Aquele momento tenso

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Se o professor naquele momento lhe fizesse uma pergunta apostaria que não saberia responder. A sua mente estava em outro lugar, em outra pessoa, em outra questão, com uma dúvida que não iria lhe saciar nunca, afinal, o que Malia lhe disse não saía da sua cabeça. 

Lydia estava grávida e Jackson não era o pai.

Então, seria…

Stiles queria negar o que sua mente produzia, parecia sensato não querer encarar aquele tipo de realidade. Era mais confortável, mais fácil e não parecia que iria destruí-lo tão rapidamente de uma maneira fatal. Contudo, cada minuto que se passava com a voz estagnada daquele professor com a sala em constante barulho só fazia Stiles querer fechar os olhos, deitar a cabeça na mesa e pensar em uma forma de escapar da armadilha que sua mente estava lhe dando como visão futura.

Ele sendo pai.

Meu Deus, poderia fingir que não sabia de nada, certo? Lydia não veio lhe contatar.

Negava internamente, ele não saberia fingir que não sabia a verdade ou a grande possibilidade do que estava acontecendo ao olhá-la todos os dias e tendo a dúvida que aquela criança poderia ser seu filho. Como também queria convencer a si mesmo que Lydia poderia ter tido outro homem e não seria ele o pai.

Mas Stiles sabia que seria uma mentira horrível.

Primeiro: Sabia que Lydia não tinha outro homem  - fora o namorado - e a noite que compartilhou com ele.

Segundo: Ele sabia que os sintomas aparecem após um mês e alguns dias.

Se ela estiver grávida, ele seria o pai.

Stiles respirou fundo ao ouvir o sinal do intervalo soar, levantou-se pegando sua mochila e guardando seu material.

— Onde você vai? — Isaac perguntou.

— Vou sair. — respondeu seguindo em direção da porta e deixando uma roda de amigos confusos.

Ele precisava ver Lydia.

Seus passos decididos lhe levaram para longe da escola, focando no rosto da garota que conhecia desde pequeno, que sempre compartilhavam a mesma sala e aquela que de repente se transformou no melhor alvo que seus olhos um dia poderiam observar. Poderia fingir que saber onde era a casa dela seria estranho - provavelmente era -, porém, ninguém iria saber que um dia do semestre passado a seguiu. Seria o seu próprio segredo.

Parar em frente daquela casa o estagnou completamente, o que iria falar? Como ela reagiria? E ele estava pronto para saber a verdade? E se fosse sim, que ele seria pai, o que faria? 

Toda a coragem que sentia foi pelos ares, deu alguns passos para trás, movendo a cabeça em negação, então saiu correndo pela rua desejando ter poderes telepáticos e descobrir a verdade sem Lydia suspeitar.

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O silêncio se estendeu por alguns minutos em uma troca intensa de olhares, o esverdeado estava determinado e o azulado surpreso. O assunto que foi posto sobre a mesa assustava uma e dava esperança para outra, dois lados opostos de uma questão séria e complicada. 

Não seria fácil aquela conversa.

Erica suspirou, olhava para a amiga sem saber como começar a debater aquele assunto, percebia que o nível de desespero de Lydia deveria está em um nível assustador, visto que, ela tinha pensado em algo que assustaria diversas mulheres por milhares de motivos diferentes.

— Por que pensou nisso? — foi a única coisa que conseguiu perguntar. Não sabia exatamente o que dizer, imaginou diversas coisas enquanto ia para a casa dela, mas não pensou que seria algo desse tipo.

— Porquê não quero ser mãe. — Lydia respondeu, cruzando os braços. — Melhor que dar para a doação.

Erica passou a mão em seu rosto, como poderia dar sua opinião sem parecer que estava menosprezando a dela e sendo contra? 

— Por que está falando isso comigo? 

— Porque eu sei que vai me ajudar, Kira  seria totalmente contra e nem se moveria para tentar me entender. — respondeu ela séria.

