Alexandra
Depois de tanto choro e lágrimas, consegui fazer meu pai bancar minha viagem pro Rio de Janeiro, não precisava do dinheiro dele, mas tava precisando economizar pra poder luxar na viagem. Já tava há quase uma semana no Rio na casa da minha melhor amiga que mora aqui, seriam ao todo três semanas vagabundando pelo rio, até começar minhas aulas na faculdade de psicologia, é fi, a mãe é nova mas é estudiosa.
Nasci e cresci em Fortaleza, meu cantinho que tinha me ensinado de tudo e mais um pouco, aprendi a ter marra, a manter a pose mesmo nas horas difíceis, a ser uma boa pessoa independente de quem me incomodar, a ser gentil sem fingimento, eu me considero uma boa pessoa, nunca me estranhei com ninguém por besteira, meus pais me ensinaram muita coisa e hoje eu sou o que sou por causa deles.
Ser gentil me trouxe muitas pessoas boas na minha vida, inclusive a dona Luiza, minha melhor amiga que assim que eu falei que vinha pro Rio, me chamou pra vim pra casa dela, e é claro que eu vim, pagar caro em hotel? deus me livre, agradeci mesmo, sou pão dura mesmo, gasto só quando necessário, dinheiro não cai do céu não meu filho.
A Luiza mora no morro da Nova Holanda, nunca tinha pisado o pé em uma favela, e te falar, gostei, já cheguei dando de cara com os vapor na barreira, e mano, nunca tinha visto arma na minha vida, dei um sorriso pra todo mundo e segui assim, eu que não ia meter banca pra ninguém em terra desconhecida, eu hein, sou muito nova pra morrer.
Luiza fez questão de me apresentar tudo, me levou pra Copacabana, Leblon, e eu já tava era vendo a minha fatura do cartão de tanto que a gente tava pegando uber, pensei que ia rolar carona dos amigos da Luiza, mas ela falou que não ia arriscar sair de dia com eles por conta dos botas, então já me liguei em não pedir favor pra ninguém de dia, deu pena.
Luiza: Alê vamo pro teu primeiro baile, se arruma que os meninos daqui a pouco vem buscar nois - a minha amiga já mandou o papo aparecendo no quarto enrolada na toalha com aquele cabelo loiro dela preso em um coque.
Alexa: Caralho Luiza, e tu só vem me falar agora? teria me depilado direito né mano - Já corri pro banheiro escutando a risada da luiza.
Luiza: te mandar logo as ideias, em hipótese alguma aceite bebida de estranhos, nem maconha, pode tá estragada e depois quem se fode é tu, não use lança, se eu te ver usando eu te deixo careca - Foi ditando as regras e eu só me preocupava em depilar minhas pernas - Não afronte nenhuma nega, sei que tu pode derrubar elas em um murro, mas tu não conhece ninguém aqui, então fica mais complicado pra tu.
Alexa: e eu lá vou arranjar confusão Loirão, quero é paz, só quero curtir e dançar - Respondi rindo.
Loirão: mesmo assim, já ta avisada, será que eu tô esquecendo de alguma coisa? Ah sim, não fique de cara fechada pra ninguém pelo amor de deus, esse povo é tudo emocionado, tudo birrento.
Alexa: beleza, mais alguma coisa? - Sai de banho tomado, cheirosinha e o mais importante, depilada.
Loirão: aproveite sua noite e se divertida o máximo que puder, se quiser beijar na boca, pergunta se eles namoram e garanta que eles não estão de aliança no dedo, cordão com nome sei lá, os machos daqui tudo engana amiga - falou vestindo um cropped preto de cordas e um short branco curto.
Alexa: quero beijar ninguém, já falei, se for pra beijar alguém quero ficar com uma pessoa que eu sei das procedências e ficha limpa, fora isso só sorrisos e nada mais.
Loirão: cuidado pra não pagar com a língua, no baile só tem homem gostoso, só não são gente de boa fé, mas de resto são gatinhos. - Botei um short jeans escuro e um cropped branco de manga longa, ia morrer de calor? ia, mas tava gata.
Alexa: sou alérgica a gato, te falei não? - Luiza gargalhou alto, e me juntei a ela, comecei a rebocar a minha cara e tava gatona até, sério.
Terminamos de nos arrumar depois de uns 15 minutos e escutamos umas buzinas do lado de fora.
Luiza: segue o que eu te falei e seja feliz.
Alexa: Sim mamãe.
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