The Motel (Brumilla)

Conexão

Só pra vcs não falarem que sou ruim, amanhã é minha última prova. Depois disso estou livre pelas tardes.

Então pode ser que eu atualize de vez em quando durante as semanas.

Mas os dias de atualização são os fins de semana mesmo.

"Se eu der uma sumida de vez em quando liguem não, estou estudando como doida pra vestibular, vou fazer prova pra três faculdades completamente diferentes, então está tudo uma verdadeira loucura"

Só isso mesmo, boa leitura amores.

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Pov. Brunna Gonçalves

Naquela noite eu estava acabada, fazia quase uma semana dá noite em que saí com Ludmilla. Da noite em que tudo acabou errado. Depois daquele dia, todas as manhãs, Willian me dava flores e um pedido de desculpas. Eu ainda sentia meu corpo doer, ainda era difícil dormir e alguns hematomas ainda eram visíveis em meus braços e barriga.

Nesta semana, decidi não sair, nem para mercado e nem para lugar algum, e Willian pareceu entender a decisão, não me pedia tanta coisa. Porém, ele estava saindo todas as noites da semana e voltava na madrugada, quando eu estava com sono demais para ver seu estado.

Em uma das noites, ele chegou a me acordar, bem na madrugada. Beijos leves eram depositados sobre minha bochecha e pescoço, e eu sentia suas bochechas molhadas, ele estava chorando. Me pedia desculpas, mas eu conseguia sentir um forte cheiro de álcool e maconha. Neste dia, tive que acordar e deitar a cabeça de Willian no meu colo, fazer carinho em seus cabelos até ele adormecer de tanto chorar. Acordei com as pernas e costas doendo pela posição, ele já não estava mais lá, eu ainda estava encostada na parede e sentia fortes dores no pescoço quando virei para o lado e vi, em cima da escrivaninha, um bilhete e um buquê de flores. Naquele dia, eu revirei os olhos em todos os momento e todo o meu tempo que foi tomado para ler aquele bilhete que dizia o quanto ele me amava e se sentia feliz por me ter. Mas mesmo assim, meu coração não deixou de disparar e meus olhos não deixaram de derramar lágrimas verdadeiras de saudades.

A semana tinha sido lenta e tediosa, eu ficava em casa, dormia, acordava, comia e chorava. Essa era minha rotina quando eu não tinha coragem de levantar e pegar meu violão escondido para tocar algo até o final da tarde. Até meus dedos cansarem e meu corpo pedir por descanso.

Eu já havia me distanciado de minhas amigas desde meu casamento, Willian não gostava delas e dizia sempre para eu marcar depois, até elas ficarem irritadas e jogarem na minha cara o quão frustrante isso era. Eu não as culpava, era realmente chato se afastar de suas amigas tão próximas, apenas por um casamento. Essa é uma das escolhas que eu também me arrependo. Mas agora, eu não tinha coragem de chamá-las, dizer quanta falta eu sinto delas e como eu gostaria de sair com elas e rir, conversar de verdade.

Fiquei a semana toda me remoendo, me sentindo culpada e pensando em uma maneira de pedir desculpas para Ludmilla. De mostrar à ela que, mesmo com tudo, ela não é a culpada, e sim, eu.

Quando pude perceber, já era tarde demais, eu já lhe havia enviado mensagens, e ela tinha respondido. Meu corpo agora parecia em transe, um choque eterno com sua mensagem.

(Lud💜): Eu vou te dar atenção, meu amor.

Meus olhos não cansam de ler e reler a mensagem que me fora enviada. Minhas mãos tremiam. Eu não sabia muito bem do porque esta reação, mas eu estava... contente. Um sorriso se formou em meus lábios e meus olhos estavam marejados.
o que isso significava?

(BananasBru): Por favor, tente me encontrar amanhã.

Foi tudo o que consegui responder enquanto lutava para que meus olhos parassem de lacrimejar. Agora eu estava deitada na cama, conhecendo mais uma vez o teto branco, essa casa parecia um inferno. Eu sabia que Willian não me mandaria mensagem algum antes da meia-noite. Eu sabia que nada de extraordinário iria acontecer hoje a não ser que eu levantasse e fosse atrás de algo ou de alguém. Eu sabia, no fundo, que queria que Willian não voltasse para casa.

