emergency number

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×× :não por favor, aguenta firme, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem..

- eu repetia as palavras como se aquilo fosse se tornar real mais tarde, ele parecia jovem, minha idade, seu rosto estava com um arranhão e o corpo sangrando em meus braços, ele ainda estava consciente pois quando eu fui verificar sua cabeça ele pegou em minha mão. -

×××:eu devia ter pulado de um lugar mais alto, acho que a queda não foi como eu esperava, tudo bem, amanhã posso tentar de novo.

××:cala a boca, você não vai morrer. não aqui, agora. desse jeito.

×××:eu não deveria morrer no colo de uma estranha, eu também concordo com isso.

- ele tenta me afasta e eu não me movo. -

××: não deveria morrer de nenhuma forma.

- pego o telefone e ligo novamente pra emergência-

××: por favor, podem vim mais rápido.. por favor

- O encaro, provavelmente ele deve ter alguém esperando por ele em algum lugar, como ele pode acabar com tudo assim.

×××: não sinta pena, nem me julgue, não pense sobre os motivos que me levaram a fazer isso, você nunca vai entender.

××: queria ser o tipo de pessoa capaz de ignorar isso, queria não ter uma dimensão da razão que te levou a isso, mas graças a alguém, eu tenho.

×××: do que está falando?

- ele pergunta e tosse -

××:nada

- fecho seus olhos que estavam quase já fazendo isso sozinhos, aperto sua mão e fico em silêncio, torcendo pra ouvir o som da sirenes. -

horas depois

Doutor: ele vai ficar bem graças a você

××: a mim?

- falo e uma risada nervosa sai sem que eu perceba -

××: desculpe é que... só é meio impossível de acreditar

Doutor: ele já vai acordar fique a vontade caso queira velo.

- vou até a frente do quarto dele e penso se devo entrar, tem um balcão em frente e uma enfermeira fazendo anotações, então peço a ela um post-it e escrevo um recado. -

Avenida dávila, lado esquerdo, a cafeteira mais vazia que achar, me procure se precisar conversar. E por favor, não tente, não tente fazer nada. Apenas não, tabom?

{...}