Erica encarou a melhor amiga.

— Lydia… — suspirou. — Olha, isso é complicado, não se pode decidir isso de repente, não é assim que funciona.

— Eu pensei muito…

— Não, isso é algo que você está decidindo quando está desesperada. — Erica retrucou. — Você precisa entender os riscos, precisa entender que envolve muitos fatores em relação a isso…

— Como o quê? — Lydia questionou brava, ela estava ficando irritada. — Não vejo nenhum empecilho para não conseguir abortar, é legalizado.

— Mas não é assim que funciona, você é menor, precisa passar por exames físicos e mentais que comprove que não pode continuar com a gravidez, seus pais precisam estar de acordo com a sua decisão. — Erica falou. — E precisa fazer até a 24° semana de gravidez e…

— Tem pílulas abortivas para isso. — intrometeu Lydia. — E os meus pais vão entender, eu sei que sim…

— Tem que entender que pode dar errado e isso pode significa o nascimento de uma criança com algo problema físico ou mental pela falha do seu aborto provocado. — Erica parecia soletrar nos dedos os motivos que teriam que ser investigados e focados para tudo dar certo. Não era algo simples e fácil de fazer, envolvia um longo processo para conseguir algo do tipo. — E o mais importante você pode se arrepender.

— Eu não vou! — retrucou ela, levantou-se irritada. — Sabe de uma coisa, vai embora. Não quero mais falar com você, pensei que me entenderia.

— Lydia…

— Vai embora! Agora. — virou-se para as escadas e correu em direção do seu quarto batendo a porta com força.

Erica suspirou, sabendo que não seria indicado tentar falar com ela naquele momento, caminhou para fora da casa pegando o seu celular. Mandou uma mensagem para a Kira .

" Lydia enlouqueceu, eu acho… Ela quer abortar"

Não seria indicado falar aquilo com os pais dela, então chamaria a pessoa que poderia acalmar a situação e tentar fazer Lydia mudar de ideia, pois tudo o que mais assustava Erica era o fato que Lydia poderia se arrepender e que a criança poderia nascer com alguma sequela se desse errado.

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Mais um dia que faltou na escola, saberia que sua mãe iria lhe questionar sobre isso, porém, não tinha cabeça para explicar nada. Naquele dia ficou trancado dentro de casa e pela primeira vez não buscou sua mãe no trabalho, deixando ambas mulheres preocupadas com a sua ausência. Mesmo afirmando que estava bem e que só estava cansado, as duas tentaram lhe tirar do quarto e convencê-lo a comer algo, nada do que falaram lhe fizeram sair.

Stiles estava sendo consumido pela dúvida.

Desejou fugir, mudar de cidade, evitar falar com ela, abandoná-la com um filho, qualquer maldade que o medo do desconhecido lhe provocou, contudo, por mais que insistisse em negar o óbvio decidiu que seria mais prudente encarar aquilo como o sinal claro de que sua vida deu uma volta de 360° graus.

Teria que dizer em voz alta.

Então, após encarar por diversos momentos o seu celular, ignorando as perguntas de Isaac que lhe questionavam o motivo de querer o número da Lydia, afinal, ele conseguiu com Kira  - que aparentemente lhe concedeu sem perguntas - e por mais que tenha acionado o alarme de sinal vermelho na mente dele, decidiu deixar assim mesmo, pois se a verdade fosse aquela que cogitava desejaria um ombro amigo para chorar.

O filho era seu? 

Gostaria tanto de descobrir a verdade sem ter que encará-la, gostaria tanto de resolver isso com um simples diálogo, gostaria tanto que fosse algo que não iria precisar levar para a vida toda como sua responsabilidade. Gostaria de tantas coisas, porém, a única coisa que conseguiu naquele momento foi discar aquele número.

" Alô? "

— Precisamos conversar, sou eu o Stiles.

Duas Listras - Stydia (Gravidez na Adolescência)Onde histórias criam vida. Descubra agora