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Harry foi jogado sem cerimônia no sofá da sala de Snape. Ele estava grato por ser macio e por ainda não ter sido morto, enfeitiçado ou amaldiçoado. Ele caiu de lado e agora observava Snape andando de um lado para o outro na frente dele, as mãos arrancando os cabelos, parecendo bastante perturbado. Faíscas saíam da varinha de Snape, uma indicação de quanta raiva o homem nutria.

Snape estava murmurando alguma coisa.

— ...não é verdade... talvez... errado...

De repente, Snape parou de andar e se virou para encarar Harry, apontando sua varinha diretamente para o gato.

É isso, Harry pensou consigo mesmo, ou ele vai me torturar ou eu vou morrer.

Em vez disso, porém, Harry sentiu seu corpo formigar e começou a se transformar novamente em seu eu humano. Ele ainda estava petrificado, no entanto - figurativa e literalmente. A expressão de raiva no rosto de Snape foi acompanhada de devastação.

— Eu confiei em você! — Snape gritou, a verdadeira dor evidente em sua voz. — Eu acolhi você! Eu te alimentei! Eu - oh Deus — Snape levantou as mãos para puxar o cabelo, — eu acariciei você! Eu toquei em você!

Harry lutou contra o feitiço Petrificus Totalus de Snape. Ele queria desesperadamente se explicar – embora não tivesse a menor ideia de como fazê-lo. Mas ele queria tentar.

— As coisas que eu te disse — Snape voltou a andar de um lado para o outro em frente à lareira, as mãos segurando os lados da cabeça como se estivesse sofrendo de uma terrível dor de cabeça. — As coisas que você ouviu... as coisas que você — Snape parou e olhou para Harry, seus olhos arregalados de terror, — viu...

Harry sabia que Snape estava se lembrando da noite em que acordou com Harry em seu travesseiro depois que ele chamou o nome de Harry.

Snape de repente parou de andar e tirou as mãos dos lados da cabeça.

— Ninguém vai acreditar em você — ele sussurrou com voz rouca. — A diretora nunca vai acreditar em você... para quem você contou? Quantas pessoas sabem?

A raiva que deixou Snape e foi substituída pelo horror voltou com força total.

— Eu pensei que estava errado! Eu pensei que você fosse melhor que ele! Eu pensei - depois do que vi - depois do que você viu - eu nunca sonhei... — Snape baixou a voz para um rosnado mortal. — Você é exatamente como seu pai.

Harry pensou que ele poderia estar doente. Ele estava lutando valentemente contra o feitiço, ficando cada vez mais desesperado para justificar suas ações, independentemente de quão injustificáveis ​​elas fossem.

— Claro — Snape zombou, — contando a todos sobre o 'idiota seboso' - sobre sua vida pessoal, seus segredos... o quanto sua mente é pervertida... o quanto ele é pedófilo... rindo enquanto você me provocava, sabendo que seria uma tortura... sim, sim, exatamente como seu pai! Sempre pensando em novas maneiras de atormentar aqueles que ele achava que eram inferiores a ele...

— Eu voltei! — Harry gritou com ele, finalmente saindo do feitiço. Seu grito assustou Snape o suficiente para fazer o homem tropeçar para trás na lareira. — Voltei depois daquela noite! Não acho que você seja um idiota, ou um pervertido, ou um pedófilo! E eu nunca contei a ninguém! Nada! Ninguém sabia de nada! Eu nunca faria isso com você - com ninguém - mas definitivamente não você!

Harry foi silenciado por um aceno da varinha de Snape. Ele avançou para Harry.

— Não. Minta. Para. MIM.

Harry encostou-se no sofá, tentando criar mais espaço entre ele e Snape.

— Eu me recuso a acreditar que você não estava se vangloriando a cada segundo, com cada boato que você obteve de sua espionagem. — Snape estava perto o suficiente de Harry para que a saliva que voava de sua boca fosse visível enquanto navegava pelo ar. — A punição por ser um Animago não registrado é passar um tempo em Azkaban — disse ele ameaçadoramente.

Unregistered | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora