AEQUALIS || MINSUNG VER.

NOTHING IS IN THE RIGHT PLACE

Não vejo sinal de Felix em nenhum lugar após o banho que me havia sido prometido, estou encolhido no sofá com roupas maiores que eu me abraçando como uma pessoa. Roupas dele, claramente. Tem cheiro de limpeza e alfazema, isso me tranquiliza um pouco uma vez que vestir roupas de outra pessoa nunca pôde ser considerado meu esporte favorito. É íntimo demais. E estar em seu apartamento enquanto Jisung cozinha um café da manhã para alguém que ele conheceu na noite anterior é... uh, prefiro considerar afabilidade do que qualquer outra coisa. Não há segundas intenções em seus modos quando ele estende a bandeja em minha direção e se senta na poltrona oposta com apenas uma xícara de chá nas mãos. Gengibre, claro. Reconheço o cheiro do meu favorito a quilômetros. Sorrio em agradecimento e também pelo bom gosto do anfitrião. Ele é bom no que faz, percebo assim que engulo a primeira garfada. É como estar confortavelmente em um restaurante caro de Nova Iorque, exceto que não terei que pagar um rim pela refeição. Ele claramente me espia por sobre sua xícara enquanto deixo-me deleitar com os sabores, as texturas e o tempero divino. Penso que talvez deva fazer um elogio porque a comida está realmente muito boa, mas tudo o que faço é girar o pescoço em direção ao corredor que leva aos quartos, suponho. É cedo demais para perguntar por seu colega de apartamento?

— Ele está dormindo.

Jisung responde sem que uma questão efetiva fosse feita, a forma como ele pende o corpo para frente e coloca a xícara sobre a mesa de centro faz com que o alimento se revire em meu estômago. Seus braços são enormes, quase duas vezes maiores que o meu. E as tatuagens são um atrativo a mais. Não que eu realmente esteja minimamente inclinado a achá-lo atraente. Quer dizer, ele é um cara. E por mais que meu corpo seja biologicamente neutro em relação aos sexos, apenas... não. A ideia me causa frio na espinha. Além disso, o sujeito claramente é um alfa. E até onde sei, alfas não se relacionam com ômegas que não sejam sua aequalis. Não que eu esteja interessado, obviamente. É apenas uma observação. Estou de luto por Nancy e Max e todos os meus relacionamentos fracassados anteriores.

— Isso está bom — digo. — É sua profissão, cozinhar?

— Não — ele ri alto e cruza os braços diante do corpo, parece mais relaxado do que na noite anterior e seus olhos muito verdes brilham em algo que não tenho certeza do que é. — Apenas sou muito bom com as mãos.

Engasgo com uma quantidade grosseira de comida na boca. Mas que...? Alfas não flertam. Não comumente e não com ômegas. Exceto se forem livres. Imediatamente procuro por sua aequalis apenas para me lembrar que ela está devidamente coberta. Claro. Ninguém além de jovens demais e sonhadores românticos andam por aí com seus números expostos aos quatro ventos, é quase obsceno fazê-lo. Tomo um grande gole do chá para me recompor antes de alguma cor voltar ao meu rosto. "Ele não está realmente flertando com você, seu idiota" penso enquanto sou observado com certa curiosidade e cenho franzido em preocupação. Certo. Nada de flerte. Apenas uma frase comum que soou terrivelmente mal, acontece sempre com pessoas que não pensam adequadamente antes de se pronunciar. Certo? Certo.

— Eu sou professor — deixo-me falar apenas para preencher o vazio que agora há entre nós. Devo parecer um estúpido para Jisung e ele... céus, ele apenas continua ali com seus braços cruzados e expressão malditamente séria. Pergunto-me quantos anos têm como se fosse relevante. Não é. E não é porque jamais voltarei a vê-lo depois dessa manhã. — Do jardim de infância, tenho uma turma de dezoito crianças que parecem ter saído diretamente de um filme de terror de baixa bilheteria.

— Isso é quase indelicado.

— Oh não — abano o garfo diante do rosto como se o gesto pudesse afastar minhas últimas palavras. — Eu os amo, a todos eles. Especialmente Declan. E Jodie. E Bernie. Mas tenho que ser honesto quanto ao comportamento daquelas pestinhas.