Insensível

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Olá descolorides, vocês estão bem? Estamos chegando no final dos capítulos cinza e vou dar início a "verdadeira" história, nos dias atuais da fic.

Mais um ano se passou, e após alguns conflitos entre meus pais e pais alheios, começaram a me levar em vários hospitais, todos eles dizendo que um psicólogo resolveria meu problema dos sentimentos, mas meus pais não querem. E o problema das cores não há solução, que eu viveria em um mundo incolor para o resto de minha vida.

Certo dia, fazendo minhas lições, meus pais entram em meu quarto, se sentam em minha cama e eu apenas os observo apertando as mãos e com lágrimas em seus olhos.

— Minni...

— Sabe sua tataravó querida?

— O que tem ela?

— Mo... Morreu!

Minha mãe entrou aos prantos, meu pai a apertava em seus braços. Não consigo entender isso, não compreendo porque tanto choro, é só uma morte.

Filho, nós vamos viajar amanhã para Seul, já arrume suas coisas, sua mãe e eu vamos descansar, sua comida está na mesa já, boa noite.

— Certo, pai.

Desci para comer e ao voltar arrumo minha mochila para viagem. Me sento em minha cama olhando para o chão tentando entender tudo, meu coração está apertado, todos os momentos com minha avó, tudo foi jogado pelo ar e mesmo assim não sinto nada. Porque esta morte não me afeta igual afetou meus pais? Não quero ver minha avó morta, mas isto não me machuca, e não sofrer é ruim.

Terminei de arrumar tudo e logo fui dormir, um sono conturbado, um pesadelo onde todos viram as costas para mim, onde minha mãe perde as esperanças e meu pai vai embora. Este sonho foi interrompido pela voz suave de minha mãe me chamando para viagem.

Ela fez um lanche para nós comermos enquanto vamos ao aeroporto, mordi um pedaço e percebi que não estava bem para comer neste momento.

Quanto mais próximo do aeroporto ficava mais o mau estar em mim crescia, me sinto sufocado e enjoado, pelo que me pareceu, estava muito na cara meu desconforto, meu tórax descia e subia rapidamente e dessincronizado, naquele momento eu apenas não queria estar nesse carro. Acabei por me desligar da vida pensando em besteiras, e quando dei conta já estávamos no aeroporto, grande e muito cheio, várias pessoas passavam de lá para cá e o som das rodinhas das malas preenchia o local. Não prestei atenção no que os meus pais estavam a falar ou para onde estávamos indo, apenas estava curioso com tudo ao meu redor.

Passamos algumas horas esperando, mas foi quando entrei dentro do avião que tudo que já estava ruim piorou, assim que ele começou a andar meu coração disparou, apesar de ter meus pais me confortando eu senti meu estômago revirar e o ar que eu já não tinha acabar.

Digamos que foi um voo tranquilo, menos quando teve turbulências e o fato de ter vomitado duas vezes. Ao chegarmos pegamos um táxi até a casa do meu tio, irmão de minha mãe, estava todo de preto, provavelmente pelo tal luto uma palavra que não saida da boca deles. O enterro seria de manhã, apenas jantamos em silêncio e fomos dormir, eu fiquei no meio dos meus pais totalmente encolhido.

Quando acordei, meus pais já estavam prontos, me arrumaram com roupas pretas e me deram um pão para comer enquanto íamos. Ao chegarmos estava tudo silencioso, mas foi quando um por um estava falando sobre ela que deu tudo errado, primeiro que todos estavam chorando, menos eu, e quando me chamaram pra falar algo que eu disse não todos me olharam com cara feia.

Vamos lá amor, pode desabafar.

— Mas eu não preciso mamãe.

— Nossa que garoto malcriado.

Uma mulher falou, nem a conhecia mas todos concordavam, e começou os murmúrios.

É a vó dele e nem se abala.

— Num parece estar se incomodando com nossa querida.

— Mas eu só não quero falar com ela, nem aqui ela tá mais.

— Oh, que afronta garoto! Sua Mãe não te deu educação não?

— Filho, vem com o papai.

Meu pai me pegou no colo e saímos dali, ele comprou um sorvete para mim e permanecemos calados por um bom tempo.

Eu sei que tá sendo difícil pra você amor, mas todo mundo ali está sofrendo também.

— E só por isso precisam me obrigar a falar algo?

— Claro que não, mas tem algumas coisas na vida que devemos aguentar calados, até mesmo precisamos nos obrigar a fazer coisas que não gostamos.

Não pai, isso foi a pior coisa que você poderia dizer para o meu eu de sete anos, agora cresci me calando perante todos aqueles que falavam mal de mim.

Após o dia do acontecido, um vídeo meu que gravaram viralizou, está passando nos telões de Seul.

E foi daí que minha vida virou um inferno, dai pra frente só pra trás.

Vocês gostaram desse capítulo? Não se esqueçam de votar e comentar o que acharam, isso ajuda um pobre escritor.

Incolor | VminOnde histórias criam vida. Descubra agora