Ao voltar para sua terra natal, Diana, a pirata mais infame de Valoran, jamais poderia imaginar que encontraria seu fim numa manhã cálida de primavera. Estava prestes a morrer sob a luz do alvorecer, e não lhe restaria nada além de destroços, pedras...
Precisa se perder para achar lugares que não se acham, se não todos saberiam onde fica. - Capitão Barbossa.
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Costa Amarantine, Ixtal
- Xeque-mate! - Atreus gritou, empolgado, olhando para a pirata que estava sentada de frente para ele na mesa. Diana revirou os olhos e cruzou os braços, tentando sem sucesso parecer brava com a situação.
- Merda, eu não vi essa chegando. - a mulher tinha os olhos fixos no tabuleiro, com as mãos entrelaçadas sob o queixo olhando a posição das peças e refazendo mentalmente suas jogadas, recordando onde havia errado. - Foi uma boa estratégia, admito. Quando você ficou tão bom no xadrez? Lembro que você era horrível quando éramos mais novos. - recordou-se dos tempos antigos. Aquele era um dos hobbies que Diana e Atreus tinham em comum, mas a de olhos azuis sempre acabava superando o homem nas partidas que jogavam, fato que sempre o deixou inconformado.
- Andei praticando, não podia perder para você de novo quando nos encontrássemos. - Atreus sorriu fraco, guardando o tabuleiro e as peças com cuidado em uma grande caixa de madeira cheia de entalhes.
Todos os itens daquela tabuleta foram cuidadosamente esculpidos pelo próprio homem, com meses de dedicação e trabalho. Cada peça era única, com detalhes minuciosamente entalhados em madeira, moldados a mão e pintados de vermelho e preto com todo o cuidado e atenção que o imediato conseguiu colocar. Era nítido o resultado de sua dedicação e sua essência era sempre uma marca em sua arte. Seu lado brutal era visível nos cantos mal arredondados de cada peça e na falta de suavidade nas curvas do entalhe, e seu lado gentil era colocado na delicadeza das cores, nos tons escolhidos a dedo e nos detalhes pintados com o mais fino dos pincéis. Atreus não era apenas um homem de conflitos, também era um apreciador de arte em todas as suas nuances, sempre fazendo pequenas esculturas de madeira e pinturas quando podia, se tornando quase perfeito no que fazia com o passar dos anos, o que acabou lhe rendendo alguns calos nas mãos e cortes ardidos nos dedos. Encontrava alento em sua arte.
Por trás de toda aquela casca grossa, havia um homem talentoso, dedicado, gentil e amoroso, só era preciso chegar perto o suficiente para ver. Atreus colocava carinho e empenho em tudo que fazia, e isso o tornava uma das pessoas mais humanas que Diana e Leona tiveram a sorte de conhecer. O admiravam, não porque ele era um lutador, mas porque era só um homem.
- Andou fazendo muita coisa nesse tempo, não é? Mas tenho certeza que continuo melhor que você jogando cartas. - a pirata olhou o homem com uma expressão carregada de desdém, o que fez Atreus rir pelo nariz.
- Eu não contaria com isso, pirata. - serviu um pouco de uísque noxiano para si e sua parceira de jogos. Ambos beberam um longo gole, sentindo o líquido amarronzado descer fumegante pelas paredes da garganta. Além do mesmo gosto para jogos, também compartilhavam o mesmo paladar para bebidas noxianas fortes. - No entanto, é bom ter uma competidora à altura no xadrez para variar.
