhe solto.
-O que quer de mim, duende?
-Ora, ora, você sabe o que ele é e não pode nos dizer o que você é? - pronunciou-se Scarlet se aproximando mais da loira de forma intimidante, seus cabelos ruivos como fogo balançavam com o vento.
-Pois deveria? Tu achas que é quem para dizer-me o que devo fazer, lobisomem? - retrucou a loira puxando o braço e se livrando do aperto de Michael - agora, se me dão licença tenho mais o que fazer.
E a passos rápidos a loira fugiu, passando tão rápido pelo grupo que esses nem ao menos puderam acompanhar com o olhar.
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Oi meu amores!!!!
Esse foi o primeiro capitulo de "A Princesa da coroa de lata" espero que tenham gostado.
É apenas uma tentativa de utilizar o tema sobrenatural, ainda não sei muito bem sobre todas as criaturas possiveis, mas pretendo estudar bastante para prosseguir com este livro.
Obrigada a todos por lerem e deixem seus comentários, notas.
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A princesa da Coroa de Lata [Hiatus]
ParanormaleNem todas as princesas nasceram para reinar, mas existem algumas que nasceram para ser rainhas. Nem todas as princesas vieram de linhagem nobre ou pura, algumas são mestiças e transmitem força e poder só com o olhar, essas são as verdadeiras princes...