Capítulo 7: Sirius, a estrela dos alcoólatras

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Depois de nos levantarmos, Arden guiou-me até uma taberna. Na parede do comércio estava escrito "Sirius", caligrafado em gótico.

— A última vez em que adentrei em uma taberna não foi nada atrativo. — murmuro.

— Mas essa não é uma taberna qualquer.

— Não? – olho para ele confusa.

— Você compreenderá.

Cruzamos a estreita porta de madeira, um tanto desgastada e bamba. Estava cheio. Em seu ventre havia criaturas com cara de poucos amigos. Senti que cada passo meu estava sendo vigiado.

Caminhamos até o balcão, onde o elfo se escorou até surgir o que eu creio ser uma serafim. Ela tem cabelos azuis celeste e seis asas pomposas que emergem de suas costas e se arrastam até o chão.

— Arden! Nunca mais o vi por aqui. — A sua voz é tão doce quanto favos de mel, doce o suficiente para eu me sentir enjoada.

— Vim lhe apresentar a alguém. – Ele vira-se para mim. — Aurora, essa é Diana; patronesse desta guilda e comissária da rainha.

Cumprimento-a de longe.

— Prazer em conhecê-la, Aurora. – Ela se aproxima. — Essa é a guilda Sirius, feita para as criaturas desoladas, não pertencentes a Auryn. – Diana se move em minha direção cada vez mais, até o espaço entre nós ser quase nulo. E então, a serafim estende o meu capuz.

A sua ousadia não me agrada e eu, expressiva como sou, não disfarço bem quanto a isso.

— Quando quiser vir, as portas do Sirius estarão abertas para lhe receber. – Ela sorri e eu não retribuo, nem sequer tenho vontade de respondê-la. Cubro as minhas orelhas de volta.

— Não adianta mais se esconder, humana. Eu já vi tudo.

— Nem tudo.

— Estou atrapalhando algo? – Arden força uma tosse tuberculosa.

— Não. – Nós duas respondemos simultaneamente.

O guarda, logo perdendo a tensão no ar, muda rapidamente de assunto.

— Ora, minha querida Diana. Tenho aqui comigo acácias, ainda estão frescas. – O observo estender o pequeno escambo para ela.

— Certo, agora passe logo para cá. – Ela toma de sua mão de uma vez.

Quem diria que um ser celestial se deixaria render tão facilmente por uma flor murcha e sem graça?

Depois de algum tempo o feérico e eu nos acomodamos em uma mesa de canto, próxima a uma janela, enquanto Diana se entocou na adega.

— Como a conheceu? – refiro-me à abelhuda alada.

— Somos amigos há muitos anos. Nos conhecemos próximos ao forte de Amon, quando eu estava me escondendo de uma mãe furiosa.

— Imagino que você deve ter levado à fúria de várias outras mães. – Falo como quem não quer nada.

Vejo-o corar feito um belo de um pimentão. Não posso deixar de gargalhar por isso.

— Eu o deixei envergonhado?

— É melhor mudarmos de assunto. – Ele vira a cara.

— Está bem, mas então me conte, quem é esse Amon?

— É um dos membros do Alto Conselho da rainha, serve a coroa desde antes de minha irmã e eu sermos sequer gerados. E também é um dos muitos amantes de Lilith. Porém, curiosamente, a sua casa não é lá muito bem protegida.

No amanhã de alguémOnde histórias criam vida. Descubra agora