A maldição Dos Cabelos Prateados - O Segredo De Angelle Roy

Três - César

Estou sentado em uma sala fria. Minhas mãos estão algemadas na mesa e a ansiedade continua a aumentar. Como fui parar nessa situação? Será que se o som não estivesse tão alto, eu teria conseguido ouvir eles chegando e fugir? Onde eu estava com a cabeça quando achei que invadir servidores do governo seria uma boa ideia?

Depois de passar boa parte da minha vida em um orfanato, confesso que não tinha muita perspectiva de futuro. Órfãos como eu só tem dois destinos: ou se tornam doadores em troca de um teto ou viram algum tipo de criminoso para ter o que comer sem depender dos malditos vampiros. Encontrei um cara conhecido como JK0324 que me ensinou tudo o que sei hoje, e, apesar da vida antisocial e o apartamento bagunçado e sujo, a carreira de hacker parecia promissora, até que um belo dia meu mentor foi preso e vai saber o que aconteceu com ele depois.  Tentei me afastar desse tipo de negócio por um tempo, mas ninguém quer correr o risco de empregar um zé ninguém como eu. 

Com certeza a senhora Laurent riria se me visse agora. É melhor que morram. Ela costumava dizer. Porque temos que cuidar e alimentar esses pestinhas se nem mesmo seus pais os quiseram?  Sorrio. Nunca pensei que sentiria saudade do meu tempo naquele inferno. Mas olhando para como as coisas são hoje, talvez aquele lugar não fosse tão ruim.

A porta se abre e uma mulher entra. Ela é ruiva, magra, não deve ter mais que 1,30 m de altura, parece ter pelo menos uns 30 anos. Ela se senta na cadeira em frente a minha e coloca um arquivo na mesa. Seus olhos verdes me encaram e sem muitos rodeios começa a falar:

- Está encrencado senhor Roy. Você está ligado a pelo menos oito crimes de roubo de dados e as consequências para isso são bem graves. A minha pergunta para você é bem simples. - Ela cruzou as mãos sobre a mesa e seu olhar pareceu ficar ainda mais intenso. - O que você está disposto a fazer para não ir para a prisão?