CaveiraConquistei tudo o que eu tenho aos meus 17 anos, mal tinha tirado a catinga do mijo e já tava na vida do tráfico, e quer saber de uma coisa? Não largo essa vida por nada, meus luxos, meu dinheiro, foi neguinho subindo de pouquin em pouquin pra conseguir, se não fosse a fé naquele que não dorme por mim eu não teria nada hoje em dia.
Tem muito nego ai que me julga pelos caminhos que eu venho percorrendo, mas tu se importa? pois é, nem eu. Se deixasse eu faria tudo novamente só pra ver aqueles que tanto me julga se revirando de inveja, pai é rancoroso.
Mato e morro pra defender o meu morro, Nova Holanda tem meu nome, e só saio daqui de cabeça arrancada, conquistei isso aqui com muito suor e turnos dobrados, o antigo dono confiou o morro em minhas mão, era como um pai pra mim. Orgulho de tudo que eu venho construindo.
Eu sou feliz vendo que nenhum dos meus moradores não tem nada pra reclamar, eles pedem, eu dou, quer areninha? tá aí, quer praça, tá aí também, eu sou que nem o prefeito, só que cumpro com as coisas que eu prometo.
Aline: ei catarrento - Olhei em direção da porta onde a minha irmã tava de cara fechada, nega acha que é bonita, parece um urubu, pior que a cria se parecia comigo, não tinha nem como chamar de feia.
Caveira: fala tu - mandei o papo e voltei a bolar meu baseado, precisava tá na lombra pra aguentar essa vida de filho da puta.
Aline: Branco tá ai te chamando - Falou e saiu arrastando os pés, nega num sabe nem andar direito, ô agonia.
Branco era o meu irmão de consideração, cresci junto com ele, fez os corres comigo, sempre esteve comigo, hoje em dia é meu braço direito, era tipo um casamento, na alegria ou na tristeza, até que a morte nos separe, e aqueles papo todo.
Desci pra sala e lá tava ele conversando com a minha menor, os dois riam de alguma coisa e já fechei a cara, neguin acha que só porque cresceu comigo que pode mexer com a minha irmã ih alá, pode não, se deixar só vai se casar com trinta.
Caveira: Aline vai caçar o que fazer, tu não pode ouvir papo de gente grande - Dei tapa na cabeça dela que riu fraco e bateu na minha mão.
Aline: às vezes tu me cansa ó Danilo, se fode ai também, vou pro baile, flw - Ajeitou o cabelo e pegou uma bolsa e saiu batendo a porta, cheia de marra, coitada, parece um pavão se amostrando toda.
Caveira: manda o papo - Olhei pro Branco e me encostei na parede de cara fechada.
Branco: chegou carregamento novo lá na boca - falou e foi pra cozinha - Tem nada pra comer nessa casa não? Ta passando fome Caveira? - só se ouvia ele revirando os armários.
Caveira: Deve ter alguma coisa dentro do microondas sei lá, a Aline que faz as compras - Me arrastei pra me deitar no sofá - O carregamento é dos bons?
Branco: é obvio né fi, foi o pai aqui que encomendou - Apareceu com um pacote de treloso pela a metade.
Caveira: Bó descer pro baile? Tô no tédio desde cedo - Olhei pro meu relógio de ouro no meu pulso e já era 23:45
Branco: já ia te chamar, PL já mandou o papo que tem umas negas no ponto pra gente lá - Branco disse com um sorriso entre os dentes.
Caveira: Vou só trocar de roupa, espera ai e pergunta pra algum vapor se alguém foi atrás da doida - A menor tinha mania de dar perdido em todo mundo e depois aparecia achando graça, depois é sequestrada e fica chorando.
Subi as escadas e entrei no meu quarto já caçando algum traje maneirin pra ir, achei uma camisa da nike com a logo refletiva e uma bermuda jeans, peguei um sapato qualquer e passei o perfume de sempre, botei minha glock na cintura, naquele pique né, lindão.
Desci girando a chave da moto no dedo e encontrei o Branco na mesma posição que eu deixei ele, morgado no sofá. Bati na testa dele que se levantou em pulo.
Branco: até que fim a princesa terminou, vamo logo.
Caveira: vai tomar no cu porra, enche não - saí de casa trancando tudo - Qualquer coisa cês me aciona no radin - falei pros vapores que só confirmaram com a cabeça. Montei na minha XRE e saí cantando pneu, mandei logo um grau e sorri pros moradores.
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