EU SABIA QUE QUERIA SER RAPPER POR VOLTA DOS 14 ANOS DE IDADE. Foi nesse mesmo ano que eu conheci Proof. Foi exatamente como eu descrevi em "Yellow brick Road". Eu estava a caminho de Osborn Hight, onde Proof estudava, distribuindo uns panfletos para meu show: "Eu pedi pra ele passar e me checar outro dia, ele olhou pra mim como se eu tivesse enlouquecido,mexeu com a cabeça dele tipo caras brancos não sabem rimar. Eu soltei uma rima e rimei aniversário com primeiro lugar e nós dois tínhamos a mesmas rimas que soavam parecidas. Nós estavam na mesma merda que Big Daddy Kane, onde compus sílabas soando combinadas daquele dia que nós estávamos só de passagem mas de algum jeito sabíamos que nos encontraríamos em algum lugar abaixo da linha."
Na Osborn, Proof me procurava no horário do almoço para batalhar e zoar com uns caras de lá. Nós ganhávamos um dinheiro com isso. Proof dizia: "Aposto 20 dólares no branquelo". Era a teoria "Homens brancos não podem pular" - ninguém achava que um garoto branco pudesse ganhar. Proof manda um som batendo na mesa e eu vencia todos aqueles que queriam batalhar. Isso era constante. Nós chegávamos em casa e dividíamos o dinheiro. Mas ai as pessoas começaram a se cansar desse jogo, e tivemos que inventar um novo.
Foi ai que comecei a pintar minhas calças jeans e jaquetas. Proof me mataria se soubesse que eu contei isso para as pessoas, mas o primeiro nome artístico dele era "Maximum". Então eu pintei "Maximum" no jeans. Eu levava meus desenhos a serio. Eu dobrava o tecido para a borda das letras se aderirem melhor, e depois pintava o interior. A tinta para pintura eu roubava - parecia um cleptomaníaco. Eu vestia uma jaqueta grande cheia de bolsos para que eu pudesse sair com as tintas.
Meus clientes eram pessoas como o Proof, os caras da vizinhança. Ele me dizia o que as pessoas queriam e eu falava "Quanto você acha que eu devo cobrar?", se era $60 eu dava a Proof $20. Naquela época, isso era muito dinheiro para mim, era meu segundo emprego. Melhor do que a fábrica em que eu trabalhava, melhor do que fazer sanduíches lavar os pratos da cozinha, limpar o maquinário e acabar ficando com a minha mão toda machucada.
Logo mais Proof chegou com esse cara que queria "Eazy-E" escrito nas contas de sua jaqueta. "Eazy-E" com uma arma. Quando eu comecei a pintar não tinha nem ideia do quanto iria demorar. Mais e mais pessoas começaram a querer as roupas pintadas, e começaram a me apoiar. Proof dizia 'Ei o cara quer sua jaqueta do "Eazy-E". Quando você termina?". "Eazy" ficou do tamanho exato da jaqueta cobrindo toda a parte de trás. Toda a arte custou mais ou menos umas 20 jarras de tinta que roubei.
Proof me ensinou a me erguer como homem. Ele foi o primeiro a me ensinar a lutar. Se você nunca levou um soco você tem medo porque não sabe o que esperar de uma briga. Proof e eu fazíamos umas lutas livres de vez em quando. Tinha um cara na Dresden Street que ficava assistindo a nossa briga. Ele gritava "Vamos lá Marshall levanta! Deixa de ser mulhersinha, levanta!". E Proof gritava "fica no chão cara, fica no chão". Mas eu sempre voltava pra luta. Ate Proof me nocautear. Eu dizia a ele "Não bate nos meus dentes. Por favor!"
Brigávamos como irmãos, mas nunca tivemos uma briga de verdade. Tínhamos uma ligação que não podia ser quebrada. Brigávamos pelas coisas mais estúpidas. Uma vez eu deixei de buscar Proof como havia prometido porque fiquei conversando com uma garota no telefone. Quando finalmente aparece, Proof disse que não queria mais jogar basquete comigo. Eu joguei a bola nele e mandei ele entrar no carro. Ele jogou a bola dentro do meu carro, bateu a porta e saiu com raiva. Ficamos semanas sem nos falar. Era estranho porque nós dois trabalhávamos no mesmo lugar - Little Caesars. Um dia ele chega e bate na minha bunda com uma toalha. Eu digo "Filho da puta!" corro pra cima dele e começamos a fazer uma guerra de toalhas. Do nada somos amigos de novo.
HIP-HOP SE TORNOU MINHA GAROTA, MEU CONFIDENTE, MEU MELHOR AMIGO.
Meu tio Ronnie me introduziu ao hip-hop quando tinha 11 anos. Minha avó só teve ele quando mais velha, então mesmo ele sendo o meu tio nós tínhamos a mesma idade, e crescemos juntos quando meninos em Missouri. Ronnie fazia as fitas dele mesmo. Ele vivia em um estacionamento de trailer e tinha dois rádios com espaço para fitas cassete.Ele usava para a saída das batidas. Apertava o play - lembro como se fosse ontem - depois apertava rec no outro aparelho e rimava sobre a batida. "That faggot walking down the street/ He think that he have a funky beat/ Huh-Huh, look at him, combing his hair/I bet that he don't even change his underwear/He thinks ge's bad, I think he's sad/But the only reason I am glad/ I am the king of the funky beat/ I know what's going down". Eu fiz uma cópia e levei para casa, escutei isso inúmeras vezes. Foi quando eu percebi o que eu queria para mim: Rap. Eu não tinha entrado no mundo do hip-hop ainda. Eu curtia Michael Jackson e New Edition, sabe, "cool it now". Mas ainda em "Cool It Now" eles faziam rap no final. Já tinha ouvido rap antes - o primeiro foi "Jam on It" do Newcleus - na rádio. E Ronnie havia comprado a trilha sonora "Breakin'" com uma faixa do Ice-t "reckless" nela. Depois que ouvi suas fitas, comecei a pesquisar tudo sobre rap antigo tipo Mantronix. Eu decorei a letra de "The Message". Tudo estava começando a se encaixar.