Pov. Ludmilla Oliveira
Brunna chorava sem parar em meus braços. Me permiti derramar algumas lágrimas ao perceber pensamentos tão confusos em minha cabeça, sabia que ela estava mais do que angustiada, mas por outro lado, não tentei falar nenhuma palavra para acalmá-la, eu sabia que ela precisava liberar tudo aquilo de uma alguma forma, e talvez essa fosse a forma que ela havia encontrado.
Perdi a conta de quanto tempo passou, quando Brunna parecia mais calma, seu rosto ainda estava enterrado em meu ombro, seus cabelos causando coçegas em meu pescoço e queixo, agora ela apenas respirava, puxando e soltando o ar com calma, às vezes soluçando. Meus braços continuaram envolta de seu corpo enquanto pensava em mil maneiras de matar Willian.
Meu ombro foi o primeiro a sentir falta do contato de Brunna, assim que ela se afastou e colocou as próprias mãos no rosto, limpando sua pele molhada. Levantei o rosto olhando para as estrelas, evitando meus olhos embaçados e marejados. Olhei novamente para Brunna, suas mãos agora só cobriam todo seu rosto.
— Me desculpa... — Eu ouvi baixinho e abafado por suas mãos em seu rosto. Não sabia porque diabos ela estava me pedindo desculpa, não sabia o que Brunna gostaria de dizer. Não conseguia nem imaginar em como estava doendo, e eu gostaria de tirar toda essa dor dela.
— Nunca peça desculpas. — Falei baixo, me aproximando, segurei suas mãos e afastei-as devagar de seu rosto, Brunna me olhou com os olhos marejados, e uma lágrimas solitária desia por sua bochecha. Minhas mãos levaram as dela até seu colo, fiz um carinho leve em uma delas e logo subi a mão até sua face limpando sua lágrima, e segurando nas laterais de seu rosto, como havia feito mais cedo. — Pode falar tudo o que quiser, Bu. Você é livre, meu bem. Livre. Porque somos humanos, individuais e livres. — Meu dedão percorria toda a pele de sua bochecha, minha pele estava úmida por conta da de Brunna, mas isso pouco me importou quando seus olhos encontraram os meus e enxerguei um brilho leve.
— Eu amo ele. Mas eu não sei... Eu-eu não entendo a necessidade dele. — Ela suspirou e soluçou, ela ainda estava se acalmando para falar o que me deixaria chocada. — Eu não entendo, Lud... A necessidade dele de simplesmente... me agredir. — A última frase foi tão baixinha que quase não ouvi. Me forcei a não fazer uma expressão de ódio e evitei puxar Brunna para um abraço assim que ela olhou para minha blusa, ela continuaria falando. — Eu não entendo, Lud. Ele me ama e me odeia tanto. E eu não sei mais o que dizer em questão à isso. Eu me afastei de muitas das minhas amizades e deixei para lá tantas coisas que eu poderia ter feito, só porque ele não gostava ou porque reclamava. Eu tentei me tornar perfeita pra ele, mas parece que cada dia mais ele me desgosta um tanto, e eu não entendo no que eu errei, Ludmilla. Eu não sei se eu sou feia demais, magra demais, gorda demais, chata demais, falante demais, ocupona demais... Eu não sei o que tem de errado em mim que faça ele me odiar tanto. E toda vez que ele chega do trabalho, ele só desconta em mim toda a raiva do mundo e eu não sei pra que. Eu tento conversar com ele e parece inútil, ele se irrita com tudo que eu falo e levanta o tom de voz, eu tenho medo de falar algo que faça com que ele me machuque... eu sou completamente errada. — Brunna dizia e assim como suas lágrimas rolavam, meu coração se partia cada pedacinho mais. Eu não sabia o que dizer, mas Brunna parecia não precisar ouvir nada quando só me abraçou novamente, e eu permiti que ela chorasse em mim, novamente.
