Contra o Mundo

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O destino não é tão importante quanto a jornada.
Jack Sparrow

Mar do Guardião

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Mar do Guardião

Acordar com Diana em seus braços fez o corpo de Leona se iluminar por dentro. O calor de seus corpos nus juntos a fez suspirar, tendo preguiça de abrir completamente os olhos.

Os raios do sol que entravam pela janela iluminavam todo o ambiente ao redor, indicando que o dia já havia raiado há muitas horas. Encarou Diana com um sorriso bobo no rosto, ela ainda ficava linda mesmo com a cara completamente amassada no travesseiro, totalmente enrolada nos lençóis e com seus longos cabelos brancos espalhados pela cama. Sua expressão era tão calma, tão doce, que só de olhá-la Leona conseguia esquecer todas as mazelas do mundo, esquecer o quão difíceis as coisas eram. Memorizou cada detalhe que pôde, até aqueles que Diana não gostava, aqueles que ninguém reparava. O nariz fino e levemente arrebitado na ponta, os olhos expressivos e amendoados, as cicatrizes pelo corpo, os gostos, as manias, os trejeitos, os erros e as covinhas ao rir.

Ver uma alma nua era lindo, e ao mesmo tempo era assustador.

Leona guardou cada traço, cada curva e abismo que Diana carregava consigo, torcendo para que o tempo não roubasse dela a lembrança do seu rosto.

Amá-la era como celebrar uma festa pagã para um deus sol distante, podendo sentir a luz preenchendo todas as lacunas do seu ser e curando todas as suas feridas mais antigas. Diana, de certa forma, a salvava, mesmo que Leona não precisasse de salvação alguma. Sempre a levaria consigo, de dentro para fora, nas pontas dos dedos e nas bordas dos pensamentos, em tudo, em cada pedaço do que já foi, do que era, e do que restou.

O quarto já estava claro demais para que a pirata pudesse manter os olhos fechados sem que o brilho do astro rei a incomodasse. Coçou as orbes com as costas dos dedos e separou as pálpebras vagarosamente, não conseguindo conter um sorriso singelo ao ver Leona deitada ao seu lado, a admirando como quem descobriu o mais valioso dos tesouros. A pele da capitã era banhada pela luz do sol em toda sua majestade, acentuando o brilho naturalmente dourado que ela exalava pelos poros. Seus cabelos avermelhados estavam espalhados pelo travesseiro e suas íris refletiam a resplandecência imponente que tocava as paredes da cabine. Era como se ela fosse o próprio sol.

As pontas das digitais de Leona deslizaram suavemente pela borda do rosto de Diana, afastando alguns fios de cabelo que ali estavam. Seu toque era quente e delicado, como o beijo do crepúsculo da manhã, carregando em seu carinho uma boa dose de emoção. A mais alta pousou sua palma aberta na bochecha alheia, assistindo a outra afundar o rosto em sua mão, buscando por mais contato. Os minutos passaram e elas perderam a noção do tempo enquanto se olhavam e trocavam carícias, ouvindo os pássaros cantando nos céus e os passos da tripulação já desperta, indo de lá para cá pelo convés.

— Tenho que levantar. — foi a primeira palavra proferida depois de um longo silêncio. Leona esticou o corpo, preparando-se para mais um dia. Ficaria o dia inteiro ali se pudesse, mas tinha deveres a cumprir e um navio para comandar. Diana, a princípio, nada respondeu, apenas murmurou alguma reclamação inaudível e enrolou-se mais um pouco nos lençóis, afundando o rosto no travesseiro.

The Anchor | Leodia Short-FicOnde histórias criam vida. Descubra agora