Tão longe.... Tão perto (Romance Lésbico)

Clarice - FINAL

A vida é ainda mais perfeita agora. Eu estou casada! Cada dia que passa fico mais feliz.
Minha família começou a me aceitar melhor agora, afinal depois de casada, ficou claro que não é coisa de momento.
Estar vivendo a nossa vida, na nossa casa, planejando o nosso futuro, é mais que especial. Não existe mais eu, depois de tudo o que vivemos, esse pronome não cabe mais. Somos nós, por que somos uma.
É tudo o que um dia eu sonhei. Acordar ao lado da pessoa que amo todos os dias é incrível. Chegar em casa, depois de um longo dia, preparar um jantar para minha esposa linda, comer escutando ela falar sobre seu dia, tomar banho juntas, final de semana com os amigos... toda essa rotina é demais!
Eu quero mais disso, mais e mais da minha pequena.
Ela é tudo pra mim, mas ainda nos falta. Somos uma família! E uma família é mais feliz quando tem crianças.
Estamos em processo de adoção, mas fomos escolhidas e não escolhemos, queria um menino, de preferência um bebê. Mas.... um belo dia fui visitar o orfanato e conheci um garoto, ele tem nove anos, um sorriso largo e olhos brilhantes. Me apaixonei por ele no mesmo momento! Cheguei em casa e falei com a Dud's. Ela ficou com um pé atrás, afinal é um menino já com a mente formada. Convenci minha bela esposa a ir comigo ao orfanato novamente e nosso menino também a conquistou.
A surpresa foi ainda maior quando fomos entrar na fila de adoção pela guarda dele, a assistente social nos passou a ficha do Lucas e descobrimos que ele não chegou sozinho aqui. Ele foi recusado por duas famílias, pois a assistente não queria que separassem ele da irmã. Sim, da irmã! O Lucas tem uma irmãzinha de dois anos, uma princesa. Pensamos por uns três dias e nos decidimos, queríamos aquelas crianças. Iríamos dar um lar para elas.
Dado entrada no pedido, ainda tinha uma barreira, meu filho é grande e nossa família não é o que chamam de "convencional". Alguns dias antes de ser liberada a guarda provisória, fomos falar com ele.

- E vocês acham que sou burro? - ele disse sorrindo. - Eu já tinha visto o olhar das duas! A mamãe Clarice ama você, tia Eduarda. Então, eu vou ter duas mães! Isso não é incrível? Todo mundo nesse lugar quer ter uma mãe. Eu vou ter duas! Tenho muita sorte mesmo! Só tenho uma coisa para pedir, eu posso te chamar de mãe tia Eduarda?
Nesse momento, tanto eu quanto a Eduarda nos derretemos. Esse garoto é um presente mesmo para nós!

- Amor, você pode me chamar do que quiser, para sempre. Mas, confesso que vai ser uma honra ser mãe de um menino lindo e inteligente como você.

- Então me dá um abraço? - Ele pediu. Pelo seu olhar eu soube que ele precisava daquele toque. Meu menino! Naquele abraço eu vi que a felicidade dele é a mesma que a minha.

- Lindo! - eu disse beijando sua cabeça.

- Mamães, posso falar uma coisa?

- Pode. - falamos em uníssono.

- Vai ser uma honra ter duas mães lindas e que se amam dessa forma.

Nós choramos juntas ao ouvir essas palavras. Esse garoto é lindo mesmo!

- E a minha irmã? - ele diz numa voz embargada.

- A Laila? Ahh ela está ótima. Soube que encontrou uma família que a ama. Essa família a amou a primeira vista, assim como nós te amamos. E o melhor, ela não vai ficar sozinha! Vai ter um irmão para cuidar dela e protegê-la. Isso não é bom? - eu digo sorrindo.

- É sim mamãe. - ele responde com uma voz triste. Os olhos marejados.

- Sabe, o irmão dela também é desse lar.

- Quem é? Quero dizer a ele que cuide bem dela.

- É você, meu amor! A Laila, se tudo der certo e vocês se adaptarem na nossa casa, vai ser nossa filha também. Seremos uma família, Lucas. Eu quero muito cuidar de vocês!
Com isso, acalmamos nosso menino. Duas semanas depois, lá estavam eles na casa nova. A guarda definitiva saiu um mês depois, e em poucos meses estavamos mudando para uma casa maior.
Hoje posso dizer que sou feliz de verdade... só que não diria não se viesse outros pequenos....