- Como foi para você saber disso? - Questionou a loira enquanto observava o amigo e paciente do outro lado da sala. Ele parecia perdido enquanto observava os inúmeros livros na estante.- Me senti culpado. - falou focando os olhos na amiga que até então ele evitou encarar. - Mais uma pessoa que se feriu por minhas escolhas e se já me sentia mal por ele, imaginando que perdeu a namorada por minha causa. Imagina como me sinto agora que ele não queria apenas m me magoar, no fundo também desejava abrir meus olhos uma última vez. Ele pareceu tão constrangido quando percebeu que eu havia escutado tudo. Era como se não desejasse que eu soubesse a verdade. Ele pretendia guardar isso para sempre consigo.
- Sei que se sente culpado, e é absolutamente normal. - afirmou a loira ajeitando os óculos de armação vermelha que estava usando naquela manhã. - Porém tanto ele quanto você precisam entender uma coisa. Não importa de quem é a culpa, a culpa é algo irrelevante agora. Esses fatos estão no passado e não podem deixar eles dominarem o presente de vocês. O passado deve servir como aprendizado, Levi, não um amuleto ou mantra que seja mencionado todos os dias. Sei que é impossível esquecer aquilo que nos causa marcas, principalmente o que nos marca através da dor, mas precisam seguir em frente. Fique apenas com o aprendizado que o passado proporcionar. Sendo assim, use aquilo que passou como experiência para seguir em frente e conquistar coisas grandes, você e ele precisam deixar o passado onde ele precisa ficar, ou seja, no passado.
- Sei que sim, mas sempre que dou um passo a frente esse maldito passado volta com tudo para me sufocar. - respirou fundo. - Para nos sufocar. His ele passou por tudo sozinho. Sei que ele não é santo. Ele me magoou, muito e doeu demais tudo que ele fez, porém é tão assustador saber que ele não teve ninguém ao lado dele. Eu tive vocês, meu tio, Yu, mas ele não teve ninguém. Como ele conseguiu? Eu não consegui e essa cicatriz em meu rosto prova isso prova o quão fraco eu fui.
- Somos diferentes, Levi. Cada um reage às decepções de um jeito. No caso dele, acredito que tentar se vingar da família e reencontrar seu grande amor possa ter sido a maneira que o manteve firme e sem afundar.
- E como fará agora que já não tem mais uma meta em sua vida? Tenho medo que ele desista como eu desisti. - falou fechando os olhos. - não quero perder mais ninguém da minha família para a depressão, His. Principalmente desse jeito. Por isso quero convencer ele a vir aqui, sei que vai ajudar. Você me ajudou tanto.
- Entendo sua preocupação, mas não deve pressionar. A pessoa que está em sofrimento mental precisa se sentir livre e segura para falar dos seus sentimentos, dificuldades e problemas. Não é saudável forçar. Se ele se sentir acuado só vai aumentar a barreira entre vocês.
- Mas e se ele tentar algo? Não acho que seja prudente que ele fique só.
- Bem se quer meu conselho, saiba que a interação social é uma ótima forma de ajudar. - falou a loira brincando com uma caneta que estava em sua mão.- Interação Social?
- Isso mesmo. É importante que incentive, de forma gradual e sem pressão, a pessoa a ter outras interações sociais e experiências além do da rotina e convívio familiar a que está acostumada, mudar de ambiente faz bem. Conseguir que essa pessoa realize atividades que proporcionem prazer e bem-estar, por exemblo. Pode parecer bobagem, mas esse tipo de atitude torna a pessoa mais receptiva a compreender as necessidades de buscar um psicólogo ou psiquiatra. Sempre aconselho meus pacientes e seus familiares a buscar esse tipo de interação social.
- Jerry, não tem qualquer convívio familiar, His. - falou passando a mão no rosto e tentando em vão suprimir a frustração.– E não acho que possa fazer algo para mudar sua rotina também.
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Intocável
RomanceLevi Ackerman, um homem ferido no corpo e na alma, traz consigo a dor e a desconfiança pela humanidade. Rico e bem sucedido ele jamais imaginou que pudesse ver esperança em seus dias sem cor. Até que o novo secretário chega em seu escritório. Eren...