Alvorada Radiante

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É inebriante segurar a vida e a morte na palma de sua mão.
- Jack Sparrow

 - Jack Sparrow

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Targon

O nascer do sol estava lindo naquele dia e o cantar das gaivotas foi o primeiro som que ela ouviu assim que abriu os olhos.

Embora Diana fosse o tipo de pessoa que preferia a noite, que optasse ter como companhia a lua e as estrelas na escuridão do alto mar, não tinha como negar a beleza daquela aurora, aquele brilho era um verdadeiro deleite para seus olhos cansados. A brisa da manhã bagunçava seus cabelos brancos e balançava a camisa que ela usava, uma das únicas peças de roupa que lhe foram deixadas.

Sentiu aqueles primeiros raios solares acariciarem o seu rosto suavemente, experimentado o beijo cálido da alvorada em sua pele branca e ouvindo o chão de madeira ranger sob suas botas pretas. Seus pulsos estavam algemados firmemente e o som metálico do balançar das correntes soava estridente aos ouvidos da pirata. As únicas partes livres de seu corpo eram suas pernas, já que seu pescoço estava envolto numa corda suspensa sobre ela. Não estava pronta para morrer, não naquela hora, nem naquele dia, mas não havia mais nada que pudesse ser feito. Preferia aceitar o seu destino do que lamentar por ele.

Estava sozinha, sem tripulação e sem navio. Embarcou sozinha naquela aventura, apesar de seus fiéis bucaneiros insistirem para acompanhá-la, aquele tesouro que Diana fora buscar era algo só dela, não tinha valor para mais ninguém. Sabia que era perigoso voltar para Targon, sabia das chances de ser pega, mas aquela terra havia tirado tudo dela, e não deixaria em suas mãos algo que era dela por direito, uma jóia sem nenhum valor monetário, mas com um grande significado. Mesmo assim, não iria arriscar a vida da sua tripulação por algo trivial, só para satisfazer o seu capricho.

De qualquer jeito, sabia que aqueles cães sarnentos estavam a salvo, e seu navio também. Os Lunare eram sua família, e a confortava saber que em algum lugar daquele mundo haviam pessoas que lamentariam pela sua morte. E assim ela morreria: indigna, sem embarcação, sem tripulação e sem um par de botas decentes.

Olhou o sol mais uma vez, esperando pelo momento que não sentiria mais o chão sob seus pés. Cantarolava baixo uma antiga cantiga pirata, esperando que, talvez, algum espírito naufragado perdido pelo mar a tirasse daquela forca. Respirou fundo, sentindo o cheiro da magia que Targon exalava tomar conta de suas narinas uma última vez.

Deveria sua vida a alguém que a salvasse, mas ninguém ali se importava com ela, todos queriam vê-la morrer, cabia a ela somente aceitar seu cruel destino.

- Últimas palavras? - um soldado do exército de Targon se aproximou de Diana por trás, falando baixo em seu ouvido. A mulher manteve-se firme, não vacilando o olhar por um momento sequer. - Ainda pode implorar por perdão. - O homem riu e Diana pôde sentir o ar que saía daquela boca fétida bater em sua orelha.

- Nunca. - respondeu, monossilábica.

O soldado deu de ombros, sorrindo, afastou-se um pouco e proferiu: - Matem a herege.

The Anchor | Leodia Short-FicOnde histórias criam vida. Descubra agora