Aquele emocional precário

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"Fechado" 

As letras brilhavam em vermelho acima do enorme nome que denomina o estabelecimento - Milk with Coffee - analisou de maneira metódica a fachada do lugar, o enorme vidro que dava acesso para o lugar aconchegante, a porta de madeira que naquele momento estava fechada, e dentro podia-se ver as mesas já limpas, o ar de algo vazio que apenas lhe afirmava que faltava poucos minutos para ela sair de lá. Por mais que já tenha ouvido-a falar inúmeras vezes que era desnecessário buscá-la no trabalho, uma parte de si nunca deixaria de se preocupar com a pessoa que lhe era mais importante.

Sabia com perfeição que nada no mundo iria substituir tudo o que aquela mulher fez por si, e talvez, ou no seu ponto mais profundo algo dentro de si apenas comprova que daria o mundo para ela se pudesse, ela merecia cada cutícula daquele lugar, cada fração de segundo, e por isso estava tentando trilhar o mesmo caminho, pois num futuro distante ele queria dar-lhe tudo o que recebeu mesmo tendo noção que não iria conseguir retribuir nem uma mísera fagulha de todo aquele amor.

Então, ao observá-la abrir a porta do estabelecimento, fechando a jaqueta diante da rajada fria que lhe atingiu por alguns segundos, tinha absoluta certeza que seus planos logo se concretizaram quando tivesse dezoito anos, observou o olhar dela passar pela rua escura, parando em si que estava em pé escorado na parede sentindo um pouco de frio, então, não viu mais a surpresa estampada naqueles olhos que tanto amava, mesmo não tendo a mesma cor dos seus, afinal, ela já imaginava que estaria por ali mesmo afirmando com convicção que não iria sair da sua cama - quando deveria estar dormindo - para ir buscá-la no trabalho apenas por não desejar que ela fosse embora sozinha para casa.

— Stiles? 

— Oi mãe.

Cláudia mexeu a cabeça em negação, aproximou-se dele puxando a toca do moletom preto, colocando sobre sua cabeça.

— Eu já disse pra não vim me buscar. — brigou ela, sabendo que seria mais uma vez ignorada. — Querido, já falei que não precisa vim pra cá, eu sei ir pra casa sozinha.

— Eu sei, mas isso não quer dizer que irei deixá-la ir sozinha. — brigou ele, então, viu ela mexer a cabeça como se estivesse desistido de fazê-lo ficar em casa, sabendo que seria temporário. — Agora vamos para casa, aqui está frio.

— E como foi o seu dia? — perguntou ele, sentindo o braço dela encaixar no seu, então, juntos começaram a andar a caminho de casa. Stiles não se lembrava quando foi exatamente que começou a ir buscar sua mãe no trabalho, talvez, há um ano ou dois, não importava mesmo, ele evitaria ao máximo deixá-la sozinha.

— Alguns clientes chatos, como sempre. — disse ela, dando de ombros. — E o seu? Como foi o primeiro dia de aula?

— Normal. — respondeu ele, ambos andando na calçada com algumas pessoas, comércios sendo fechados e todos caminhando para o seus lares ou seguindo para irem concluir outras tarefas. — Nada de interessante.

Cláudia riu.

— Para você nada é interessante. — disse ela, negando com a cabeça achando divertido.

— É, talvez. — concordou ele, lembrando-se da garota que seguiu naquele dia. — Estou focado em conseguir um emprego…

— Já falei pra você esquecer isso e aproveitar o seu último ano. — Cláudia disse, suspirando. Viraram em uma esquina. — Depois disso não vai ter tempo para mais nada.

— Mas quero ajudar a senhora. — retrucou ele.

— Você vai, por enquanto quero que estude, como vai ser tornar um jornalista se não ler e estudar muito? — perguntou ela, vendo-o suspirar. — Assunto encerrado.

Duas Listras - Stydia (Gravidez na Adolescência)Onde histórias criam vida. Descubra agora