Capítulo 11

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Yamaguchi podia jurar que tudo havia sido um sonho, um maldito sonho para brincar com sua cabeça, acordou na cama sem ninguém ao seu lado, não havia absolutamente nada ali que comprovasse o que aconteceu na madruga anterior
Respirou fundo, é claro que não havia acontecido nada, Tsukishima tinha seus limites nunca faria nada assim por ele. Até agora não entendia o que estava fazendo na casa do loiro.
Sabia que no fundo provavelmente era por culpa, se Tsukishima não tivesse surtado um terço do que aconteceu ficaria somente na imaginação.
Sabia que o loiro conferia seu braço todo dia para ver se tinha melhorado, sabia que ele olhava sua perna e sempre que estava em uma posição estranha enquanto dormia sabia que Tsukishima arrumava ele para não se machucar mais ainda
As vezes de manhãzinha sentia o loiro mexendo no seu cabelo para ver o corte que tinha ficado em sua testa para ter certeza que não tinha aberto, fingia que não percebia nada disso, por que no fundo gostava de ter alguém se preocupando consigo.
Não soube muito bem como saiu da cama, como foi parar na sala ou como ficou brincando com um pote de cereal sem realmente comer ele.
Em algum momento Kei apareceu, riu consigo mesmo ao olhar para o loiro e pensar "aí você está Kei, finalmente você apereceu", mas se repreendeu, não deveria chamar o Tsuki de Kei, afinal o Tsuki é o Tsuki.
Assim como todos os dias que passou ali Tsukishima apareceu quando já tinha se virado para chegar na sala, odiava ser um peso morto então fazia o possível para se virar sem nenhuma ajuda, se caia dava um jeito de se levantar, no final sempre parava ali no sofá da sala esperando alguém aparecer.
Nas grandes mãos tinha um arranjo pequeno, era engraçado ver o contraste de tamanho, após analisar um pouco conseguiu perceber o que estava nas mãos do maior. Margaridas. Um monte delas, assim como no dia anterior, assim como o dia antes do anterior, assim como todos os dias que havia chegado ali.
Não suportava mais, esperava realmente que a madrugada anterior tenha sido um sonho, aí não se sentiria culpado por querer jogar as margaridas no chão e pisar em cima, mesmo que não conseguisse, em sua imaginação ele arrancaria aquelas flores das grandes mãos e jogaria no chão, pisando com tanta força que as margaridas começariam a falar implorando para parar, e pegaria tsukishima pela gola, gritaria com ele, perguntaria porque ele nao o mandou para casa. Porque fazia isso tudo, decidiria ele até ele dar uma resposta sincera, até dizer toda verdade, até admitir que odeia Yamaguchi, até chutar o menor para fora de casa para que finalmente morresse de fome, mas antes de ser colocado para fora de casa beijaria aqueles lábios finos com tanto gosto, para ser a última coisa que sentiu antes da vastidão da morte acolher ele em uma escuridão deplorável
Sua imaginação ia muito longe, então apenas respirou fundo, comeu uma colher do cereal que agora já estava com aquela textura estranha, pegou o controle e colocou em um canal que nem ele sabe qual era e encarou os olhos marrons vidrados em si.
— Tsuki! — deu um de seus piores sorrisos, fazia tempo que não era obrigado a sorrir de manhã e isso o incomodava — Margaridas!! — Fingiu surpresa — Eu amo margaridas! — ele começou a odiar margaridas após o terceiro vaso
—Tanto faz — O loiro parecia mais indiferente que o usual se é que isso era possível, não disse mais nada, mas ele desapareceu dentro da casa com as flores.
Agradeceu a deus, ele não acreditava em Deus, mas agradeceu e já aproveitou que estava conversando com o divino e pediu para que tudo acabasse bem rápido, o mais rápido possível, não sabia exatamente o que queria que acabasse, mas queria. 

Maybe You Can Stay - Tsukiyama (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora