Tão longe.... Tão perto (Romance Lésbico)

Clarice IX

O dia que passei com Eduarda foi tão bom que agora dói ainda mais partir.
Durmi olhando pra ela. E a sensação é maravilhosa. Pena que tudo isso acaba amanhã. Já estou contando as horas para as próximas férias.
Acordo e ainda está escuro, o celular de Eduarda estava tocando. Ela me beija e sorri.

- Vem amor, vamos tomar banho comigo? - Ela me diz de um jeito doce.

- Amor, que horas são? - pergunto com voz de sono.

- 03:30 amor.

- E por que eu acordei agora?

- Clarice Maya! Levanta logo!

- Estou indo. Sei lá pra onde.

Entramos no chuveiro juntas e ela me beija com doçura. Suas mãos percorriam meu corpo todo. Quando começa a esquentar ela me puxa.

- Coloque um casaco. A brisa essa hora é bem fria. - ela me diz enquanto veste sua roupa.
Coloco uma calça de malha cinza bem larga e uma blusa preta. Escolho neu casaquinho preto e saio com ela.

- Pra onde vamos amor? - pergunto quando ela abre o portão.

- Na praia! - ela diz com aquele sorriso torto.

- Você só pode estar de brincadeira! Eu acordei essa hora pra ir à praia? - digo irritada.

- Você já acordou mesmo. Agora vem!

Chegamos na praia e ela se senta em silêncio na areia.

- Olha que noite linda amor! - ela diz olhando o céu.

- Linda mesmo! - Digo me sentando ao seu lado. Ela me abraça e continua a olhar as estrelas.
O dia começa a clarear e a linha do horizonte passa de azul escuro à rosa quando o sol começa a nascer. É uma visão inexplicável! O sol parece estar saindo de dentro do mar. E as luzes da manhã são lindas! Quando o sol termina seu espetáculo, Eduarda se vira e me beija.

- Muito obrigado amor! Foi a coisa mais linda que já vi. - digo depois de beija-la.

- E essa é a segunda coisa mais linda que já tinha visto. - ela diz me olhando com carinho.

- E qual é a primeira?

- Teu sorriso. - ela diz corando.
Eu a beijei por um bom tempo. Quando vimos o sol já estava alto.

- Amor, vamos. Preciso me arrumar. Tenho que ir para o aeroporto. - Digo com o coração doendo.

- Vamos. - ela pega minha mão e subimos a rua até a casa que ocupei pelas últimas duas semanas.
Chegamos em casa e ela me puxa para o meu quarto. Me prende contra a porta do quarto e me beija.

- Vou sentir tanta falta de você Clarice. - ela diz chorando.

- Já estou sentindo a sua meu amor. - digo a beijando. Também tinha lágrimas nos olhos.

- Vamos tomar banho. Vem! Sua hora está chegando. Apesar de te querer aqui, sei que seus amigos querem ir pra casa.
Nos encaminhamos para o chuveiro e trocamos carícias. Saímos e visto uma roupa confortável.
Vamos até a loja onde alugamos o carro e o entregamos. E depois para o aeroporto.
Meus amigos abraçam a Eduarda e vão para a sala de embarque, nos deixando a sós para nos despedir.

- Antes de dizer tchau, quero lhe dar isso. - Ela diz me entregando um rolo de papel amarrado com fita Vermelha. - E isso. - ela diz me entregando um envelope timbrado. Com jeito de carta antiga. Muito bonita. - Essa é a primeira, amor. Vou te mandar uma por semana.

- Obrigado, meu amor. Também tenho algo pra você. - tiro da bolsa o caderno que fiz pra ela. Na capa tem uma foto nossa e o título "365 motivos para o nosso amor."

- Muito obrigado amor. Leia a carta no avião. - ela diz quando ia abrir o envelope.

-Primeira chamada para o vôo com destino à Cuiabá. - Diz uma voz para atrapalhar meu dia. Era hora de ir!
Eu a abraço chorando. Quero guardar seu perfume comigo. Ela me beija e sinto o gosto de suas lágrimas.
Então eu me viro, indo em direção ao portão de embarque. Jhon e Lua correm ao meu encontro e me abraçam.

- Vai ficar tudo bem baby. - Diz Jhon.

- Daqui a pouco vocês estão juntas de novo. Pra ficar cheias de viadice e passividade juntas. Você vai ver, o tempo vai passar bem mais rápido que você imagina. - Lua fala tentando me animar.

- Vamos gente, antes que eu desista de pegar esse avião.

Embarcamos e me sento em meu lugar. Com a carta em mãos, com medo de abrir. Enfim abro o envelope e vejo sua letra caprichada (bonita demais para uma futura médica). Começo a ler.

Oi amor.
Você está bem longe do chão agora né? Isso quer dizer que devo estar no aeroporto agora. Esperando que, como em um desses filmes romanticos, você se dê conta que seu lugar é ao meu lado e corra de dentro desse avião, apareça no portão de embarque e venha correndo me beijar. Sei que isso não vai acontecer, mas não custa sonhar né (ps: imagine meu sorriso torto dizendo isso).
Amor, sei que as férias acabaram, mas meu amor por você não. Estou escrevendo essa carta, enquanto te vejo dormir. E lágrimas estão escorrendo dos meus olhos por saber que só verei isso de novo daqui há quatro meses. Estou contando os dias, meu amor.
Esses dias ao seu lado, me mostraram o que é o verdadeiro amor. Ter você nesses dias foi o paraíso amor. Eu nunca me entreguei assim pra ninguém. Eu te amo baby! Como nunca achei que fosse possível amar. Mas te amo.

Me espera minha princesa. E não deixe a distância matar o amor que nos une. Sei que ele é capaz de vencer qualquer coisa. Assim como sei que serei capaz de tudo para o nosso amor ser eterno.

Te amo muito.
De alguém que tanto te ama e já está morrendo de saudade.

Eduarda Devonn Martins.

Terminei de ler chorando muito. Abracei a carta e a camiseta que Eduarda havia dormido e que eu trouxe de lembrança. Olhei a janela e senti um aperto no peito. A Bahia ficava pra trás e meu coração ficou com ela.