Seus Olhos Dizem ➵ Kawasumi

Capítulo 7

— Na verdade a temática do desenho nem é tão difícil, Kawaki, do que você gosta? — Pergunto enquanto encaro seu rosto, seria muito delírio meu querer que ele fale "você"?

— Não gosto de muitas coisas. — Ele dá de ombros e senta na cama, parecendo estar tentando se concentrar.

— Ok, vamos lá, sua família?  — Vou jogando opções.

— Muito difícil de se desenhar isso, não tenho o talento. — Descarta rapidamente. — Só se eu desenhar de palitinho — Ele dá um sorriso travesso

— Nem pensar. — Vejo o sorriso dele se desmanchar em uma carranca.

— E o que você sugere Monster High?

— Eu acho que deve...pera você me chamou do que? — O fuzilo com os olhos.

— Sabe aquelas bonecas lá da TV com os cabelos coloridos, é você. — Me arrepio quando ele me olha de cima a baixo.

— Você anda assistindo muita Monster High pra fazer uma comparação dessas. — Provoco.

— Culpe a Himawari, ela mal deixa eu tocar no controle quando ela está vendo televisão. — Ele faz pouco caso.

 Vou em direção da mesa que estava atrás de mim.

Com toda força que eu tenho eu jogo um livro em cima de Kawaki.

Ele se levanta muito atordoado como se tivesse acabado de levar uma pedrada na cabeça.

— Você..acabou de jogar um livro em mim? — Ele fala lentamente me encarando fixamente.

— Percebeu foi? — Tento soar confiante, mas no fundo meu coração batia mais acelerado do que nunca.

— Coisinha sem educação, ninguém te ensinou nada? — Ele reclama enquanto recolhe o livro da cama e volta a olhar pra mim.

Se ele  jogar o livro em mim, eu juro por tudo que a próxima coisa a atingir a cabeça dele vai ser esse abajur que está bem do meu lado.

Ele se a aproxima em passos lentos até mim, eu vou dando pequenos passos pra trás até encostar na mesa, encurralada, igual um animal fugindo de um predador.

— Você acabou de começar um guerra que nunca viu na vida, mas por hora, vamos focar apenas meu desenho, Koi No Yokan. — Ele sussura no meu ouvido, colocando o livro na mesa atrás de mim sem sair de perto.

Por um momento pude jurar que dava pra ouvir meu coração a quilômetros de distância.

— Vou pegar os materiais no escritório. — Finalmente ele se retira de perto de mim e sai pela porta.

Mal notei que estava segurando o ar, sinto minhas pernas tremerem e me sento na cama que antes Kawaki estava deitado.

Após acalmar meu coração das batidas acereladas, dou mais uma olhada pelo quarto, realmente, Kawaki gosta de muitas bandas, pôsteres de hóquei também não faltava, pensando bem, esse esporte é mesmo a cara dele.

Me levanto disposta a dar um turzinho pelo quarto antes que ele chegue, mas assim que me levanto ele entra no quarto de novo, com pincéis, cavaletes e quadros na mão.

— Uma ajudinha cairia bem aqui. — Diz ele ofegante.

Pego os cavaletes e posiciono em pé perto da janela, seguro os pincéis que ele segurava na mão para que Kawaki pudesse apoiar os quadros em cima dos cavaletes.

— Por que você trouxe dois? — Falei desconfiada.

— Acho que seria bem mais fácil você me ajudar se desmontrasse como fazer. — Ele diz como se fosse óbvio.

Reviro os olhos, homem complicado.

— Onde está a tinta? — Tento não pensar nessa questão agora.

— Aqui. — Ele abre uma gaveta cheias de potes de tamanho médio de tinta.

Colocamos perto dos quadros e nos sentamos nas cadeira que já haviam no quarto.

— Então, professora, o que é pra fazer? — Novamente aquela ironia "maravilhosa" no seu tom de voz.

— Primeiro, o que você gostaria de desenhar? — Pergunto.

Ele para pra pensar um pouco, e depois me olha como se tivesse pedindo ajuda para decidir.

— Vamos tentar traços simples hoje, círculos, quadrados, triângulos etc. — Digo.

— Como é que isso vai me ajudar a desenhar melhor? — Agora ele parece irritado.

Irritadinho, penso.

Me levanto eu vou até ele.

— Quando seus traços estiverem firmes para desenhar vai melhorar seu manuseio com o pincel. — Ofereço explicação.

Ainda no meu modo de professora, pego sua mão o guiando para tinta e depois ao quadro, ensino-o a fazer traços simples um por um.

—  Viu, é bem fácil.

— Obrigado. — Ele sussura.

Ele volta a fazer os mesmo traços na tela, então eu volto para o meu lugar, me sinto estranhamente relaxada agora.

Encaro o quadro que Kawaki deixou para mim pintar,  volto os meus olhos para os pôsteres no quarto dele, vou fazer uma releitura de alguns deles.

De traço em traço o desenho ganha forma, em tons de vermelho, verde, cinza, preto e branco, estava ficando satisfeita com a pintura.

Uma hora ou outra, eu olhava para Kawaki e ele continuava concentrado nos traços, notei que ele melhorou realmente, ele já segurava mais firmemente no pincel.

Passando algumas horas, ja se notava o céu escuro e estrelas aleatórias no céu.

— E Então? — Pergunto levantando para dar uma olhada no trabalho de Kawaki.

— Aqui está minha obra de arte — Ele diz sorrindo, mas podia ver a insegurança em seu olhar.

Checo o quadro, os primeiros traços que ele fez sozinho saiu meio tremido e depois, de acordo com a ordem dos desenhos foi ficando mais marcado e mais firme, ele tinha jeito pra coisa.

— Ficou incrível, parabéns. — Digo sorrindo para encorajar.

— Você tá me dando parabéns porque eu fiz uns rabisco de várias formas? — Ele parecia chocado com isso.

— Ei, não se cobre tanto, ninguém tem inicio lá no topo, ficou incrível mesmo, na próxima "aula" poderemos passar pro próximo nível.

Os seus lábios de repuxam para o lado em sorriso tímido, mas sincero.

— Olha, eu fiz um desenho pra você também. — Mostro o quadro que eu pintei.

Ele parece analisar o quadro feito, mordo o lábio inferior ansiosa por uma reação dele, mas seus olhos dizem tudo, ele gostou, devo agradecer a Mitsuki por fazer eu prestar tanta atenção nos olhos das pessoas.

— Ficou maneiro! — Ele se aproxima pra ver melhor.

— É presente, considere como um prêmio pelo seu desemprenho de hoje. — Entrego o desenho nas mãos deles.

— Obrigado. — Seus olhos brilham.

— Eu nunca vi você agradecer tanto em um dia só, sou mesmo privilegiada.

— Pare de se exibir tanto, vou começar a achar que realmente estou te dando muitos privilégios. — Novamente aquele olha intenso dele, ele faz de propósito só pode.

Eu queria todos os privilégios possíveis vindo dele.

Não se esqueça da estrela ⭐ e comentem bastante.