— Você, Brunna... — Comecei, tentando arrumar um frase não grosseira em minha cabeça confusa, eram tantas coisas que eu gostaria de dizer, eu poderia até deixar escapando algo como "foge comigo.", mas eu deveria encontrar palavras certas. — Você não é errada, de nenhuma forma. Eu sei Bu, que é exatamente o que ele coloca. Mas se ele acha um defeito em você e aponta de uma forma totalmente... Escrota. Não é mais amor... entende? Ele não reconhece você, ele não conhece você. Nem eu conheço você, mas sua essência é perfeita, e eu sei Brunna, que você não é nada do que sai da boca dele. Você é maravilhosa e eu percebo que o erro está nele. — Brunna chorava cada vez mais, e abraçava meu corpo tão forte que sinto que nós poderíamos nos fundir. — Bru, o defeito está nele. Ele te bate, vamos começar por isso. Eu não quero ser rude, eu quero ser honesta. Eu sei que dói ouvir isso sobre a pessoa que você ama, mas você presenciou esses episódios. Você me conta as crueldades que saem da boca dele, eu vou contar pra você o que eu acho disso. Ele é um nojento, Bu, não sabe cuidar de alguém. Você fez de tudo para mudar por ele? Isso não é certo, se ele te amasse, seria como você é, com a sua essência, e não com o corpo que ele moldou em você. Se ele te amasse, seus defeitos deveriam ser aceitos pelo mesmo. Se ele te amasse, ele não te colocaria pra baixo tantas vezes e muito menos ousaria bater em você. Tocar um mísero dedo em você. — Meus dedos estavam na nuca de Brunna, fazendo carinho nos fios de seu cabelo. Eu percebi que agora ela estava menos agitada e tentava se acalmar novamente, suas mãos apertavam o tecido de minha blusa, mas não reclamei, era tudo o que ela precisava. — Você, Brunna Gonçalves. É maravilhosa. E eu conheço tão pouco de você, gostaria de ir a fundo e lhe conhecer melhor, verdadeiramente. Você é tão boa, Bru, tão boa que eu poderia te chamar de anjo. E sabe, não importa os defeitos, todos temos, cada um lida com o seu. Eu acho você, Brunna, uma pessoa extraordinária, eu acho você maravilhosa, acho você espetacular, e imagino o que acharia de você se te conhecesse mais. Imagino o que acharia de você se tivesse passado horas e horas com você, naquele restaurante, conversando. Imagino o que acharia de você se passassemos a noite inteira aqui, apenas observando as estrelas diante desse céu lindo. Você é linda e seu corpo é maravilhoso como é. Você é magnífica e seu rosto é maravilhoso como é. Eu não te apontaria nenhum defeito, nem se você me pedisse. Na realidade, eu te ajudaria em qualquer coisa que você precisasse e quisesse consertar. Eu estaria aqui te dando a mão para qualquer momento que você precisasse, meu bem. Porque cada um é um, eu não sei o que se passa na sua cabeça e você não sabe o que se passa na minha, mas eu poderia tentar te ajudar em qualquer conflito, Bru. Qualquer um. — Não lembro qual foi o momento que Brunna afastou o rosto de minha blusa e apenas me olhou nos olhos, me olhou enquanto eu dizia cada palavra e me mantinha com a maior sinceridade do mundo para ela. Me olhou enquanto eu me abria para ela, naquele momento, naquele parque. Meus dedos ainda estavam na nuca da garota, e percebi seu sorriso se formar no canto dos lábios, apesar de seus rosto ainda estar avermelhado e inchado de tanto chorar. Sua pele parecia tão linda a luz da lua. Me aproximei de seu rosto e encostei nossas testas. Sua respiração pesada bateu contra minha pele, mas ela não se afastou, então apenas sussurrei. — Você não é um erro. Você não está errada. Você é maravilhosa e eu quero que se lembre sempre disso. Sempre. — Meus olhos se fecharam juntos do seu, sua mão encontrou meu pulso e fez carinho na minha pele, sorri.
Sua respiração era pesada, e logo que percebi a distância perigosa, a minha também ficou.
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The Motel (Brumilla)
FanfictionOnde Ludmilla trabalha no motel de luxo de sua família e conhece Brunna Gonçalves e seu marido William Harper... ❗Adaptação autorizada ✍Autora da fic original:. @DaddyYaa ⚠️ Atenção ⚠️ 🔶GATILHO PRA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, ABUSO PISCI...