Depois de nos levantarmos, Arden guiou-me até uma taberna. Na parede do comércio estava escrito "Sirius", caligrafado em gótico.
— A última vez em que adentrei em uma taberna não foi nada atrativo. — murmuro.
— Mas essa não é uma taberna qualquer.
— Não? – olho para ele confusa.
— Você compreenderá.
Cruzamos a estreita porta de madeira, um tanto desgastada e bamba. Estava cheio. Em seu ventre havia criaturas com cara de poucos amigos. Senti que cada passo meu estava sendo vigiado.
Caminhamos até o balcão, onde o elfo se escorou até surgir o que eu creio ser uma serafim. Ela tem cabelos azuis celeste e seis asas pomposas que emergem de suas costas e se arrastam até o chão.
— Arden! Nunca mais o vi por aqui. — A sua voz é tão doce quanto favos de mel, doce o suficiente para eu me sentir enjoada.
— Vim lhe apresentar a alguém. – Ele vira-se para mim. — Aurora, essa é Diana; patronesse desta guilda e comissária da rainha.
Cumprimento-a de longe.
— Prazer em conhecê-la, Aurora. – Ela se aproxima. — Essa é a guilda Sirius, feita para as criaturas desoladas, não pertencentes a Auryn. – Diana se move em minha direção cada vez mais, até o espaço entre nós ser quase nulo. E então, a serafim estende o meu capuz.
A sua ousadia não me agrada e eu, expressiva como sou, não disfarço bem quanto a isso.
— Quando quiser vir, as portas do Sirius estarão abertas para lhe receber. – Ela sorri e eu não retribuo, nem sequer tenho vontade de respondê-la. Cubro as minhas orelhas de volta.
— Não adianta mais se esconder, humana. Eu já vi tudo.
— Nem tudo.
— Estou atrapalhando algo? – Arden força uma tosse tuberculosa.
— Não. – Nós duas respondemos simultaneamente.
O guarda, logo perdendo a tensão no ar, muda rapidamente de assunto.
— Ora, minha querida Diana. Tenho aqui comigo acácias, ainda estão frescas. – O observo estender o pequeno escambo para ela.
— Certo, agora passe logo para cá. – Ela toma de sua mão de uma vez.
Quem diria que um ser celestial se deixaria render tão facilmente por uma flor murcha e sem graça?
Depois de algum tempo o feérico e eu nos acomodamos em uma mesa de canto, próxima a uma janela, enquanto Diana se entocou na adega.
— Como a conheceu? – refiro-me à abelhuda alada.
— Somos amigos há muitos anos. Nos conhecemos próximos ao forte de Amon, quando eu estava me escondendo de uma mãe furiosa.
— Imagino que você deve ter levado à fúria de várias outras mães. – Falo como quem não quer nada.
Vejo-o corar feito um belo de um pimentão. Não posso deixar de gargalhar por isso.
— Eu o deixei envergonhado?
— É melhor mudarmos de assunto. – Ele vira a cara.
— Está bem, mas então me conte, quem é esse Amon?
— É um dos membros do Alto Conselho da rainha, serve a coroa desde antes de minha irmã e eu sermos sequer gerados. E também é um dos muitos amantes de Lilith. Porém, curiosamente, a sua casa não é lá muito bem protegida.
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No amanhã de alguém
Mystery / ThrillerA meretriz, Aurora Jenkins, buscava a paz a mais tempo do que existia, mas alcançá-la parecia impossível. Tentada pela morte, ela põe um fim em si mesma. Entretanto, a pobre menina não chega ao céu, nem mesmo ao inferno, mas sim em um novo mundo. Po...