Capítulo 3

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— Eu pensei que você iria gostar da ideia — bradou Lauren, enfurecida.

— Se você transferiu-se para o Grey Sloan para que Tim fique perto de mim, sim eu amei. Mas se ainda tem esperanças de reaproximar-se de mim, achando que de uma hora pra outra eu vou esquecer tudo o que me fez passar e vamos ser felizes juntas novamente está completamente enganada — Arizona estava em pé, com as mãos apoiadas sobre sua mesa, pensativa.

— Vamos mudar para esse prédio, mesmo andar. O quarto da frente. Vamos ser vizinhas.

Ao invés de responder, Arizona apenas saiu andando para a varanda. Sabia que iria acabar falando o que não deveria. Estava exausta, precisava relaxar. Sentia sua musculatura da face enrijecida.

[...]

Tim passou o resto do dia com Arizona, enquanto Lauren terminava de fazer a mudança. O tempo que havia passado com o filho foi suficiente para perceber o quanto sentia a falta dele, de estar com ele, brincar, cozinhar juntos. A ideia de sua ex esposa ser sua vizinha era completamente absurda, mas o fato de que veria seu pequeno todos os dias a deixava animada.

[...]

Arizona havia acabado de lecionar mais uma aula para seus alunos. A semana de adaptação havia terminado e aquele era o terceiro dia seguido em que o pai de Sofia chegava uma hora atrasado para buscar a filha.

A loira pensou em ligar, em marcar uma reunião com ele e dá uma advertência por escrito, ou informar a diretoria sobre a situação recorrente e deixar que se resolvam para lá. Apenas deixou de lado e aguardou. A loira estava de joelhos debruçada sobre a mesa de Sofia, as duas estavam decidindo qual cor pintariam a copa da árvore.

— Verde claro ou verde escuro? — perguntou Arizona, com os dois lápis na mão, mexendo-os em frente ao rosto de Sofia que estava extremamente pensativa — Eu vou te ajudar. A gente pode pintar essa árvore com o verde claro e essa outra aqui — apontou para o desenho — com o verde escuro, o que você acha?

— Sim! Vai ficar bonito — respondeu animada.

As duas foram interrompidas por um barulho na porta.

Calliope estava há uns minutos observando enquanto as duas coloriam.

— Oi — cumprimentou.

— Olá, Dra. Calliope. Que surpresa — Arizona se inclinou para abraçar a médica.

— Sem formalidades, por favor. Pode me chamar de Callie — Callie a abraçou, sentindo seu coração pulando em seu peito.

— Tudo bem — Arizona sorriu — Em que posso ajudá-la?

— Mamãe! — Sofia correu, pulando no colo de Callie, que a carregou.

— Oi, meu amor.

— Sofia é a sua filha? — perguntou, surpresa.

— Sim. Eu não sabia que você lecionava aqui.

— Que coincidência!

— Verdade. A propósito — Callie colocou Sofia no chão e a menina correu para terminar seu desenho — Eu estou muito atrasada e sei que isso está acontecendo constantemente — ela fez uma pequena pausa — O Mark está com ela essa semana e ele me falou a respeito dos atrasos. Estamos nos adaptando também e a partir da semana que vem eu garanto que isso não irá acontecer mais. Mil perdões por isso.

— Eu entendo, Callie! Sem problemas.

— Muito obrigada.

Um silêncio se seguiu e as duas não fizeram nada a não ser olhar uma para a outra.

— Vamos, filha? — perguntou, rompendo o silêncio.

A pequena pegou o desenho e dirgiu-se para a porta.

— Deixe-me acompanhá-las. Também já estou de saída — Arizona pegou sua bolsa e saiu ao lado de Callie, que segurava a mão da pequena.

Quando chegaram ao portão as duas tinham sorrisos tímidos. Não sabiam dizer o que era aquilo e por que estava acontecendo.

Callie pegou as chaves do carro, abriu a porta e colocou Sofia no banco de trás, certificando-se de que o cinto estava travado.

— Posso lhe oferecer uma carona? — perguntou, virando-se para a loira.

— Não, não — Arizona respondeu imediatamente — Não precisa.

— Acho que é o mínimo que posso fazer, por conta do atraso de hoje.

— Eu chamarei um táxi, não precisa se preocupar.

— Não será incômodo, Arizona — Callie não sabia mais o que dizer para convencê-la — Por favor? — fez uma carinha irresistível.

— Tem certeza de que não será incômodo?

— Certeza, pode confiar — Callie respondeu, sorridente.

Após entrarem no carro, Arizona colocou o cinto. O clima estava desconcertante, não sabia como contorná-lo e não sabia se queria fazê-lo. Havia um silêncio agradável entre as duas. O rádio de Callie estava ligado baixinho e ela cantarolava timidamente. Arizona lembrou-se de elogiar a voz dela quando surgisse a oportunidade.

Depois de Lauren, Arizona jamais havia se interessado por outra mulher e não sabia o que fazer com essas coisas que estava sentindo.

Não sabia também se Calliope era o tipo de mulher que se permitia sentir tais coisas por outras mulheres.

Tantas questões a perturbavam.

— Aumenta, mamãe! — pediu Sofia.

— Essa é a nossa, Sofi! — disse, antes de aumentar o volume do rádio.

As duas cantaram What's Up e quando chegou no refrão a pequena se remexia no banco de trás, divertindo-se e cantando com toda a sua garganta. Callie olhava a filha pelo retrovisor, com um sorriso de orelha a orelha.

Arizona cantava em sua cabeça, amava essa música, mas não iria interromper o momento mãe e filha que, aliás, estava lindo.

— Sofia ama essa música, nós duas na verdade. Quase sempre toca na rádio e ela sempre pede pra aumentar o volume — Callie disse, quando a música acabou.

— Eu amei vê-las cantar, Sofia me surpreendeu — disse Arizona — na próxima à direita — orientou, indicando que estavam próximo à casa dela.

Callie apenas afirmou com a cabeça. Quando ela estacionou em frente ao prédio, a loira virou-se para ela.

— Muito obrigada, Callie — disse, sorrindo — você é muito gentil.

Arizona se inclinou para abraçá-la antes de descer do carro e seus rostos foram na mesma direção.

— Oops, desculpa — sussurrou, Calliope, sorrindo sem graça em seguida.

Arizona sentiu as maçãs de seu rosto esquentarem e, embora não estivesse tão claro assim, Callie percebeu que a loira ficou corada.

— Até logo, princesa — acenou para Sofia.

— Tchau professora Arizona — a pequena acenou com as duas mãos, dando tchauzinhos.

Quando a loira saiu do carro, Callie não pôde evitar olhá-la. Era uma mulher muito atraente. Tinha o andar delicado e quando os raios de luz chegavam até suas madeixas loiras, era como se reforçasse o brilho que já possuía naturalmente. Antes de dar partida, viu quando Lauren a encontrou na portaria, segurando a mãozinha de uma criança.

— Mamãe! — o garoto de cabelo loiro soltou a mão de Lauren e correu até Arizona.

Lauren aproximou-se da loira e depositou um beijo no rosto de Arizona, pegando-a desprevenida.

Callie não pôde evitar: sentiu um pouco de ciúmes, mas também jamais seria capaz de acabar com uma família que parecia tão linda. Olhou uma última vez, o garoto loirinho no colo de Lauren enquanto ele enchia o rosto de Arizona de beijinhos e ela soltava risinhos.

~.~

Qualquer erro será arrumado em breve!

Moments - CALZONA - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora