O vazio que habita em nós

Capítulo 9

Noah dirigiu de volta para casa enquanto eu permanecia calada, observando a paisagem de pinheiros e bordos pelo caminho, vez ou outra secando algumas lágrimas com a manga da blusa.

— Eu nunca vou saber o porquê disso, não é?

— Receio que não. Não é o tipo de coisa que eu queria sequer me lembrar.

— Certo, não vamos falar sobre isso – Me observou por um instante – Vou te deixar em casa e vou pra casa caminhando.

— Não, para na sua casa e eu dirijo até a minha, são uns cinco minutos de distância, tá tudo bem.

— Não é o que parece. Você me assustou Lenan.

— Eu exagerei, eu tô bem, tô melhor agora.

— Não sei se você acredita, mas eu me importo de verdade com você.

— Eu acredito, obrigada – Olhei para Noah e tentei sonhar menos chorosa - Até que foi divertido antes do Mason aparecer.

— A pizza estava ótima - Comentou divertido.

— Pizza amanhecida é a melhor – Sorri.

Nenhum de nós tocou no assunto sobre nosso beijo e tudo que se seguiu após ele.

E eu não queria falar sobre isso. Não naquele momento. Teríamos outra hora para essa conversa.

Noah parou em frente à sua casa e saímos do carro. Me recostei contra a porta do carona.

— Então te amanhã?

— Acho que sim...

— Sobre o trabalho de História...

— Tá tudo bem, eu terminei e coloquei seu nome nele. É minha melhor matéria, vamos sair bem – Segurei meu cotovelo.

— Sinto muito pelo que aconteceu.

— Eu também sinto. Era pra ser um dia perfeito – Lamentei fitando os próprios pés.

Noah me encurralou com os braços entre mim, apoiados na lateral do carro.

— Pra mim foi quase isso – Exibiu um sorriso de lado e colocou uma mecha de meus cabelos atrás de minha orelha – Nos vemos amanhã então - Depositou um beijo em meu rosto, no canto de meus lábios - Fique bem Lenan – Ainda não terminamos o que começamos - Desejou andando de costas enquanto se afastava voltando para sua casa.

***

Domingo 17:45

— Chegou cedo filha – Me deparei com papai na cozinha preparando o jantar quando entrei pela porta dos fundos.

— Ah, oi pai – Recostei no balcão da ilha da cozinha.

— É, acabou que a... a Cherry não tava se sentindo muito bem, acho que foi algo que ela comeu e achamos melhor voltar pra casa, pra ela descansar

— Ela está bem? - Voltou os olhos preocupados para mim - Você comeu o mesmo que ela?

— Na verdade eu não comi nada – Menti – Mas agora eu tô morrendo de fome – Desviei o assunto – O que tá cozinhando? - Forcei uma falsa curiosidade e me acheguei até o fogão.

— Bife, pure de batatas e alguns vegetais. Sabe, o de sempre.

— Eu gosto do "de sempre", parece bom. Eu vou la pra cima me lavar e volto pro jantar. As meninas mandaram saudações pra você - Inventei.

— Ah, diga à elas que retribuo – Respondeu sorridente – Elas são boas garotas.

— São, elas são - Sorri e corri escadas acima.