Unregistered | Snarry

8

Os olhos de Snape se abriram lentamente. Ele deu uma olhada para Harry.

— Gato — disse ele, com a voz embargada pelo sono — você é um voyeur e tanto, não é? Ou extraordinariamente blasé. — Ele jogou o lençol de cima de si e se levantou. Seu pênis estava amolecendo, mas ainda estava alongado e ligeiramente inchado. Harry não conseguia tirar os olhos dele. Não era a primeira vez que ele via um além do seu; ele já havia usado os chuveiros depois do Quadribol antes - mas esse era o de Snape.

Snape foi até o banheiro e entrou, não chegando a fechar a porta atrás de si. Harry podia ouvi-lo se movimentando e depois a água correndo na pia. Snape voltou para o quarto.

— Suponho que você esteja pronto para ir embora? — Ele olhou para Harry de forma presunçosa, parado ali, completamente nu.

Harry ainda estava muito chocado para se mexer.

— Bem, se você preferir ficar — começou Snape, voltando a se arrastar para a cama.

Isso estimulou Harry a agir. Ele definitivamente NÃO queria ficar. Ele rapidamente pulou da cama e saiu do quarto na frente de Snape, indo até a porta do escritório. Ele olhou para trás, mas Snape não o seguiu. Ele estava prestes a voltar e ver o porquê, quando Snape apareceu vestindo uma túnica preta. Ele foi até a porta do escritório e a abriu, deixando Harry passar. Harry foi diretamente para a porta que dava para o corredor. Snape colocou a mão na maçaneta, mas não a abriu. Ele olhou para Harry, um sorriso triste no rosto.

— É uma linha tênue entre o amor e o ódio, Gato — disse Snape, como se justificasse algo para Harry. Harry bateu na porta, ansioso para ir embora. — Sim, claro — Snape assentiu e girou a maçaneta. — Vá.

E com isso, Harry saiu correndo pelo corredor, correndo cegamente, o corpo entorpecido pelo choque e pela confusão.

Harry não parou de correr até estar na Torre de Astronomia. Ele se transformou de volta em si mesmo e colocou as mãos nos joelhos, tentando recuperar o fôlego da corrida pelo castelo. Ele tinha milhares de pensamentos passando por sua cabeça. Ele se sentia tão atordoado que não conseguia separar todos eles. Finalmente conseguiu se levantar, foi até o parapeito e ficou olhando para o terreno.

Snape era gay. Esse foi o primeiro pensamento chocante que veio à tona. Gay. Harry não tinha muita experiência com gays, mas não achava que Snape parecia um homossexual típico. Mas Snape era claramente gay.

Snape estava sonhando com Harry. Esse pensamento foi ainda mais chocante que o primeiro. Harry tinha certeza de que os professores sonhavam com seus alunos, mas ele teria pensado que se Snape estivesse sonhando com ele, teria algo a ver com detenções prolongadas e esfregar caldeirões. Não com... o que quer que tenha sido.

O que quer que tenha sido... Harry relembrou os eventos em sua cabeça. Não havia como confundir o que havia acontecido. Ele não podia ter ouvido mal seu nome. Ele disse isso muitas vezes. Disse em voz alta. Harry havia feito Snape gozar. Pensamentos! Harry gritou para si mesmo. Pensamentos de Harry haviam feito Snape gozar.

Mas Snape odiava Harry. Não havia como não entender isso também. A maneira como Snape o tratava, como sempre o tratara. As coisas que Snape dizia a Harry para ter certeza de que ele sabia o quanto Snape o odiava. As coisas que ele dizia sobre Harry quando Harry não estava por perto. Ele dizia que ver Harry era uma tortura. Dizia que ficaria aliviado quando o ano acabasse e Harry não estivesse mais lá. Ele disse que preferia morrer a ter que ver Harry durante todo esse ano. Por que ele diria essas coisas e agiria dessa forma se não odiasse Harry?

Oh. Oh...

Mas isso... isso era impossível! Harry balançou a cabeça em negação. Não havia como Snape gostar de Harry. Era impossível que Snape gostasse de Harry. Mas se ele gostasse... se ele gostasse e não quisesse que ninguém soubesse, não pudesse deixar ninguém saber... Harry não queria acreditar nisso. Ele não queria, mas as evidências estavam bem ali na sua frente. Ele tinha visto com seus próprios olhos, ouvido com seus próprios ouvidos. Por mais que ele gostasse de pensar que era um sonho, tinha sido real.