Intocável

Sem Arrependimentos

Com o passar dos dia os os ensaios na escola de dança se tornaram mais frequentes e o grupo passou a conduzir melhor a coreografia. Todos estavam empenhados e nenhum deles, nem mesmo Levi, negaria o fato de o loiro ser um ótimo professor. Sua paciência e didática estavam fazendo maravilhas e poucos eram os passos que o grupo ainda possuía certa dificuldade.

A verdade é que os amigos pareciam felizes e animados e mesmo Jerry, sempre que podia, acompanhava os ensaios. O tatuador antes solitário agora estava cada vez mais próximo do grupo, fato que alegrava o coração de Levi. Outro detalhe que não teria escapado a nenhum dos envolvidos na dança, era como o jovem Adrian Carters corava e sorria sempre que via o tatuador entrar pela porta, geralmente acompanhando Eren, de quem havia se tornado muito próximo nos últimos meses.

O moreno, que havia retornado para os Estados Unidos, se via numa avalanche de tarefas todos dias, gerenciando todo o grupo empresarial na América e na Europa, era cansativo demais e ele se via a cada dia mais consciente de que fazer uma empresa prosperar era trabalhoso e desgastante. Por isso durante as aulas de tango ele se permitia relaxar, esquecer parte de suas responsabilidades e apenas se deixar levar pelo salão. No fundo os ensaios se tornaram um momento de diversão para todos e era comum às vezes se esquecerem da hora à medida que ensaiavam noite adentro.

- Está mais distraído que o normal. - afirmou Levi observando o mais jovem que ainda o segurava levemente tombado, mesmo após finalizar a música.- Acho que já pode me soltar. A menos que tenha algo mais interessante em mente, Jaeger.

Eren sentiu o rosto esquentar ao notar que ainda mantinha as mãos ao redor da cintura do outro. Ele havia se distraído durante a dança e o fato das luzes do local terem piscado algumas vezes no último minuto também lhe causaram certo desconforto. Por algum motivo naquela noite ele não estava se sentindo bem, havia sonhado com seu pai várias vezes e por coincidência pela manhã ele havia recebido o mesmo tipo de alerta de anos atrás, quando seu pai morreu ao tentar retornar para casa em um noite de tempestades.

- Desculpe. - falou o empresário pensando que o olhar assustado do outro se devia ao flerte que ele havia deixado escapar sem pensar. Eles haviam se aproximado e às vezes costumavam flertar sob a desculpa da dança. Porém não haviam passado disso. - Não quis lhe deixar desconfortável.

- Não se preocupe, não deixou. - justificou coçando a cabeça desfazendo o coque que prendia os fios longos e castanhos.

- Parecia perdido em pensamentos. - Levi falou com os olhos cinzentos nublados de preocupação. - Você está bem?

- Sim, só estou distraído. Não dormi bem a noite, tenho tido muito trabalho. - justificou observando os demais casais aguardavam a próxima rodada de ensaio, que provavelmente seria a última da noite dado o tempo ruim.

– Tente não se matar de tanto trabalhar. – brincou Levi enquanto sorria de certa forma travesso. - E caso precise de ajuda com algo só me pedir. Aprendi com um certo pirralho que concluímos as tarefas mais rapidamente, quando temos companhia.

– Eu vivi para ouvir Levi Ackerman me dar conselhos sobre o quão importante é o descanso. E que trabalha demais não é saudável. – falou Eren. Achando graça no outro que encolheu os ombros em concordância ao mesmo tempo que piscava de volta.

Jaeger achou lindo. Aquele era o homem por que havia se apaixonado. O verdadeiro homem que vivia sob a superfície revestida de medos e angústias. Alguém que o mais jovem acreditou um dia ser intocável . Era reconfortante avistar o verdadeiro Levi. Observá-lo livre trazia para o moreno um sentimento inigualável.

Assim que a música iniciou novamente os dois voltaram a se unir, os braços de Jaeger envolvendo a cintura fina de Ackerman, que olhou para cima para mais uma vez verificar se estava tudo bem com o outro. Quando Eren começou a conduzi-lo pelo salão, ele iniciou sua própria sequência de passos. Era divertido dançar com o mais jovem, que apesar da relutância inicial sempre se entregava ao ritmo com o passar dos minutos.