Capítulo 5

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- Leotie eu preciso ir até o outro lado da rua.

- Por que? - Indagou e tirou os olhos do celular piscando algumas vezes para mim.

- Eu preciso ver uma coisa rapidinho, você pode me esperar aqui?

A pequena franziu o cenho.


- Não, não quero ficar sozinha! - Fez um bico.

- Ah por favor Leotie, é rápido, eu prometo - Insisti.

- Eu vou contar pro papai - Cruzou os braços.

Suspirei vencida.

- Tá, tudo bem, vem comigo, mas você não vai abrir a boca! - Estendi a mão e a segurei.

Conferi quanto tempo faltava para as roupas secarem. Sete minutos.


Tínhamos sete minutos. Era um bom tempo.

Atravessei a rua com Leotie ao meu lado. Noah nos notou e observou fixamente enquanto nos aproximávamos.

Jogou o resto do cigarro no chão e pisou em cima.

- Noah Harris! - Disse tentando soar imponente diante dele.

- Lenan Jacobs - Deu um breve sorriso cínico - A que devo sua ilustre presença? Ah e essa linda garotinha? Qual é o seu nome? - Sorriu se curvando até a altura dela.

- Leotie - Respondeu desconfiada e se agarrou em meus quadris.

- Talvez você não estivesse tão errado - Observei e ele levantou as sobrancelhas surpreso.

- O que?

- Em pensar que me aproximei de você pra provocar meus amigos ou chamar atenção. Eu não sou tão amigável quanto pensei que fosse... Suas suspeitas tem... Tem fundamento.

Ele riu e passou as mãos nos cabelos.

- Então a princesa acordou pro mundo real.

- Eu realmente queria ser legal com você.

- Por que? - Perguntou provocativo.

- Porque...

Porque te acho gostoso.

- Porque ambos somos ferrados e isso me faz sentir empatia...

Noah mordeu os lábios e olhou para o céu cinzento, para Leotie e enfim para mim.

- Pensei que tivesse me achado atraente - Sorriu e não soube se era apenas uma brincadeira ou uma provocação.

O fitei séria. Queria me impor.

- Me desculpe se soei como uma idiota.

- Você tem olhos bonitos sabia? Gosto do castanho.

Me senti desconcertada.

- Sempre diz isso pras garotas? - Indaguei sem humor.

- As garotas tem medo de mim - Sua voz soou triste, assim como seu olhar mudou.

Desviou os olhos e suspirou.


Sua pose durona não era mais tão evidente.

- Sobre o trabalho... - Mudei de assunto para o que realmente importava.

- Sábado, às quatro, eu tenho quarenta minutos de intervalo, pode ser?

- Tá... - Assenti acenando com a cabeça.

- Tudo bem - Apertei os lábios - Sábado às quatro. Certo, eu... Eu tenho que ir - Suspirei.

- Eu também.

O vazio que habita em nósOnde histórias criam vida. Descubra agora