Karolina
Agosto de 2020 - Rio de Janeiro.— Terminei! — Escuto o suspiro de agradecimento de Raulzinho e reviro os olhos. — Não entendi o porquê de vocês quererem tanto que eu vá... — Comento pensativa.
— Os meninos querem sua opinião na música. Se eu não aparecer com você lá, tô lascado. — Explica e eu concordo sorrindo.
— Só eles? — Questiono e ele revira os olhos, me fazendo rir ainda mais.
Sabe a ovelha negra da família? Essa com certeza sou eu. Minha família é o próprio estereótipo de família de humanas; que valoriza as artes, o teatro e a música. Meu pai só faltou soltar fogos quando meu irmão contou que iria mudar pra São Paulo e começar uma banda com os meninos.
Já quando eu contei que ia cursar Design Gráfico e não seguiria a música - como ele sempre sonhou - o clima na casa foi de enterro. O que acontece é que, por mais que eu amasse viver nesse mundo, eu queria algo concreto pro meu futuro. Algo que me desse estabilidade. E eu encontrei isso na minha formação.
Essa história é piada no meus grupo de amigos? Claro que sim! Qual pai iria preferir que a filha fosse cantora ao invés de ter uma faculdade e um trabalho formal? Mas também, o que esperar de uma família que viveu anos em uma comunidade alternativa, pregando o amor, o cuidado com a natureza e vivendo da arte? Ninguém é normal naquela casa.
Mas, mesmo com essas diferenças, eu e meu irmãos somos muito unidos. Ao ponto de nosso ciclo de amigos ser o mesmo e estarmos sempre envolvidos nos projetos uns dos outros.
— Como vocês conseguiram contato com essa gravadora? — Pergunto, enquanto esperávamos o elevador pra subir para o estúdio.
— O Tito, nesse moods aleatório dele, acabou conhecendo o Papato e mostrou nossa música. O cara gostou e chamou a gente pra fazer um som. — Explica de forma simples, me fazendo concordar.
Entramos no elevador e abracei meu irmão na hora escutando a risadinha dele.
— Meu sonho era estar no dia que o elevador da faculdade parou com você dentro. — Ele comenta, me fazendo olhar séria para ele. Como o indivíduo pode me zoar por causa desse dia?
— Eu só não morri ali porque Deus não deixou. Foi um milagre. — Digo e ele solta uma risada.
As portas se abriram, nos dando acesso ao estudo da Papatunes. Os meninos estavam na recepção conversando com dois homens; um eu identifiquei ser o Papato e o outro, por mais que parecesse com ele, eu não fazia ideia de quem era.
— Achei que vocês fossem demorar mais... — Tito comenta zoando, mas eu sabia que no fundo era verdade.
— Culpa da sua amiga, que demora um século pra se arrumar. — Raul respondeu, sabendo que eles não iriam implicar. Dito e feito: eles nem ligaram.
— Então já que está todo mundo aqui, eu tenho uma notícia pra dar pra vocês. Um cara com quem eu trabalho gostou da música e quer gravar com vocês... Eu ia esperar ele chegar pra falar, mas, como podem ver, ele não é muito pontual... — Papato brinca, fazendo todos nós rirmos.
— Eu escutei cara! Desculpa a demora, galera. — Um moreno alto entra na sala, cumprimentando o pessoal.
O rosto dele é muito familiar. Eu o conheço de algum lugar, mas não sei de onde...
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De onde eu te vejo • L7nnon
FanfictionA cidade do Rio de Janeiro tem 1.200.000 km2 de área e uma população de mais de 6 milhões de pessoas. Se em cada bairro houverem cerca de 100 prédios e em cada prédio morar cerca de 50 pessoas, você consegue imaginar quantas histórias cabem em uma c...