03 • 🪟

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Karolina
Escritório da Spoonful - Rio de Janeiro; 24/02/2022.

Ajeitei meu blazer no espelho do elevador, mentalizando coisas boas para que meu cérebro apagasse a informação de que eu estava dentro daquela caixa de metal horrível sozinha. Sim, eu tenho pavor de elevadores.

Aquele lugar pequeno, abafado, todo fechado e suspenso por uma corda não me passa segurança alguma. Mas agora você me pergunta se eu tenho coragem de subir lances e lances de escada até chegar no meu andar? Claro que não! Meu sedentarismo não deixaria nunca eu subir até o último andar pelas escadas.

Parei de respirar por alguns segundos quando senti a caixa metálica parar e as portas se abrirem, revelando meu novo ambiente de trabalho: O escritório da Spoonful Rio de Janeiro.

"Eu quero, eu posso, eu consigo!"

Comecei a repetir esse mantra na minha mente enquanto caminhava até a sala do diretor geral da unidade e um filme passava na minha cabeça. Há pouco mais de um ano eu vim participar de um processo para estagiar aqui, nesse mesmo andar, e hoje estou entrando como coordenadora. Essa volta que o mundo deu conseguiu me deixar surpresa.

Assim que me aproximei da porta, George Campelo - o diretor geral - saiu sorridente da sala.

— O bom filho sempre volta pra casa! — Ele abriu os braços e eu me aproximo, me aconchegando nele. — Ainda não estou acreditando que consegui te trazer pra cá de novo. — Comenta sorridente, me fazendo sorrir.

— Pois acredite... Voltei pra ficar! — Digo e ele me abraça novamente.

— Vamos que eu vou te apresentar pro seu pessoal. — Concordo e sigo ele até o elevador. — Como você conseguiu subir de elevador sozinha? — Pergunta preocupado.

George era coordenador quando eu comecei a trabalhar aqui e já pegou muitos dos meus surtos aqui dentro. Ou seja, ele sabia bem do meu medo.

— Não me faça pergunta difícil... — Falo de olhos fechados, sentindo o elevador descer.

— Chega de show que já chegamos. — Sinto o elevador parar e vejo a porta abrir no 7° andar. — Fala galera! Se reúnam aqui, eu quero falar com vocês. — Ele pede.

O pessoal do andar se reuniu aqui perto. Alguns rostos eram conhecidos, de quando eles iam a São Paulo. Outros de pessoas que aparentavam ter no máximo 18 anos e outros de uma que nunca vi. George fez um discurso rápido me apresentando para a equipe e nisso lembrei de outro fato sobre mim: Não sei receber elogios!

Depois de ele ter lembrado que comecei aqui e de como consegui chegar à coordenadoria, senti minhas bochechas queimarem. O pessoal sorria me cumprimentando e depois de falar com quase todo mundo, George me levou até onde seria minha sala.

Mintira! — Choramingo vendo buquê de Jasmim em cima da mesa.

— Um agrado pra você não dizer que nunca fiz nada pra você. — Reviro os olhos e ele ri. — Lina, essa é a Gabriela. Ela vai ser sua secretária e te auxiliar com a equipe.

A ruiva entrou na sala ajeitando o óculos no rosto e eu acabo dando uma olhada rápida focando na camisa de anime e na wide leg que tampava o All Star.

— Prazer, pode me chamar de Gabi! — Ela estende a mão sorrindo.

— E você pode me chamar de Lina, nada de formalidade aqui! — Ela assente, sorrindo. — Vamos começar que eu sei que tem bastante coisa pendente. — Sento na cadeira, tirando minhas sandália e Gabi me olha estranho, enquanto o George ria.

De onde eu te vejo • L7nnonOnde histórias criam vida. Descubra agora