Capítulo 7

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Amanhã é o dia das mães. 

Feliz dia das mães para quem já é mãe!

Este é o meu primeiro dia das mães e não estou me contendo de tanta felicidade. Como é bom realizar sonhos...


LIV

Agora passando por todas essas pessoas de mãos dadas como um casal de namorados tenho uma confusão instaurada em mim. Não posso negar essa atração absurda que sinto por ele ainda mais depois de ouvi todas aquelas coisas no carro. Ele é claro e direto. Parece não ter medo de assumir os riscos, eu por outro lado tenho medo. Um medo absurdo de sofrer ou fazer os outros sofrerem.

– Tudo bem? Você parece tensa. Fiz algo que você não gostou? – Ele parece dominar a arte de me desnudar apenas com o olhar.

– Não decidi ainda se você me atrai ou se é melhor fugir para as colinas e me afastar de você. Você parece adivinhar sentimentos.

– Não tenho esse dom, mas ser atento a você e suas reações é adivinhar eu aceito esse título. E se depender de mim espero te deixar atraída por mim ou vou ter que ir as colinas atrás de você.

Estávamos na fila do cinema, ele soltou minha mão e segurou meu rosto pelas laterais assim me criando várias expectativas. Minha razão pedia para não embarcar nessa. Talvez fosse apenas charme para me conquistar e depois terei que curar meu coração partido.

– Eu não quero me ferir – falei com sinceridade e olhando em seus olhos – gosto de deixar tudo... – não cheguei a concluir.

– Às claras. Você já falou isso. Eu gosto disso por isso estou sendo o mais sincero possível com você. Estou louco por você desde que nos reencontramos no restaurante de sua família há pouco anos atrás. Você lembra?

– Lembro. Naquele dia quase perdi meu irmão. Um louco atirou nele e passamos por bons bocados.

– Você tem medo de se envolver comigo por causa dele? Lucca não gosta de mim e você tem medo de magoa-lo?

– Não é isso. – Um relacionamento com o Vitor será bem difícil para o Lucca tenho que considerar isso – é e não é. Não sei se nasci para essas coisas de amor. Na verdade, não sei se é hora para me dedicar a um relacionamento.

– E por que não? Todo mundo tem o direito de amar e ser amado.

– Nem todos encontram o amor. O mundo está tão cheio de desilusões e sofrimentos. Não sei se tenho emocional para me ariscar.

– Eu não estou te propondo casamento – seus olhos dançavam nos meus – quer dizer se a gente funcionar e chegarmos a essa conclusão eu não terei medo algum de dar esse passo com você – sorriu – mas proponho que a gente deixe rolar e vemos no que vai dar.

– Esse é o meu medo. Não sei se estou preparada para ser responsável emocionalmente por alguém, ou pior, não quero destruir um coração que até agora se manteve intacto. Se formos levianos e nos ferirmos?

– Tudo nessa vida tem um ponto de partida. Vamos deixar que esse seja o nosso. – Eita. Acho melhor conferir lá em baixo porque o avião caiu! –O que seria da vida se não corrêssemos alguns riscos de vez em quando? Ainda mais quando esse risco é um desejo antigo. Lívia escolhi voltar para essa cidade porque lá no fundo alimentava o desejo de te reencontrar, de nos conhecermos melhor. Porém, vou respeitar sua vontade. Se você não quiser atender essa atração que sentes por mim também não nos veremos mais eu garanto.

Suas mãos agora acarinhavam meus cabelos e rosto e eu só queria me jogar nesse sentimento louco que está querendo me domar o que é bem estranho porque nem ao menos nos beijamos.

– Com licença – alguém falou atrás de mim – vocês são os próximos – desviei meus olhos e havia um espaço enorme de onde estávamos para a entrada da nossa sessão.

Dirigimo-nos até lá depois dele agradecer a esse alguém. Eu apenas segui com a cabeça fervendo com os possíveis desdobramentos de uma relação entre nós.

O mesmo aconteceu assistindo ao filme. Nessa batalha interna quem estava ganhando, por enquanto, era a emoção. Eu queria vivencia-la. Nesse momento, o medo estava perdendo espaço para a curiosidade. Eu posso me manter longe como sempre fiz em outros relacionamentos e deixar meu coração blindado. Traçar uma relação na sinceridade pode nos fornece isso.

Olhei para ele e flagrei um sorriso genuíno. Ele estava se divertindo com a comédia que assistíamos.

– Não será uma batalha fácil.

– Para mim também não vai ser, ou você acha que é fácil te tirar da cabeça? – Ele se aproximou novamente.

– Isso foi retórico. – Sorri pensando que vou ter que aprender a lidar com o jeito de ser do Vitor.

– Vamos apenas viver. Curtir.

Minha respiração estava acelerada. Eu tenho apenas que curtir. Viver. Seus olhos mais uma vez estavam nos meus lábios. Não tem como evitar. Eu quero isso.

– Por falar em curtir – se aproximei também – quero muito curtir o sabor de seus lábios.

– Não precisa pedir duas vezes – suas mãos entraram debaixo dos meus cabelos e eu encurtei a distância dos nossos lábios.

De repenteos ruídos do filme foram ficando longe e fui surpreendida com o cheiro de seuperfume amadeirado que igualmente ao preto de sua jaqueta combina perfeitamentecom ele. Logo minhas mãos alcançaram em sua nuca. E tudo, exatamente tudo medeixava ligada a ele. Nunca um beijo tinha sido tão bom.

Até o próximo capítulo!


O amor é o segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora