6° capítulo

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Marc

Eu nunca fui um homem de muita paciência, mas naquele apartamento apertado onde Steven e eu discutíamos nossos próximos passos, parecia que até a paciência de um santo seria testada.

O cheiro de incenso barato ainda impregnava o ar, lembrança do morador anterior, e a lâmpada do teto oscilava com um zumbido irritante. Steven estava sentado na beirada do sofá, balançando as pernas de forma inquieta, como se o peso do que tinha visto na praça estivesse esmagando-o.

— Ele tinha o colar, Marc! O colar da lua minguante! — Steven exclamou, passando as mãos pelo cabelo bagunçado. — O que um menino estaria fazendo com algo assim? Isso não faz sentido!

Cruzei os braços e encostei-me à parede. Observá-lo entrando em pânico era algo que já se tornara rotina, mas dessa vez havia algo diferente. Eu podia ver a seriedade em seus olhos.

— A variante deve ter dado a ele. É o único motivo que faz sentido. Talvez estivesse tentando despistar a gente. — Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, mas era a verdade. — Não podemos perder o foco, Steven. Isso é exatamente o que ele quer.

Steven balançou a cabeça, ainda nervoso. 

— Tá bom, mas como vamos confirmar isso? Não podemos simplesmente... Sei lá, pegar o menino à força e interrogar ele. Ele é só uma criança, Marc! — Seus olhos se arregalaram, e ele olhou para mim como se eu fosse sugerir algo do tipo. 

— Relaxa, Steven. — Revirei os olhos e dei um passo à frente. — A gente vai fazer isso direito. Observamos, esperamos, e descobrimos onde a variante está. Depois, agimos. 

Ele suspirou e olhou para o chão. 

— Eu não gosto disso, sabe? Parece... sombrio. 

— Steven, tudo nessa missão é sombrio. Bem-vindo ao meu mundo. Bom, meu antigo mundo

Naquele momento, não tínhamos ideia do que encontraríamos no dia seguinte. Só sabíamos que, se a variante realmente tivesse entregado o colar ao garoto, ele seria a nossa única pista. 

No dia seguinte, perto do fim da tarde, eentrei em uma loja de eletrônicos e furtei dois comunicadores e suas pilhas, logo depois nos posicionamos. Eu escolhi o telhado da mesquita, uma visão privilegiada da praça comercial. Aquele lugar fervilhava de gente. Steven, por sua vez, preferiu as barracas, seu olhar ficava se perdendo na multidão, enquanto fingia estar interessado em frutas exóticas e especiarias. 

— Me avisa se encontrar alguma coisa, Steven. — murmurei pelo comunicador. 

— Tá bom, mas isso não significa que eu goste desse plano. — A voz dele veio hesitante. 

Sorri de leve. Era bom saber que algumas coisas nunca mudavam. 

De cima, minha visão era clara. E então, eu o vi. 

— Steven, o garoto está aqui. Está com um homem... grande, pançudo. Ele está segurando o pulso dele. — Minha voz soou grave no comunicador. 

Steven virou o rosto rapidamente. 

— Onde exatamente? 

— Perto da terceira barraca, à esquerda da fonte. 

Houve um momento de silêncio. 

— Eu vejo eles. O garoto parece assustado. 

Observei o homem arrastar o menino até um prédio próximo e desaparecê-los pela porta. 

— Ele o levou para um apartamento. Vou seguir por cima. 

Steven murmurou algo em protesto, mas ignorei. Subi para o telhado mais próximo e segui o homem com os olhos até vê-lo trancar o garoto em um quarto. 

Cavaleiro da lua: O Despertar Do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora