[ SEGREDOS ] - em andamento 12(30)

Acredite Em Você

O amor é a razão de tudo.
Não me culpe pelas deci-
sões que tomarei esta noite.
Acredite em mim, apenas.

Determinada a convencer seu pai a ficar e desistir dessa loucura, Melissa desce as escadas de mármore até o salão principal do Palácio. Atravessando o salão e desviando das mesas prateadas ela desce mais um andar, seguindo o barulho de espadas.

Seu pai estava treinando, como não fazia a muito tempo. Desde criança ela sempre o observou, até mesmo vinha para o subsolo do castelo treinar como ele, mesmo sabendo que mulheres não eram aceitas nas guerras ou combates esportivos por lei do país. Ou seja, uma besteira.

Melissa bateu levemente na porta aberta, e seu pai abaixou a espada virando-se para olhar a filha.

- Papai... Eu sei que sente falta da mamãe, eu também sinto. Eu não sei o motivo de Arnor ser nosso inimigo, mas sei de uma coisa que é minha única certeza. De nada adianta morrer com honra se não estará aqui comigo. - Sua voz calma preencheu o ambiente, enquanto ela se aproximava de seu pai.

- Minha querida... Você não entenderá isso e nem espero que entenda. A honra de um homem é sua virtude mais preciosa. Meu reino é importante para nós, e perdê-lo significa perder você. Eu preciso que fique aqui, e cuide dos cidadãos e essas são todas as informações que você precisa nessa situação. - Ele respondeu, acariciando o topo da cabeça de Melissa, com carinhos leves e toques suaves.

Desistindo da conversa, Melissa decide colocar seu plano em ação.

- Já que é assim.. ao menos me deixe garantir que você sairá deste castelo como o grande rei que você sempre foi, mesmo que volte com sua armadura em pedaços. - Ela sorriu fraco, beijando a bochecha do pai que a olhou confuso.

- O que você quer dizer com isso? - Ele questionou, com uma expressão confusa nos seus olhos.

- Me entregue sua segunda pele que usa por baixo da armadura, e sua armadura também. Eu vou costurar caso haja rasgos e polir ela. - Ao ouvir estas palavras, seu pai lhe direcionou um sorriso genuíno.

Ambos subiram vários lances de escadas até chegar à um dos corredores do castelo, então seu pai abriu uma caixa de vidro onde havia uma espécie de manequim feito de madeira, vestido com a armadura.

Ele retirou todas as peças do manequim e entregou à filha. Ela sorriu o agradecendo e foi para seu quarto. Suas pernas tremiam e ela estava nervosa como se sua vida dependesse do sucesso de seu plano maluco, mas a vida que dependia era a de seu pai. Ela não esquecia disso por um segundo porque, se esquecesse, talvez seria capaz de desistir de tudo que planejava fazer.

Melissa tinha uma autoconfiança enorme, ninguém acreditava nela tanto quanto ela mesma e este era um dos seus pontos mais fortes.

Ela procurou agulhas e linhas azuis, amarelas e vermelhas para refazer a bandeira do reino que carregaria junto à sua espada, e também linhas pretas para costurar a segunda pele. Um pedaço de pano úmido e uma toalha para limpar a armadura também eram necessários.

Ela colocou tudo sob uma mesa que agora já não era utilizada. Ela começou então a corrigir imperfeições na armadura e na bandeira.

Seu pai, então, aparece para lhe fazer companhia.

- Ah, você encontrou a bandeira. Eu estava procurando. - Ele sorri, notando que Melissa havia consertado os rasgos no brasão.

- Está impecável! Mas me diga, papai... por onde você e os soldados pretendem prosseguir? - Ele questionou, sem deixar suas segundas intenções transparecerem.

- Bom, inicialmente seguiremos pelas trilhas da floresta, indo por trás dos montes de Mordor. É provável que eles durmam e avancem durante o dia, por isso pretendo chegar lá pela manhã. - Explicou ele, com um pequeno mapa em mãos cujo qual foi retirado de seu bolso.

- É um bom plano, acredito que vá funcionar. - Ela sorriu com carinho para o pai.

Quase uma hora depois, ela havia terminado de costurar e polir. Seu pai estava deitado, mas ela não sabia se ele estava dormindo ou apenas planejando melhor suas táticas para a guerra.

As horas passaram rápido, então já eram 23:30 da noite, e em uma hora o exército se posicionaria em frente ao castelo, esperando seu rei e comandante para irem até seu próprio funeral.

Melissa foi para seu quarto, a lâmina de uma faca com cabo de madeira estava em sua mão direita. Ela se sentou em frente à penteadeira. Cortou de uma só vez seus longos fios, deixando-os na altura dos seios.

Para ela, os demais fios que agora estavam caídos ao chão representavam o início de uma nova história. Aterrorizante, porém ainda assim uma nova história.

Ela se despiu e tomou um banho quente de banheira, prendeu os cabelos e colocou uma faixa para cobrir os seios. Em seguida, começou a vestir a segunda pele e decidiu colocar a armadura em outro lugar pois do quarto ao lado seu pai poderia ouvir o tilintar de metais e se levantar.

Ela pegou uma folha de papel em uma das gavetas e decidiu escrever uma carta para seu pai.

Ao colocar o envelope encima da mesa ao lado de fora do quarto com as letras formando Papai, se deu por satisfeita e desceu ao salão principal. Conversas eram ouvidas do outro lado da porta.

Descendo para o salão principal, ela vestiu a armadura e as grandes portas de madeira se abriram quando ela pôs o capacete da armadura, escondendo sua verdadeira identidade. Em sua cintura, a bela espada de seu pai, e em sua mão direita ela erguia a bandeira do reino.

Cerca de oitocentos soldados estavam com seus cavalos posicionados em frente ao castelo, logo abriram caminho para "o rei" passar. Melissa caminhou entre eles e reconheceu Serafim, o cavalo de seu pai que o esperava.

Ao montar no cavalo, ela ergueu a bandeira. Gritos de guerra ecoaram pelo lugar, e trotes de cavalos começaram a ser ouvidos.

Melissa incentivou Serafim a correr para fora do reino e os homens a acompanhavam. Por sorte ela conseguiu sair antes que seu pai descesse para descobrir o que acontecia. Muitos soldados estranharam que o rei tivesse marcado um horário e surgido em outro, mas isto pouco lhes importava.

Agora não tinha mais volta, seu futuro era incerto e era ela a líder de todos aqueles homens.

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Capítulo longo
para vocês, mores.
Amaram?