Capítulo 16: Vertige

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Vertigem(s.f.): Sensação de falta de equilíbrio; tonteira; sensação de oscilação, de instabilidade corporal; sensação que dá a ideia de que o corpo está girando em relação ao que o rodeia; desmaio; sensação de fraqueza ou perda momentânea das forças físicas; desvario; descontrole emocional; ausência momentânea de razão.

"O que é vertigem? Medo de cair? Mas por que temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida? Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados." - Milan Kundera

Narrator's Point Of View

- Joalin, você seria uma escoteira e tanto... - Sabina disse com um sorriso forçado ao ver a quantidade de coisas empilhadas para o acampamento na calçada da apprenti.

A garota passou uma hora se remoendo de nervosismo enquanto fuçava todos os cantos do apartamento em busca de tudo que lhe fosse útil numa noite ao ar livre.

Todas as suas lembranças de acampamento eram péssimas e as memórias com Krystian piores ainda, mas ela não conseguiu recusar o convite das patroas sabendo que um par de olhos castanhos estariam esperando por ela.

Olhos castanhos aqueles que ela vinha evitando durante toda a semana, ela nem sabia o que esperar dessa situação. Saiu pegando tudo que achava essencial para tal ocasião - o que foi realmente difícil, já que Keaton odeia acampar então logicamente não tinha muitos equipamentos úteis - e conseguiu juntar o básico da sua lista de sobrevivência:

Uma barraca, um colchão inflável e a bomba para encher, saco de dormir, isolante térmico, cobertas e travesseiros, lanterna, pilhas, repelente, uma garrafa térmica com café e outra com chocolate quente, uma mochila com biscoitos doces, salgados e guloseimas, garrafa com água, algumas mudas de roupa, um kit de primeiros socorros, sua polaroid, canivete multiuso, isqueiro, meias extras, sacos plásticos, capa para chuva, fita adesiva e uma corda.

- Será que eu esqueci alguma coisa? - A garota disse receosa quando Sabina fechou o porta-malas.

- Vamos acampar em um lugar que fica há meia hora daqui junto de mais duas pessoas, você não vai morrer por ter esquecido algumas calcinhas.

A garota maneou com a cabeça um tanto quanto insegura - mas não era por conta das coisas que levava ou deixava de levar, e sim por conta de um belo par de olhos castanhos - e entrou no EcoSport vermelho tentando relaxar conforme Sabina dirigia.

Ela não sabia o que tinha dado em sua cabeça para aceitar tal convite. Se Shivani não falara com ela durante a semana toda, porque iria querer sua companhia agora assim sem mais nem menos? Isso era bem estranho e ela não conseguia pensar em nada que a fizesse entender.

Queria saber o que se passava na cabeça imprevisível de Shivani e o que diabos ela sentia - se é que realmente sentia algo -, queria saber o que ela queria afinal. Estava nervosa com o que se resultaria dessa situação, mas agora que tinha topado, tinha que se deixar levar.

Ao seguir pela avenida principal da cidade naquele momento, beirando o rio, foi quando Joalin percebeu que ele parecia interminável. Quanto mais Sabina pisava fundo e avançava, mais parecia que não saíam do lugar.

Os centros comerciais passavam e vinham outros e outros, e depois casas e mais casas e mais centros comerciais e galerias. Era incrível como Amiens era bonita dessa forma, parecia que tudo era infinito.

Quase meia hora depois, as edificações foram ficando mais escassas e espaçadas, o lugar foi ficando mais verde com grandes dormideiras crescendo nos muros e árvores de raízes monstruosamente grossas, e o barulho da água corrente se tornou mais forte. A garota se ajeitou no banco e abriu o vidro para escutar melhor. Sabina sorriu ao observar a garota.

𝘚𝘱𝘳𝘪𝘯𝘨 𝘈𝘸𝘢𝘬𝘦𝘯𝘪𝘯𝘨 - 𝘚𝘩𝘪𝘷𝘭𝘪𝘯 Onde histórias criam vida. Descubra agora