Capítulo 12: Fondre

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Derreter (verb.): converter ao estado líquido ou pastoso; tornar terno ou emotivo; exceder-se na expressão dos sentimentos, desfazer-se em zelos, mimos amabilidades; enamorar-se, encartar-se; dar fim a.

"Ele era o segundo boneco de neve a derreter diante de seus olhos, só que esse era diferente. Era um paradoxo. Quanto mais frio ficava, mais derretia." - Markus Suzak

Narrator's Point Of View

Antes mesmo de abrir os olhos, Joalin tateou a cama em busca do gato dos infernos que tinha como passatempo assustá-la em todas as manhãs.

Ao constatar sua ausência, sentou na cama e se espreguiçou longamente com um sorriso bobo no rosto. Foi então que notou Amon sentado no batente da janela, com os olhos baixos e uma mancha branca na cara, a garota soltou um riso.

- Hoje não, Satanás. - O bichano balançou o rabo e desceu, saindo das vistas de Joalin, mas logo pulou na cama, miando e se esfregando em seu colo. - Sai de mim, sai, sai, sai, sai!

O gato continuou imóvel no meio de suas pernas e ela soltou um rosnado derrotado.

- Que porra é essa na sua cara? Se afogou no leite? - Ele a olhou de um modo que ela poderia até julgar amigável e lambeu sua mão. - Ew, tá melado! Sai da minha cama, sai!

Empurrou o bicho até que ele caísse e pôde jurar que ele olhou feio pra ela.

- Nem vem que hoje nem você consegue estragar meu dia...

Assim que o gato saiu do quarto, Joalin se jogou na cama novamente com aquele mesmo sorrisinho bobo.

A noite com a missy foi mais longa do que ela imaginaria e ela estava de volta no abismo sem retorno. Shivani foi doce, amigável e gentil, estava risonha, carinhosa e mais falante do que nunca, a garota não sabia o que tinha causado esse comportamento mas agradecia a todos os santos e divindades pela noite perfeita.

Eram duas horas da manhã e elas ainda estavam assistindo as Perseidas, deitadas na laje e Shivani encolhida em seus braços, cochilando vez ou outra e a abraçando como se fosse um porto seguro.

O maxilar da garota doía de tanto sorrir. Às três da manhã, Shivani havia pegado num sono pesado e a garota decidiu que já estava na hora de ir pra casa, acordou sua missy e a auxiliou cuidadosamente escada à baixo.

Fizeram o caminho de volta num silêncio tão profundo quanto na ida mas dessa vez, era totalmente bem vindo e confortável, já que a Shivani sonolenta não se importava de caminhar com as mãos entrelaçadas, muito menos de apoiar a cabeça no ombro de Joalin de vez em quando.

Elas andavam arrastadamente pelas ruas escuras e desertas e a garota decidiu que seria melhor acompanhá-la até em casa e assim o fez:

- Você me trouxe até aqui mas quem vai contigo até em casa? - Shivani perguntou num tom de voz sonolento, doce e preocupado, Joalin acariciava seu rosto enquanto estavam paradas em sua porta.

- As estrelas. - Apontou pra cima e Shivani uniu as sobrancelhas em preocupação. - Não se preocupe, em quarenta minutos estarei em casa.

- Mas está muito tarde pra você andar sozinha por aí e é muito longe.

- Sou cria do Rio de Janeiro, sei me virar de noite.

Ficou na ponta do pé e beijou a testa da missy, mas foi pega de surpresa pelas mãos frias dela em seu rosto, segurando-o delicadamente e antes que pudesse até piscar, Shivani rossou seu nariz no dela varias vezes num longo beijo de esquimó.

𝘚𝘱𝘳𝘪𝘯𝘨 𝘈𝘸𝘢𝘬𝘦𝘯𝘪𝘯𝘨 - 𝘚𝘩𝘪𝘷𝘭𝘪𝘯 Onde histórias criam vida. Descubra agora