VERY FUNNY, MOTHERFUCKER
MESMO ANTES DE ENTRAR NO RAP, EU JÁ ZOAVA COM AS PESSOAS. Isso foi na época da escola e ensino médio. Bem, 8ª série e todos aqueles 'maravilhosos' três anos que passei no 1º ano do ensino médio. Eu tive que escolher entre ser o palhaço da sala ou o rapaz tímido que sempre apanhava. Então, sempre que tinha a oportunidade, era praticamente garantido que eu iria ser o palhaço e agir como um idiota. Mas você sabe, nem sempre você tem como fazer essa escolha.
Quando eu tinha nove anos de idade, esse garoto, que só era um pouco mais velho que eu, decidiu que iria me bater ate não poder mais no banheiro da escola primária. Ele quase me matou. Eu falo sobre isso em "Brain Damage", e algumas pessoas acham que eu inventei, mas não aquilo realmente aconteceu. Meu cérebro sangrava pela minha orelha. Não foi como se eu ficasse em coma, mas eu meio que desmaiei e acordei só alguns dias mais tarde. E quando eu finalmente acordei, as minhas primeira palavras foram "Eu posso soletrar elefante". Eu acho que me sentia como um Ringling Brother.
Então eu tive que rapidamente aprender a responder zoando. E por sorte, zoar as pessoas e ser zoado meio que te treina pro hip-hop. Parece muito com uma batalha. Você tem que estar preparado: se você não tiver uma resposta rápida ou se sair algo fraco ou não engraçado, irá fazer você parecer um imbecil. Muito do melhor hip-hop são os caras em uma batida legal e umas diss incríveis!
Eu deveria estar agradecido. Talvez se eu nuca tivesse apanhado tanto eu nunca começaria a responder os outros e talvez nem entraria para o rap. Provavelmente ainda estaria na Gilberts trabalhando por $5,50 a hora. Digo, eu ainda trabalhava lá quando conheci o Dre.Hailie, na época era só um bebê, mais ou menos 1 ano de idade. Você sabe quantas horas de trabalho, como cozinheiro, é necessário para que você consiga comprar uma caixa de fraldas? São 4 ou 5 horas. Então no final das contas, acho que não tenho muito remorso do dano na minha cabeça.
Acho que ainda existe essa percepção que sou um cara retraído, quieto, e que o palhaço que faço com a minha música é uma força de vencer a timidez. Mas eu sou um cara normal. Pergunte a meus vizinhos. Eu ando de bicicleta. Passeio com o cachorro. Aparo a minha grama. Eu estou lá fora, todos os domingos, falando comigo mesmo, nú, aparando o gramado com uma serra elétrica.
A imprensa provavelmente tem essa imagem de mim porque nas entrevistas eu não fico fantasiado, fazendo vozes, e agindo como um palhaço. Mas quem é que vai ainda ter energia pra fazer piadas quando te perguntam a mesma coisa durante 10 anos?? E ai, quando você finalmente faz uma piada e começa a brincar, essa é a única parte da entrevista que eles divulgam. "Toda a manhã eu chupo o pau de um elefante" e no outro dia, na manchete da revista vai estar lá em letras grandes: "Eminem: chupa pau de elefante!". Isso foi um péssimo exemplo, porque você sabe, toda a manhã eu chupo o pau de um elefante. Logo depois de escovar os dentes.
DE QUALQUER FORMA, EU SEMPRE FUI BEM ZOADOR. Quando meu tio Ronnie e eu crescemos juntos nós costumávamos passar trotes por telefone o tempo todo. Ligávamos um número qualquer e dizíamos algo como "Aqui é o seu médico. Lamento dizer mas você tem herpes", ou "Aqui é do corpo de bombeiro. A sua casa está pegado fogo". Você está grávida, ou você vai morrer, o que seja. Éramos os mais imbecis que podíamos ser, tentávamos manter a pessoa na linha o maior tempo possível. Não funcionada muito bem. A gente bolava algo como "Você tem que enfiar o seu punho na sua bunda" e ai eles acabavam desligando.
ENTÃO TROTES É ALGO QUE VENHO FAZENDO HÁ DÉCADAS. A primeira vez que vi o show "Crank Yankers" eu pensei "Eu tenho que fazer isso". Eu ainda tenho esse humor de um garoto da 6ª série em mim, e aquele show definitivamente estimulava mais isso. E isso foi um elogio sincero. Eu acho que a maior parte das pessoas que trabalham no "Crank Yankers", os produtores e tudo mais, ligam para as pessoas e perguntam se elas querem participar. Mas eu não. Eu liguei para os "Crank Yankers".