Paralisia

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É totalmente frustrante quando nenhum antídoto alivia o veneno da solidão, te trazendo uma paralisia infinita em qualquer lugar que decida repousar. A cama é funda demais pra ver a superfície, o sofá se torna uma areia movediça e o quanto mais você pensa em levantar, mais seu corpo afunda. Não entendo, e nem sequer me lembro quando comecei a me infectar por tudo isso, mas agora tudo parece pior. As janelas permanecem fechadas até mesmo no mais bonito por do sol, as portas fechadas mesmo sabendo que ninguém vai entrar. Porque talvez, se eu me esconder eu me sinta melhor.
Não consigo manter um dialogo igual antigamente, nem mesmo segurar o riso por tanto tempo; É tudo tão cansativo e quanto mais eu penso no porquê das coisas, mais sem sentido elas ficam. No fundo eu queria ser alguém diferente, alguém que não fosse eu; Sem a menor experiência de o quanto o mundo pode ser cruel, o quanto as pessoas são duas caras, alguém que o caminho não fosse tão cheio de pedras e cobras. Porque de tanto tropeçar, não consigo ter certeza de nada e nem de ninguém, tudo se torna distante e desconhecido me causando calafrios e me pego pensando se foi por causa desses acontecimentos, que eu também andei desaprendendo a amar.
Não é por nada universo, mas as vezes eu queria ser esquecida em um lugar tranquilo e que eu pudesse viver longe de gente ruim. Onde a paralisia não existe, e o pedregulho no caminho é inexistente. Onde o sofá é raso de mais e a cama não te prendesse, uma casa com corredores normais ao invés de infinitos, uma porta destrancada e uma janela que o sol entrasse por vontade própria; Onde os banhos no banheiro se tornasse mais curtos, e no mar mais longos.
O mundo esta paralisando, e infectamos os únicos que tem a inocência de nos oferecer um antídoto, com nossa total insegurança e arrogância.

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