SUPERNOVA
NINGUÉM OLHARA PARA MIM DUAS VEZES ATÉ QUE ASSINEI COM DRE. Nós iriamos gravar nesse estúdio chamado Mix Room em Burbank. Tinha um shopping próximo que eu frequentava e eu era apenas um cara normal.
As coisas ficaram loucas muito rápido - 1999 foi o ano que tudo foi pro ar. Fazíamos tantos shows na época que parecia que estávamos literalmente nos matando. E bebíamos também. Eu nunca fui de beber muito, mas quando entrávamos na turnê a coisa ficava louca. As vezes, em quanto esperávamos para entrar no palco tinha bebida disponível, e começávamos a beber, e do nada já estávamos no palco fazendo show. Depois disso, saiamos do palco e bebíamos mais e pra valer. As vezes fazíamos era 2 ou 3 shows por dia. Era trabalho, bebida, desmaiar, acordar e ir para o próximo show.
Qualquer oportunidade que tínhamos de fazer dinheiro nós aceitávamos. As vezes tudo o que tinha de fazer era mostrar o meu rosto, e talvez uma ou duas músicas. Cara, eu me lembro de ganhar $5.000 só por cantar uma música, isso era o mundo para mim na época. Era viciado no trabalho.
Tudo o que tinha ate então era "My Name Is", tudo era novo para mim. Eu tinha pintado o cabelo na época e as pessoas se identificavam comigo e passaram a me reconhecer em qualquer lugar. Eu voltei ao mesmo shopping em Burbank - onde antes ninguém me conhecia - e surgiram uma ou outra pessoa pedindo autógrafo.
Aeroportos é onde tinha a maior confusão. Eu voava em linha aéreas tradicionais até o The Marshall Mathers LP sair. Você só sabe que você está muito famoso quando você esta sentado na sua poltrona e as pessoas não te deixam em paz, não te deixam dormir.
Depois que fiz o MTV Spring Break em 2000 - Dre e eu cantamos "Forgot About Dre" - eu estava esperando para pegar o voo para Detroit. Havia duas garotas sentadas na minha frente no portão do aeroporto. Eu estava dormindo. Eu acordo e descubro que estava babando. As garotas começam a rir. Uma diz "Posso ver seus polegares?" e eu digo "meu polegar?". Ela disse "Olhe seus polegares. Eles dobram para trás" Eu nunca tinha reparado nisso; por algum motivo meus polegares são hiperestendidos a ponta dele vai para trás. Elas estavam fascinadas com isso, e falavam do vídeo de "My Name Is". A outra disse "Eles são estranhos, mas também são muito fofos". Ei, eu tenho polegares fofos. Obrigado. Isso é ótimo. Aquilo foi estranho. Acordar e perceber que aquelas meninas estavam me observando o tempo todo. Eu não vou dizer que não me senti um pouco lisonjeado. Elas eram inofensivas - bonitas também. Mas foi um daqueles momentos que me perguntei: Eu sou uma aberração? Será que vou poder fazer coisas normais de novo como dormir no portão do aeroporto?
Mais tarde em uma das turnês - não me lembro qual - o avião que estávamos esperando deu problema, e acabamos dormindo no chão do JFK. Era eu, um dos seguranças, Proof, DJ Head, e mais um pessoal. Essa menina, talvez de 16 ou 17 anos, também estava lá, e ela não sabia o que fazer. Começou a chorar no telefone falando com a mãe dela. Eu e Proof a ajudamos. Os pais dela não queriam que ela entrasse nesse avião. As pessoas podem ficar realmente estranhas quando dá algo errado com o avião - não querem voar nem mesmo sabendo que já esta concertado. Eu falei ao telefone com o pai dela "Sua garotinha vai ficar bem. Vamos arrumar um voo com conexão para ela".
Então Proof e eu levamos a garota até o outro portão de embarque, e estava tudo bem. Mas acho que já estávamos em um nível de fama onde a garota ficou impressionada que nós fizéssemos algo assim. Ela não parava de nos agradecer, como se estivéssemos fazendo algo extraordinário. Mas era a coisa mais humana a fazer sabe?
Proof e eu voltamos ao nosso mini acampamento no portão e começamos a soltar piadas, apenas rindo. E essa garota do exercito estava sentada perto de nós, devia ser instrutora ou algo assim, vestida com as roupas de camuflagem, coturno e toda aquelas paradas. Ela disse "Hey imbecil!", eu olhei para Proof e fiquei tipo De Niro em "Motorista de Táxi", "Ela está falando comigo? Ela está falando comigo? Ela deve estar falando comigo, não tem mais ninguém aqui".