Tão longe.... Tão perto (Romance Lésbico)

UM POUCO MAIS SOBRE A EDUARDA

Sílvia narrando:

Eduarda cresceu com todos os mimos possíveis. Filha única de uma juíza (eu, caso) e um engenheiro.
Já na infância demonstrava sua sexualidade. Jogava futebol, amava assistir aos jogos com o pai. Também é muito inteligente e comunicativa, tirava as melhores notas. Como não nos deu trabalho, nem nos preocupamos com seu jeito diferente.
Aos quatorze anos, teve seu primeiro namoradinho. Ela estava feliz e também ficamos. Até que seis meses depois ela disse que havia acabado, que não era isso que ela queria. Por mim, estava tudo bem, afinal ela era muito nova. Mas acontece que, dois meses após o término, ela chegou em casa super preocupada e me assustou um pouco, perguntei o que era e ela me disse simplesmente que era um trabalho que tinha que entregar. Descobri por ela tempos depois que nesse dia ela havia dado o primeiro beijo em uma garota.
Os dias passaram e duas semanas após o beijo ela chega em casa e diz que quer conversar. Sempre a ouvi, então após o almoço ela chegou em meu quarto enquanto me arrumava para ir para o fórum e sentou em minha cama. Seu olhar era de medo, talvez da rejeição que esperava de mim, pois sempre fui muito conservadora. As palavras dela... lembro-me até hoje, ela me olhou tão triste e disse:

- Mamãe, estou namorando.

- Sério filha, conte, quem é? - disse num sorriso para lhe acalmar.

- É uma garota mãe! Ainda não sei ao certo, mas estou tão apaixonada por ela! Está magoada comigo?

- Duda, filha eu te amo. Eu sempre soube, na verdade, talvez você não seja lésbica, só está gostando dela. Mas se for... bom, vou continuar te amando.

Ela me abracou e senti seu corpo relaxar.

Mas depois daquele dia, minha princesa começou a mudar, seu sorriso já não tinha brilho. Às vezes ela estava super bem e contava que a tal Paula era super meiga com ela, que a tratava bem e a fazia feliz. Mas muitas vezes eu a ouvia chorar a madrugada inteira. E ela nunca me dizia o motivo. Depois de uns meses ela chegou em casa aos prantos, perguntei-lhe o motivo e ela correu para o quarto e se jogou na cama. Deitei ao seu lado e acariciei teus cabelos.

- Ela me traiu! - ela disse aos soluços.

- Mas filha...

- E não foi só uma vez! Ela tem me traído esse tempo todo, mãe!

Não havia o que dizer. Só abracei minha pequena querendo diminuir sua dor.
Depois desse dia, ela se tornou a garota feliz de antes, mas mãe sempre sabe, e vi minha filha se fechar para o amor.
Passaram outras namoradas, mas nenhuma delas deixou sua marca.
Quando ela fez dezoito anos, conheceu um menino e se envolveu com ele. De acordo com ela, não aguentava mais o preconceito, os olhares, e as mulheres. Queria ser "normal", como ela dizia. Namoraram por um ano e dois meses e ela entregou sua virgindade a ele. No fundo, eu sempre soube que isso não a mudaria. E foi o que aconteceu, ela terminou com ele.
Voltou a namorar outras garotas, mas sempre sem se entregar, apesar dos quatro anos que passaram, a ferida que Paula deixou ainda estava aberta.
Foi quando ela conheceu a Clarice. Vi a mudança em minha filha desde o primeiro dia. Não comentei nada até conhecer a tal garota que havia lhe virado a cabeça. Quando ela disse que Clarice viria almoçar conosco, soube que ela estava feliz de verdade de novo. A tal moça, era linda. Um amor de pessoa. Só que morava tão longe!
Quando ela se foi, vi no olhar da minha Eduarda uma dor maior que a causada por Paula. Então quando fui até Cuiabá com ela, tive certeza que ela deveria ficar. Liguei para o meu marido e conversei com ele. Doeu deixar ela lá, mas a felicidade dela valia o esforço. Quando decidiram ficar noivas, decidi que agora era a hora de eu também deixar a Bahia. É aqui que minha princesa vai viver, então ficarei ao seu lado. Pedi transferência no trabalho e meu marido, já aposentado, viu a possibilidade de abrir uma empresa no novo estado. Está tudo certo para nos mudarmos. Só espero que elas fiquem felizes.

Bom, essa é a história da minha princesa Eduarda Devonn Martins.