12

5.8K 328 14
                                    

-Filha?-Ouço a voz do meu pai.

Me levantei assustada, encostei a porta e o Filipe fez nem graça e vestiu a roupa. Liguei o chuveiro pra não dar briga.

A gente transou pra caralho, até o talo mermo, ficamos ali deitados conversando sem mais nada além disso.

-Como eu vou sair porra?-Pergunta baixo.

-Pela janela, demente!-Falo e ele me olha bolado.

-Filha ta aonde?-Ouço ele se aproximar.

-To no banho pai!-Falo e me viro pro Filipe.-Vaza, filho da puta! Vai dar b.o porra!-Falo baixo.

-Filha da puta, fodida do caralho, da próxima te quebro.-Dou risada.

Ele pula a janela, me abaixo e ele me dá um selinho e voa dali. Corro pro chuveiro me molhando o corpo, me enxugo e coloco o mesmo vestido, meu quarto tava todo bagunçado. Vou pra sala e vendo meu pai com uma cara nada boa.

-O que houve?-Pergunto preocupada.

-Teve um acerto de contas na cadeia.-Me sento ao seu lado.-Teu marido foi pro saco.-Sinto meu coração parar por um segundo.

Parecia que toda a dor que ele me fez passar havia sumido do meu corpo, eu me sentia bem, finalmente leve. Uma lagrima escorreu, minha respiração então presa, sem que eu perceba, foi solta. Respirei fundo, limpei meu rosto e olhei pro meu coroa.

-Como foi?-Suspira se esticando.

-Esfaqueado, 20 no bucho e um corte profundo na garganta.-Me olha sem muita expressão.-Pelo menos não tem chance dele te fazer mais mal.-Ele ri e eu rolei os olhos repreendendo.

-Não fala assim, ele é pai da Jade ainda.-Dá de ombros.

-Todo mal que ele fez pra tu, tem mais que queimar no inferno.-Fala com nojo.

Papai tinha tanto nojo do Pedro quanto eu tinha, nenhum pai ou mãe que seja gosta de ver o filho sofrer na mão dos outros, falo por que sou mãe também! Sei bem.

Suspiro fundo pensando na Jade, deito no epito do meu pai, faz carinho no meu cabelo. Por mais ciumento que fosse, ele é um ótimo pai, em todos os quesitos, mas unca foi um bom marido pra minha mãe, isso posso afirmar.

-Tinha alguém aqui?-Pergunta.-Vi um carro.

Olho pra ele e dou de ombros disfarçando.

-Deve ser algum turista, sei la.-Se levanta.-Já vai?

-Claro, tenho que comemorar, não é sempre que acontece coisas boas na vida.-Dou risada do sinismo dele.

Beija minha cabeça e vai embora. Logo Saio também pra buscar a Jade na escola, quase esqueci que agora é só eu e ela. Vou tentar simplificar pra ela tudo isso, ela não merece ficar sem saber o destino que tomou o progenitor dela. Só espero não confundir a cabcinha dela.

Paro em frente ao colégio dela. Saio do carro e espero ela junto aos outros pais que me olhavam feio. Logo vejo minha bonequinha sair, ela sorri e vem até mim.

-Como foi o dia, amor?-Pergunto segurando sua mão.

-Foi muito legal hoje, mamãe!-Fala animada, sorri.

-Quer então tomar um sorvete?-Assente sorrindo, sorri também né! Sou babona demais nela.

-A gente vai na tia Gaby? Fiz um desenho pra ela!-Coloco sua mochila e a lancheira no banco de trás.

-Ah filha, hoje acho que não.-Ela faz carinha de cachorrinho, coloco ela no banquinho.-Posso ver?

-Não.-Faço bico e ela ri sapeca.-é pra tia Gaby, mamãe, você sempre ganha desenho!-Sorri.

-Ah poxa, verdade mesmo.-Me sento no banco do motorista.

Minha nega é tão fofa, eu vou ter que tirar coragem do cu pra falar que o pai dela morreu. Vou tentar de algum jeito, a gente vai ter que ir no funeral daquel bosta.

Fui pra uma sorveteria que ficava na frente da praça. Sai do carro e peguei ela no colo, por ter 11 anos ela é pequena. Entramos na sorveteria, deixei ela no chão, pediu um sorvete de chocolate e fomos pra praçinha ali perto.

Sentei em um banco e ela ficou me contando tudo o que ela fez no dia dela. Nunca me falava de nenhuma amiguinha ou amiguinho que fosse, isso me preocupava muito mesmo.

Limpo sua boca que tava toda lambusada, sento ela no meu colo, beijo sua cabeça.

-Mamãe te ama ta?-Ela assente.

-Também te amo.-Sorri boba.

-Posso te contar uma coisa?-Assente.-Lembra do Gato?-Assente de novo, Gato era o nome do nosso falescido gato.-Ele virou uma estrelinha, não é?

-Sim.-Me olha com atenção.

-Sabe o papai?-Sua expressão fecha um pouco.-Ele viajou pra outro planeta e também virou uma estrelinha?-Ela olhou pros pés e me olhos de novo.

-Ele morreu?-Nego rapidamente.

-Não, amor! Ele agora é uma estrelinha, bem brilhante lá no céu e ele sempre vai brilhar por você.-Ela assente tristinha.

-Agora ele não volta mais né?-Nego.

-Dessa vez não mais, gatinha.-Sua expressão era totalmente triste.

-Eu posso virar uma estrelinha também?-Pergunta me olhando.

-Vai me deixar sozinha?

-Mas o papai ta sozinho também la.-Aponta pro céu.

Suspiro profundamente.

-Ele tem o Gato, amor, e eu só tenho você.-Suspira forte.

Ela me abraça com força, de um heito que nunca tinha visto ela fazer. Suspirei e carreguei ela pea irmos embora. Sabia que não ia ser fácil, ainda mais pra uma criança.

Dama da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora