capítulo 7

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FAMILY MAN

SER PAI ME FAZ SENTIR PODEROSO de um modo como eu não conhecia antes, e é um tipo de poder que eu não quero abusar. É um tipo de poder que me ajuda a superar as merdas que aconteceram na mina infância. É como se eu estivesse reescrevendo a minha história.

Na minha vida eu tenho minha filha Hailie, minha sobrinha Alaina, e uma outra garotinha, Whitney, que não é minha filha biológica. Todas as minhas três meninas me chamam de "papai". Eu as amo da mesma forma e todas tem o mesmo tratamento. Por causa do meu sucesso eu pude proporcionar a elas de forma que minha família nunca pode para mim. É disso que isto se trata. No rap é como eu obtive controle da minha vida, e como as minhas meninas vivem. Eu só posso imaginar como as coisas que puder fornecer a elas teria me ajudado quando mais jovem.

Eu tendo explicar a elas o quanto nós temos sorte de ter coisas simples como passeios de carro e idas para escola, mas acho que vai levar um tempo até que elas possam entender de onde eu vim e o que o papai fez por elas. Eu já vi os dois lados dos trilhos, o subúrbio e a cidade. Tanto faz se era uma comunidade branca, negra ou mista em que eu vivia, eu sempre era pobre. Sempre. Doação de queijo, farinha, leite em pó - tudo isso. Eu tinha sorte quando eu conseguia duas roupas do Kmart por ano.

Eu queria que minhas filhas tivessem um local onde elas sentiam que era o lugar delas e se sentissem protegidas. Por isso que eu digo que minha maior conquista foi ser pai e o porquê eu sai do jogo por um tempo. Você não pode aparecer uma vez ou outra e se chamar de pai. Quando eu estava fazendo turnê direto, as turnês de verão eram as minhas favoritas porque eu podia levar as meninas comigo. Kim ia comigo também e a coisa funcionava. Outras vezes, se tinha que me afastar delas por um tempo, chegava a um ponto que eu sentia tanta saudade que acabava voltando. Tirava um dia de folga, pegava meu avião e voava para casa só para vê-las por um dia, voava de volta no outro dia para continuar a turnê chegando já em cima da hora.

Eu não faço turnê desde 2005, mas ainda estou trabalhando. Eu disse a uma de minhas filhas: "Papai tem que trabalhar muito porque ele não quer que você viva a vida que ele teve de viver". Você tenta explicar isso a uma critica de 12 anos ou 15 anos e elas te respondem de volta: "Bem, e porque temos de viver assim?", eu não reajo, mas dói ouvir isso. Elas não entendem. É uma fase que elas estão passando.

Eu quero que elas vão a faculdade. Eu tento passar valores educacionais a elas. Mas é difícil quando você não completou a escola e seu nível de escolaridade é até a 8ª série. Eu repeti o 1º ano três vezes, e eu tento conversar com elas sobre ir a faculdade?! Tento explicar a elas que o papai fez uma decisão ruim em largar a escola. Que eu tive sorte. Que eu ganhei na loteria. Sei que o talento ajuda, mas tem muitas pessoas por ai com talento. Se não fosse por Dre me dar uma chance e se eu não tivesse pessoas como Proof na minha vida que me estimulavam, nós estaríamos morando em um trailer em algum lugar.

A PIOR COISA SOBRE A FORMA COMO EU CRESCI ERA O FATO DE EU NUNCA TER UM VERDADEIRO LAR.

Eu sempre estava mudando de escola, e a mudança afetava o meu interesse educacional. Eu fui a dois jardins de infância em Missouri. Um era em um estacionamento de trailer, onde cada trailer era uma classe diferente. Eu nunca esqueço, minha tia avó Edna me levava a escola quando eu tinha 5 anos e ela tinha uns 60. Todos que ouvem as minhas músicas já conhecem a história da minha infância. Em "Evil Deeds" eu falo sobre como íamos de casa em casa: "Father, please forgive me for I know not what I do, I just never got the chance to ever meet you". Obviamente é um exagero. As letras são uma metáfora de como eu me sentia. Quando eu digo "Till somebody finally took me in, my great-aunt uncle Edna and Charles". Essa parte é verdade. Charles era o pai de meu tio, ele lutou na Segunda Guerra, e Edna era esposa dele. Eles foram minha salvação. Começou quando meus pais se separaram, eu ficava muito tempo com eles.

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