Darq_a_perversa

𝙲𝙰𝙿𝙸𝚃𝚄𝙻𝙾 𝚇𝚇𝚅𝙸𝙸

Arkalyk – Cazaquistão

- Darq? – Ouço uma voz me chamando, mas permaneço com os olhos fechados. – Daaarq?!

- O que que foi?! – Abro os meus olhos devagar e me deparo com Aaron do lado de fora do carro me olhando da janela.

Desperto de uma só vez e pisco meus olhos sem parar. Droga! Eu caí no sono! Não era para isso acontecer! Mas só que... Ele não me largou sozinha... Por quê?! Olho para Aaron novamente. Ele estava me encarando com aquela mesma cara apática e irritante de sempre.

- Terra chamando Darq... – Ele vira de costas e encosta no carro.

- Me dá um bom motivo para não socar a sua cara por ter me acordado... – Falo tentando disfarçar meu alívio por ele não ter ido embora e me largado sozinha. – Quantas horas são?

- Meio dia. – Ele suspira. - Está com fome?

- Mais alguns minutos e eu vou comer esses bancos...

- Então vem. – Aaron se desencosta do carro e sai andando para dentro de uma lanchonete em um posto de gasolina.

- Espera!

Ajeito minhas roupas amarrotadas e saio correndo de dentro do carro. Consigo alcançar Aaron e ando ao lado dele.

- Você tem dinheiro aí? – Eu pergunto.

- Não, minhas coisas devem ter ficado na minha caminhonete quando nos sequestram. – Aaron se senta em uma mesa próxima a porta. – Preciso fazer uma ligação.

- Para quem?

- Meu tio.

- E vai falar o que com ele?

- Ele com certeza notou meu desaparecimento, vou avisar que está tudo bem e que eu estou voltando para casa.

- Não está tudo bem. Estamos em outro país, sem documentos, sem celular, sem dinheiro... E eu não sei se você reparou, mas o tanque de gasolina do carro já está na reserva!

- É, eu sei.

- Não parece.

- Por que você não me dá um tempo?! – Aaron fala passando a mão no rosto, parecia tão frustrado com a situação quanto eu.

- Tudo bem! – Me levanto da mesa. – Vou tirar a gente dessa agora mesmo!

- O que vai fazer? – Aaron me pergunta quando eu me distancio dele. – Darq!

Esbarro com uma mulher que saia da lanchonete. Ela me olha com raiva e eu levo a mão ao peito fingindo arrependimento.

- Me desculpe!

- Tudo bem. – Ela da de ombros para mim e vai embora.

Olho para Aaron como a mesma cara entediada que ele tinha e mostro a ele a carteira que acabei de roubar. Ele olha para os lados, procurando alguma pessoa que tenha me visto fazer o que eu fiz, mas todos estavam distraídos demais para reparar. Me aproximo da mesa onde Aaron estava sentado e entrego uma moeda para ele.

- Faça a sua ligação, eu vou pedir alguma coisa para comermos.

- Essa é a primeira e última vez que você faz isso. – Ele me repreende e eu apenas o ignoro.

Vejo-o sair da lanchonete e ir até um telefone do lado de fora. Volto minha atenção para o balcão e começo a olhar a opções de comida que serviam ali. Reparo nos preços e confiro na carteira da mulher quanto dinheiro ela ainda tinha. Não era muito, mas o suficiente para comprar algo e abastecer o carro.