Capítulo 6

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— Então, Sumire. — Eu sabia que eu seria o alvo para quebrar o silêncio. — Você tem algum horário pra voltar?

Péssima pergunta, penso amargamente.

Boruto se atenta ao meu lado, ele sabe que eu moro sozinha, que minha mãe morreu e meu pai endoideceu.

— Pai, sem perguntas na hora do jantar. — Diz Boruto tentando me desvencilhar da pergunta.

— Que isso, você é o mais barulhento da casa e está pedindo silêncio? — Ironiza Naruto.

— Ora seu velho, você grita mais do que eu! — Disparou Boruto apontando o garfo na direção de Naruto.

— Não é verdade, diz pra ele amor! — Gritou Naruto de volta.

— Vocês dois falam demais, que saco. — Kawaki se meteu na briga.

Solto um risinho com a discussão de família caótica que estava tendo naquele momento.

— Chega vocês três. — Hinata dá o veredito. — Vai acabar assustando nossa visita.

Eles se aquietam rapidamente.

— Sumire, quando foi que você adotou Nue? É curioso saber que alguém escolheu uma macaco para cuidar. — Hinata faz a pergunta direcionada a mim.

Penso um pouco antes de responder, é uma boa memória que eu tenho, dolorosa, mas boa.

— Minha mãe me levou para adotar um bichinho quando eu tinha 8 anos, ele tinha sido raptado por caçadores ilegais e vendido, e como em todo o processo ele foi muito machucado disseram que eu não poderia viver com os outros primatas, ele não conseguiu se adaptar ao zoológico em nem a reserva, então eles decidiram que se ele não se adaptasse a ser animal doméstico ele teria que ser sacrificado, assim que eu entrei no petshop e o vi na na gaiola eu quis adotar. — Enquanto eu falo eu entro na minha memória.

Mãozinhas pequenas no vidro, eu encarava Nue como a coisa mais preciosa do mundo enquanto minha mãe falava " Você quer esse mesmo?", "Vai dar um trabalho danado", e finalmente ela cedendo "Eu achei que você adotaria um gato, mas como minha filha gosta de ser única o animalzinho não podia ser diferente também, tô orgulhosa de você".

Me sinto nostálgica e olho para reação dos outros, Hinata coloca mão no peito parecendo comovida com a história de Nue, Naruto parecia estar feliz por Nue não ter sido sacrificado, Boruto me dava um sorriso encorajador e Kawaki mantinha cabeça baixa, mas ainda sim podia observar seus olhos brilhando em aprovação.

— Bom, a Himawari sempre gostou de animais, não seria diferente com Nue, obrigada por trazê-lo. — Diz Hinata limpando uma lágrima quase caindo.

— Eu não duvido nada que Himawari vai convencer você e o Papai a adotar um macaco depois da visita inesperada de Nue. — Provoca Boruto.

— Ele dá muito trabalho Sumire? — Dispara Hinata, acho que ela realmente está pensando na possibilidade da Himawari pedir um macaco de estimação.

— Nue parece sempre estar ligado no 220 volts, ele tem muita energia durante o dia, por isso eu tenho que pagar alguém pra ficar de olho nele enquanto estou na escola. — Explico enquanto dou um gole no suco que estava na minha frente.

— Você não pode deixar com um familiar seu? Sua mãe nao pode ficar com ele? — Pergunta Hinata sem nem uma intenção de ser maldosa, mas a pergunta me pega de jeito denovo.

Boruto abre a boca para desviar novamente a atenção disso, mas era melhor falar logo que minha mãe havia partido há 5 anos.

— Ela morreu quando eu tinha 12 anos. — Disparo tentando não pensar na dor que isso poderia causar a mim, engulo mais suco na esperança de não parecer incomodada com a pergunta.

O clima ficou pesado denovo, Hinata parecia envergonhada por ter feito a pergunta, Naruto parece em choque mais ainda sim empático, Boruto solta um suspiro do meu lado e Kawaki olha pra mim enigmático.

— Eu sinto muito, não era minha intenção fazer se lembrar da sua mãe. — Sussurra Hinata de forma audivel.

Algo rompe em mim, sinto minha garganta fechando e coração doendo, não posso chorar aqui, agarro discretamente o pano da mesa.

— Mãe, terminamos de jantar vou subir com a Sumire pra fazer o quadro que você mandou. — Kawaki se levanta rapidamente e olha pra mim fazendo um sinal com a cabeça para segui-lo.

Me levanto da mesa rápido demais e vou para o lado de Kawaki, ansiando sair dali rápido.

— Obrigada pelo jantar Sra.Hinata, estava tudo muito bom. — Agradeço rapidamente e sigo Kawaki para o andar de cima, seja lá pra onde ele tiver me levando.

— Obrigado por ter me tirado de lá. — Sussuros atrás dele.

Ele para de andar no corredor, seus olhos revelam que estava travando uma luta interna, como se quisesse falar mas não conseguisse.

— Me desculpa por ter sido grosso com você, antes do jantar. — Ele diz tudo tão rápido que mal conseguido entender sem antes pensar um pouco.

— Eu realmente não sei o porquê de você ter feito aquilo, mas eu te perdoo de todo jeito. — Respondo limpando a garganta. — Até porque a partir de agora vai ter que me ver muito na sua cola. — Brinco.

Ele da um mini sorriso e segue para frente, ele abre a última porta do lado direto e entramos, um quarto, provavelmente o quarto de Kawaki, pois havia pôsteres bandas que ele provavelmente escutava, provavelmente, o quarto tinha cores escuras mas neutras, incrívelmente tinha bastante luz natural e por isso também havia uma cortina branca enorme que no momento estava aberta.

— Se considere sortuda, é a primeira pessoa além de mim e da minha família que entra aqui dentro.

Eu não sei bem o porquê disso, mas me agradei muito ao ouvir isso.

— Sou muito privilegiada. — Falo encarando a luz que vinha da janela.

— E então podemos começar? — Ele se joga na cama, esperando minha resposta.

— É claro.

Não se esqueça da estrela ⭐ e comentem bastante.

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