Panaceia

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Sentir o perfume das folhas e a brisa suave em seu rosto era sem dúvidas agradável para Mikasa. A menina se sentia feliz, pois mesmo não podendo ver, podia  desfrutar de tais sensações enquanto se deixava guiar pelo parque com Alexander. Kenny e Carla, sorridentes, a observavam de longe.
– Não sei como lhe agradecer por isso. – afirmou a morena observando a filha segurar o pequeno chapéu sobre a cabeça e a guia de seu cão com a outra mão.
– Não precisa agradecer. Percebi que a pequena gosta da companhia da mãe  natureza . Em La Rose, a fazenda dos Smiths, ela também parecia feliz. – falou o mais velho levantando seu chapéu e recostando-se no enorme carvalho para aproveitar melhor a sombra.
– Você sempre diz que não precisa agradecer. – murmurou Carla baixando o olhar. Kenny achou adorável a forma como ela ficou corada de repente.

Como pode ser tão linda ? Questionou-se ao mesmo tempo se repreendendo. - Não seja um velho pervertido, Kenny Ackerman!

– Gosto de agradar vocês. – falou por fim. – Seus filhos e você trouxeram luz para minha família. No fundo eu é quem estou em dívida com todos os Jaeger.
- Não nos deve nada... - Carla tentou não focar nos olhos azuis de Kenny, sentia-se constrangida. Entretanto, não conseguiu evitar retornar seus olhos cor de âmbar para o homem mais velho. Sentindo em seu peito uma sensação diferente porém agradável. 

Ambos permaneceram se olhando intensamente sem nada a dizer e não perceberam que Mikasa já havia se afastado. O chapéu da pequena voou devido ao vento forte. Alexander guiou a pequena para que ela pudesse recuperar seu chapéu. Apesar de toda a segurança que o animal poderia lhe oferecer, ela acabou entrando mais no pequeno bosque que existia no parque.

– Alex, você achou meu chapéu? – perguntou a pequena ao cachorro que farejava rapidamente por uma trilha.
Ao ouvir o questionamento de sua dona, o cachorro emitiu um som aborrecido, a medida que a guiava ainda mais para dentro do bosque.

A dupla permaneceu no bosque por mais alguns minutos em busca do item perdido  até que ouviram algumas passadas rápidas.

– Alguém está correndo. – murmurou Mikasa ao ouvir os sons ritmados que indicavam corrida. – Alexander é melhor irmos. É perigoso encontrar estranhos em um lugar assim sem adultos por perto.
O cachorro desistiu da caçada ao chapéu e resolveu guiar a menina de volta à campina onde sua mãe estava.

Mikasa e o cão retornaram tranquilamente pela trilha quando Alexander parou de repente e começou a rosnar em direção às árvores. Mikasa se encolheu com o som e apesar da visão quase nula, a menina conseguia sentir que havia algo lhe observando por entre as folhas dos arbustos a frente.
– Alex... tô com medo. – falou chorosa enquanto segurava a guia do animal fortemente em suas mãos pequenas.
O cão apesar de não falar, sabia que sua dona estava assustada e corria perigo. Por isso fez o que seus instintos julgaram corretos e correu de repente fazendo Mikasa soltar a guia e cair no chão.
Logo a menina ouviu os sons de outro cachorro rosnando e o que aparentemente significava dois cães brigando. O som foi ficando mais distante e a menina mais assustada. Ela não fazia ideia de onde estava e não conseguia ouvir qualquer som que lhe indicasse para onde seguir.
– Alex! – gritou – Alexander!
Nenhum sinal do cão. Tudo que ela ouvia eram pássaros cantando e o som do vento balançando as folhas.
– Alex... – murmurou chorosa. E seu desespero aumentou ainda mais quando ouviu passos se aproximando dela. Ela sabia que aqueles passos não pertenciam a sua mãe ou a Kenny. Um dos dons da menina era reconhecer as pessoas pelos passos, mesmo antes que elas se identificassem. Aquele que se aproximava era um estranho.

Temendo o pior, a menina começou a correr na direção oposta aos passos, mas sua corrida não demorou muito pois poucos metros depois ela caiu após tropeçar em uma raiz que estava em seu caminho.  Os passos se apressaram em sua direção e ela começou a chorar.
– Vá embora! – Falou firme apesar das lágrimas rolando na face pela dor e pelo medo. - Eu não tenho medo de você!
– Você se machucou? – perguntou o homem, mas sem tocar em Mikasa.
– Levi?– falou incerta. A voz era parecida, mas havia algo diferente.
Mikasa se sentou e segurou o pulso que latejava com a outra mão
– Você não vê... – a fala saiu mais para si que para a menina.
– Por que sua voz se parece com a do Levi? – perguntou Mikasa .
– Deixe eu ver sua mão. – falou tocando levemente a mão dela sem ser invasivo demais.
Ele observou a mão ferida por alguns instantes.
– Não está quebrado, mas deveria colocar gelo para não ficar muito inchado. – ele falou observando a menina soltar a mão e a esfregar junto com a outra mão no vestido.

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