Meus olhos começaram a pesar quando comecei a me forçar a tentar contar quantas estrelas poderiam ser contadas sobre a janela na outra extremidade do quarto. Estava quase dormindo quando ouço uma notificação no celular. Pego-o e vejo que era Lauren, sorrio quando leio a mensagem pela barra de notificação.

(Lud💜): Consigo, Bu.
                 Te vejo amanhã😊

Não percebi quando meus olhos se fecharam e minha mente se apagou quando dormi sorrindo com o celular na mão, na esperança de alguém poder me ajudar.

Pov. Ludmilla Oliveira

Por algum acaso, Larissa me mandou uma mensagem perguntando algo bobo, e eu aproveitei para pedir para que a garota tomasse meus turnos, eu faria turno dobrado no dia seguinte. Sorri quando ela disse que estava tudo bem, só queria me encontrar amanhã de manhã para conversar um pouco. Mando uma mensagem para Brunma e acredito que ela tinha dormido, pois nem respondeu.

[...]

— Ludmilla, você nem precisa pedir duas vezes,garota. Você é dona daqui. — Larissa falou enquanto andava até a geladeira pegando água. Eu estava encostada no batente da porta olhando para a mulher que andava para lá e pra cá.

— Claro que não, Lari. Eu sou recepcionista, trabalho aqui da mesma forma que você, temos os mesmos direitos. — Respondo. O diálogo começou porque Larissa não concordava com a idéia de eu repor os dois turnos no dia seguinte. Ela ainda andava de um lado para o outro quando disse.

— Lud, seu sobrenome está no nome desse Motel. — Ela faz uma pausa e caminha lentamente até mim, sua mão direita segura meu ombro e Larissa ergueu meu queixo com o dedo direito da mão livre. — Querida, você é minha chefe aqui dentro, eu trabalho pra você se for preciso. Relaxe e voltaremos aos turnos normais depois de amanhã. — Ela diz e dá um aperto onde ela segurava. Soltou e passou por mim saindo da cozinha assim que revirei os olhos para ela. Segui a garota que se ouvia seus saltos ecoarem sobre o piso frio e branco.

— Nada disso, Lari. Não importa onde diabos meu sobrenome está, eu exijo que você possa me deixar fazer os dois turnos. Isso é respeito, garota. — Agora ela andava de um lado pro outro e logo paramos quando ouvimos o barulho do elevador se abrir. Vejo Patrícia Cristina e Antoni Cavi saírem do mesmo com seus ainda sorrisos lindos e encantadores. Conseguia ver Larissa pelo canto dos olhos e percebo sua coluna enrijecer, assim como percebo o olhar de Patrícia se fixar na garota ao meu lado. Os dois caminhavam elegantemente na direção do balcão e lhes ofereço um grande sorriso.
— Bom dia, senhor e senhora. Tiveram uma boa noite? — Minha voz parece quebrar o clima e a tensão entre as duas mulheres Abir parecia alheio aos olhares.

— Bom dia, senhorita Oliveira. Ótima noite para nós, não? — Antoni comprimenta com um aceno e olha para Patrícia que estampou um largo sorriso para o homem. Um aceno de cabeça confirmou sua pergunta e logo sua voz doce tomou o lugar.

— Bom dia, queridas. — Uma pausa e um aceno para e mim e logo depois para Larissa que parecia piscar mais do que o normal. — Foi realmente uma ótima noite, aquela banheira é perfeita, uau. — Patrícia diz com animação e toca minha mão que estava apoiada em cima do balcão, sorrio mais largo assim que percebo a sinceridade em seu olhar.

— Creio que seja, sempre procuramos o melhor conforto para nossos clientes, fico feliz com que tenha gostado e aproveitado. — Nenhum deles pareceu maliciar a frase, mas os dois me ofereceram belos sorrisos, era como se eles sempre fossem felizes e bens um com o outro. — E essa... — Aponto para Larissa que acena com a mão fazendo seus anéis brilharem, a atenção do casal corre para a moça, inclusive a de Patrícia. — É Larissa Carvalho Recepcionista que fica com o turno contrário do meu. — Patrícia foi a primeira a estender a mão para a garota de cabelos castanho claro, assim que ela se aproxima mais do balcão. Suas mãos se juntam em um cumprimento calmo, sem pressa, e Antoni parece perceber algo quando chega mais perto do balcão e me olha com calma, mais um aceno e seu olhar parecia aliviado, ele já tinha entendido o que tinha acontecido.