Eu já avia percebido que avia algo de errado, Arthur nunca demora para urinar, então já fiquei atenta, quando por um leve descuido deixo meu copo cair e o perseguidor ouve e corre na minha direção, saio correndo sem rumo desesperada. Até que ele me alcança e me agarra com força, e amarra minhas mãos com um nó forte.
Aí mais caras chegam e começam a debochar de mim e de Arthur
— Olha só parece que alguém aqui está com medo
Se olham sorrindo, e então começam a espancar eu e Arthur com pedaços de madeira até ficarmos totalmente inconscientes. Quando acordamos estávamos amarrados em uma sala com paredes brancas, com um silêncio perturbador, estávamos muito machucados com diversos hematomas pelo corpo e sangrando.
— Arthur eu sinto muito isso é minha culpa
— Olha não comece a se vitimizar, já deu por hoje.
Eu estava me sentindo mal por não poder nos tirar daquela situação, algumas horas depois entram uma cara na sala, trazendo uma bandeja com dois ratos mortos.
Desamarra nossas mãos para podermos nos alimentar, e saem da sala. Eu estava morrendo de fome, achei muito nojento, mas não tinha escolha então comecei a comer desesperadamente e me sujei toda de sangue, enquanto comia Arthur começou a vomitar ao ver aquela cena.
E isso não chega nem perto das coisas horríveis que fizeram com a gente, nos torturaram de diversas formas por dias, nos deixaram sem comida e água, nos mutilaram, e quebravam partes de nosso corpo e o pior eu estava tendo abstinência por estar a muitos dias sem me drogar, mas teve um dia que realmente passaram dos limites. Eu estava surtando e gritando, aí um deles entra na sala com uma serra e na hora paro de gritar, mas não adiantou.
Ele pegou a serra e começou a cortar meu braço fora, eu nunca avia sentido tanta dor, eu gritava enquanto ele dilacerava minha carne, e meu sangue se espalhou por toda parte, fiquei inconsciente por algumas horas por conta da perda de sangue.
Quando acordei estava sobre uma poça do meu próprio sangue e Arthur avia sido espancado novamente e estava encolhido enquanto chorava. Eu nunca avio o visto chorar, ainda com muita dor me aproximei dele e deitei minha cabeça sobre seu ombro.
— Arthur eu tenho um plano, em uma das raras vezes que eles nos alimentaram eu guardei um osso da carne e com meus dentes eu o moldei para ficar afiado. Podemos atacar quem entrar e assim tentar fugir daqui
— Finalmente colocou essa cabeça para pensar...
E assim foi, mais tarde daquele mesmo dia entrou um deles, na sala e eu já estava preparada na porta com osso na mão, assim que ele entra Arthur o agarra pelo pescoço e eu enfio o osso em seu peito, pego a chave da saída em seu bolso e saímos correndo em direção a porta, lá avia um, cara Arthur pega a arma do guarda e aponta para sua cabeça e puxa o gatilho, e assim conseguimos fugir daquele lugar infernal.
Saímos correndo e pedimos um táxi, que nos levou até a cidade vizinha. Estávamos sem comida e sem dinheiro então decidimos assaltar uma loja, Arthur entrou lá com uma sacola na mão e a apontou para a moça do caixa como se fosse uma arma.
— Passe todo o dinheiro para cá, rápido eu estou armado!
— Tá bom, mas não me machuque por favor eu tenho filhos...
Rapidamente ela começa por todo o dinheiro em um saco plástico e nos entregou, saímos de lá correndo e rindo como dois idiotas.
Estávamos finalmente livres, mas a questão é, livres até quando? Não tínhamos mais certeza nem se iríamos acordar vivos no dia seguinte, usamos o dinheiro para alugar um quarto aonde dormimos por muito tempo. Estávamos sendo procurados, viramos oficialmente fugitivos, mudamos de nome e fizemos novas identidades.
Agora me chamo Eve, a pronúncia desse lindo nome é inglesa, “Ivi”. É o diminutivo de Evelyn, que por sua vez significa “maçã” ou “avelã”. E Arthur agora se chama Dylan, mas eu ainda o chamo Arthur porque penso que combina mais com ele, nossa vida virou um inferno desde que começamos a ser procurados, sempre aparecia alguém armado em nossa casa tentando nos matar, e recebíamos ameaças constantes, já não aguentávamos mais nós mudarmos de cidade. Até que em uma noite Arthur me chamou para conversar.
— Você não pensa que está na hora de pôr um fim nisso?
— Como assim Arthur? Não estou te entendendo.
— Não temos mais paz, vivemos uma vida miserável e atribulada que se resume em ameaças de morte, acredito que está na hora de tomar coragem e por um fim em nossas vidas sem valor, e deixar nossos corpos sem vida apodrecer juntos por toda a eternidade.
— Faço qualquer coisa por você.
Então nós sentamos um de frente para o outro, ele pegou a arma e eu a faca, ele apontou a arma para sua cabeça e eu apontei a faca para meu pescoço.
Olhei para seus olhos sorrindo enquanto as lágrimas encharcaram meu rosto. Eu estava feliz, pois viveria com ele eternamente no paraíso ele olha em meus olhos e diz:
— Eu te amo.
Começo a traçar um corte profundo em meu pescoço, o sangue escorria molhando minha camisa branca. E olhando para ele eu esperava que ele explodisse sua cabeça para viver eternamente comigo, mas não foi oque aconteceu... Ele me deixou partir sozinha, quando meu pescoço estava cortado de uma orelha a outra olhei seu olhar frio, que já dizia tudo. Ele não me amava de verdade, a dor de saber disso foi muito maior do que ter o pescoço cortado, nos meus últimos segundos de vida se passou um filme lindo em minha cabeça, das boas memórias que tive antes de morrer. Talvez eu merecesse ter tido uma vida melhor, mas diferente dos filmes não avia uma segunda hipótese e bem, o resto vocês já sabem, eu morri e toda a dor foi enterrada comigo e eu nunca mais poderei ver a luz do sol novamente.
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Lügubre
HorrorFrida sofre de Hibristofilia entre outros problemas mentais, sua vida nunca foi fácil e seus desejos sempre foram um tanto quanto viscerais. E com o tempo isso a leva a loucura, fazendo-a ter ações terríveis. Classificação: +18 Gênero: Horror/Gore