[ SEGREDOS ] - em andamento 12(30)

Sentimento Ruim

Alguma coisa dentro de mim
sabia, havia uma voz na mi-
nha cabeça me alertando. O
meu coração se despedaçou
no segundo em que acordei,
mesmo que eu não soubesse
no instante em que aconteceu.

Diferente de qualquer outra manhã comum, o Rei George caminhava de um lado para outro ao invés de estar sentado tomando seu café e discutindo assuntos que Melissa não era capaz de compreender ainda. O som da sola de seus sapatos batendo repetidamente era de enlouquecer qualquer um.

De repente, um dos soldados bate a porta e recebe sua permissão para entrar na sala de jantar. Ele e o Rei trocam cochichos enquanto Melissa finge estar realmente tomando seu café da manhã.

Desde que ela levantou da cama e não escutou os pássaros cantarem, ela soube que este dia seria diferente de qualquer outro que já tenha presenciado. Seu pai havia mudado drasticamente de algumas semanas para cá, mas ela nunca o viu tão nervoso quanto ele se encontra agora.

Após o soldado sair pela mesma porta cuja qual entrou, o homem olha para Melissa desolado, algo que também não é tão comum.

- Minha querida filha.. - Ele começa a falar e o estômago de Melissa se embrulha no mesmo instante. - Tenho notícias ruins para te contar, e peço que me perdoe pela demora para tocar no assunto.

- Papai, não há o que desculpar. - Respondeu a garota, sorrindo fraco para tentar consolar o homem.

- O nosso Reino de Mordor passa por crises financeiras, estamos com pouco ouro embora os cidadãos não saibam. E também, o Reino de Arnor, nosso inimigo há 26 anos iniciou uma guerra contra nós. - Ele suspira após terminar as frases, observando a reação de sua única filha.

Melissa engole seco, quase que instantaneamente sente seus olhos arderem, prestes a começar a lacrimejar. Em sua garganta segura um nó pelo choro contido. Ela sabe não pode chorar agora, não perante ao homem que ensinou ela a ser forte durante toda sua vida. Imaginava o quão assustado o homem poderia estar com ambas situações, então não via este momento como o ideal para se demonstrar fraca. 

- Papai... O que o senhor pretende fazer? - Sua voz trêmula e os olhos marejados fixados em seu pai não são suficientes para tirar a sua postura. Fisicamente ela apenas segurava os tremores e arrepios em suas costas.

Nunca viveu uma guerra. Nunca sequer chegou perto de tal evento causados por seres humanos, rodeado de ódio e dor pelas famílias e também pelos soldados.

- Muitos homens já faleceram a esta altura, muitas famílias estão assustadas e não há jovens com experiência em combate. Eu reunirei o meu exército, recrutarei meus melhores homens e irei para a guerra nesta madrugada. - Ele diz com a voz firme e Melissa se arrepia da cabeça aos pés.

- O senhor não pode! Não tem mais idade para isso, você pode morrer lá! Eu ficarei sozinha! - Melissa finalmente cede, deixando as lágrimas rolarem livremente por seu rosto, enquanto segurava a mão esquerda de seu pai.

- Te criei durante minha vida inteira para que fosse uma grande rainha um dia. Adorada e amada como sua mãe foi. Você sempre esteve pronta. - Ele diz, com uma expressão suave e olhos ternos abraçando a garota.

- De nada me adianta uma coroa, se não será o senhor a me declarar rainha. - Ela diz com a voz fraca, em meio a pequenos soluços. Suas lágrimas já tornam úmido o tecido no ombro de seu pai.

- Ao menos se eu vier a falecer, criei uma grande mulher. Falecerei com honra protegendo meu reino, e a coroa pertencerá a quem mais amei nesta longa vida: você. - Ele beija sua testa antes de se retirar da sala, ele estava mais calmo a esta altura.

Todos do reino confiavam em seu soberano, mas Melissa sabia muito bem dos problemas físicos de seu pai, que já não aguentava subir as escadas até os quartos sem parar ao menos três vezes para recuperar o ar que fugia de seus pulmões mesmo que subisse o mais devagar que podia.

Seu coração quase parou quando, ao pensar nisso, ela imaginou o fim desta história com seu pai na guerra de duas maneiras. A primeira era com sua cabeça em uma estaca enquanto eles invadiam o reino que agora era dela para então anunciar que a guerra teve fim, e a vitória foi de Arnor. A segunda foi ver seu pai voltando vivo e ferido, recebendo o benefício da dúvida se ele sobreviveria aos cuidados dos médicos, mesmo que isso o deixasse na cama, talvez para sempre.

Melissa não costumava ser uma pessoa negativa, mas sempre se preocupa com o pior, ainda mais se tratando do único homem que a protegeu e a amou durante sua vida toda. Todos os outros que se aproximaram desejavam apenas uma posição alta na hierarquia.

A garota ficou cerca de uma hora sentada na mesa, se perguntando se valia arriscar sua vida em nome da honra. Parecia ridículo aos olhos ela.

Observando seu próprio reflexo em uma das paredes espelhadas, seus longos fios de cabelo estavam perfeitamente impecáveis apesar dela ficar remexendo em seus fios e enrolando suas longas mechas lisas.

Como um relâmpago que se apossa da velocidade da luz, uma ideia talvez maluca invade a sua cabeça. Ela não podia fazer com que seu pai desistisse de ir à guerra, mas podia fazer com que não notassem sua falta caso ele não vá. A vida vale mais que a honra.

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Nova história quentinha,
saindo do forninho. Eu
sei que vocês amam um romancezinho, eu também ~